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Jovens são presos acusados de estuprar garotas através do Discord

Carlos Nascimento, conhecido como ‘DPE’, estava foragido e era procurado por suspeita de estuprar duas adolescentes, de 13 e 16 anos. Ele se apresentou em uma delegacia.

Outros três suspeitos de fazerem parte da rede de abusadores, todos adultos, já tinham sido presos pelos policiais, na semana passada.
Vitor Hugo Souza Rocha, conhecido como “Verdadeiro Vitor”, 21 anos (detido no início de junho em Bauru, interior paulista): investigado por possuir pornografia infantil; Gabriel Barreto Vilares, conhecido como “Law”, 22 (preso também na sexta-feira passada na capital paulista): investigado por abuso sexual e ameaça; William Maza dos Santos, conhecido como “Joust”, 20 (detido na sexta-feira em São Paulo): investigado por abuso sexual e ameaça.

O caso de uma adolescente de Joinville estuprada por criminosos que atuam no aplicativo Discord é o centro de uma investigação nacional e repercutiu após reportagem no Fantástico ( Tv Globo), em abril desse ano.

A segunda parte da reportagem foi ao ar na noite do último domingo, 24. O repórter Estevan Muniz conversou com a joinvilense de 13 anos e a irmã da vítima.

A menina foi cooptada por integrantes deste grupo que dissemina ódio e violência na internet em agosto do ano passado. A pedido de um dos líderes do esquema, de 20 anos, ela viajou mais de 500 quilômetros com um carro de aplicativo de carona até São Paulo, onde, durante duas semanas, foi drogada, violentada e mutilada por diferentes agressores.

A irmã, que também é tutora da jovem, conta que ela deixou apenas um bilhete indicando que teria fugido para ficar com os amigos. O medo da mulher era de nunca mais ver a caçula.

“No início, só foram conversando com ela, falando que era amigo dela, que ela poderia ir pra lá, que seria muito legal e que não iria ter nenhum adulto enchendo o saco. Ele mandou um aplicativo de carona aqui, pra ela ir pra lá. No primeiro dia já forçou relações com ela. Depois disso, foram pra outra casa, chagando lá, doparam ela, e forçaram novamente relações” relatou a irmã ao Fantástico.

Nesta casa, a adolescente encontrou outras vítimas menores de idade. Uma delas, de Curitiba (PR), chegou a presenciar o estupro da joinvilense. A paranaense também foi estuprada e, inclusive, está grávida de um dos abusadores.

A irmã mais velha conta que registrou o desaparecimento na polícia e acompanhou os passos da menor pelas redes sociais e pelo próprio Discord, onde presenciou cenas que a deixaram ainda mais preocupada. A pedido da irmã, no entanto, a joinvilense voltou para casa.

O que é o Discord e como a polícia chegou aos criminosos

O Discord é um aplicativo que permite que pessoas se comuniquem em transmissões ao vivo de vídeos. Lá, os criminosos deste esquema chantageiam as vítimas para que cumpram desafios e, caso não os façam, têm fotos íntimas vazadas na internet.

Um dos abusadores já preso, chamado de Dexter, teve vários aparelhos de armazenamento apreendidos, e o material revela uma coleção cruel: “backup das vagabundas estupráveis”. Em cada pasta, o nome de uma vítima. São dezenas de meninas violadas, chantageadas, expostas, catalogadas.

Imagens

As imagens gravadas e espalhadas na rede mostram estupros acontecendo também de forma virtual, além de meninas agredidas e forçadas a gravar o nome dos criminosos na própria pele, com uso de lâminas e violência contra animais.

Na plataforma, os agressores evidenciam envolvimento com tráfico de drogas e fazem apologia ao nazismo, racismo e misoginia. Eles, que demonstram ter aversão a mulheres, se sentem protegidos pelo anonimato e se tornam cada vez mais cruéis.

A polícia chegou ao caso meses depois dos crimes após denúncias e vídeos enviados por ex-participantes do grupo e vítimas. Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo também investiga o próprio Discord.

“Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, afirma o promotor de Justiça de São Paulo Danilo Orlando.

O Discord é um aplcistivo de comunicação on-line que permite que os usuários conversem por meio de mensagens de texto, voz e vídeo.

A plataforma é popular entre os jogadores de games e também é usada por crianças e adolescentes, virou uma ferramenta de abusos e agressões.

POR: Rita Moraes
Publicado em 27/06/2023