“O cinema brasileiro está se tornando um elo importante para fortalecer trocas culturais”, diz Cassius Rosa
Durante abertura do 14º Festival Internacional de Cinema de Pequim, nesta quinta-feira (18), do qual o Brasil é convidado de honra, o secretário-Executivo adjunto do Ministério da Cultura (MinC), Cassius Rosa, celebrou a cooperação cultural entre Brasil e China, por meio do audiovisual brasileiro, e a expansão de intercâmbios internacionais no decorrer dos nove dias de evento, realizado entre 18 e 26 de abril.
“Para nós é uma grande honra sermos o país homenageado da 14ª Edição do Festival Internacional de Cinema de Pequim. Este ano marca os 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a China. Desde então, as trocas culturais e a cooperação entre os dois países continuaram a se aprofundar, com o cinema brasileiro se tornando um elo importante para fortalecer a amizade entre nossos povos e promover a troca cultural”, afirmou Cassius Rosa.
Por meio de um vídeo, já que cumpre agenda em Bogotá, na Colômbia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, agradeceu ao convite da República Popular da China para participar do Festival e lembrou que a cultura é capaz de aproximar projetos e ações das duas nações.
“A cultura é uma das áreas que permite realizar aproximações e projetos para uma agenda de fortalecimento das parcerias existentes e das parcerias que vamos construir no futuro. Hoje, o Brasil tem uma indústria cinematográfica potente e em ascensão, além de possuirmos uma forte indústria televisiva e um promissor mercado de jogos digitais e novas tecnologias. Para o Festival Internacional de Cinema de Pequim, estamos trazendo quatro filmes que retratam parte da nossa diversidade cultural e territorial. São filmes potentes, que dialogam com o nosso senso de humanidade e a nossa brasilidade”, comentou.
A China, desde 2009, se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, estabelecendo uma relação que vai além do âmbito bilateral. Ambos os países têm uma importante cooperação em diversos fóruns multilaterais e mecanismos, como BRICS, G20, OMC e BASIC (acordo entre Brasil, África do Sul, Índia e China na área ambiental). Além das relações comerciais, tem havido um crescente interesse por parte do Brasil na cultura chinesa.
O ministro Marco Antonio Nakata, diretor do Instituto Guimarães Rosa acrescenta que o cinquentenário das relações entre Brasil e China representa um momento oportuno para celebrar a importância da relação bilateral estratégica entre os países.
“A participação do Brasil como país homenageado de um dos principais festivais de cinema do mundo constitui simbólico marco inicial de um ano repleto de eventos culturais de relevo a serem realizados em cada país, aproximando nossas culturas e povos, e impulsionando a cooperação entre nossas economias criativas.”
Além dos filmes que compõem a programação, o Brasil participa do festival com uma delegação de cinco produtores e distribuidores de filmes brasileiros, além do premiado diretor Carlos Saldanha, que integra o júri do evento.
Além de Cassius Rosa, secretário-Executivo adjunto, a comitiva do MinC é composta por André Ricardo Araújo Virgens, coordenador-geral da Diretoria de Preservação e Difusão Audiovisual da Secretaria de Audiovisual (DPDA) e Daniela Santana Fernandes, diretoria de Preservação e Difusão Audiovisual (DPDA).
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Relação audiovisual Brasil-China
Em 2017, foi assinado o Acordo de Coprodução Cinematográfica Brasil-China. Já em 2023, durante a visita oficial à China do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, foi assinado o Acordo de Coprodução Televisiva. Os acordos garantem que as coproduções entre empresas brasileiras e chinesas recebam tratamento nacional em ambos os territórios, com acesso aos financiamentos públicos disponíveis em cada país, sendo consideradas produções nacionais nos respectivos mercados.
Um marco importante nessa relação foi a exibição do filme brasileiro “Nise – O Coração da Loucura”, dirigido por Roberto Berliner, em 600 salas de cinema na China, em 2017. Foi a primeira vez que um filme brasileiro foi distribuído comercialmente no país asiático, abrindo caminho para uma maior visibilidade do cinema brasileiro na China.
André Ricardo Araújo Virgens explica que o mercado chines se consolida como o maior mercado audiovisual do mundo, firmando a parceria estratégica entre Brasil-China.
“Até o fim do ano passado a China tinha 86 mil salas de cinema. O Brasil tem cerca de 3,5 mil. Então, os lançamentos audiovisuais no mercado chinês são muito representativos. Queremos lançar filmes brasileiros na China e criar mecanismos para que as obras chinesas também tenham uma difusão ampliada no Brasil. A participação do Brasil no Festival Internacional de Cinema de Pequim é um marco na retomada e construção de uma agenda de médio e longo prazo para o fortalecimento de relações culturais e negociais”, afirmou André.
No Brasil, a indústria cinematográfica teve início em 1896. Atualmente, o país produz cerca de 180 filmes de longa-metragem por ano, além de possuir uma forte indústria televisiva e um mercado promissor de jogos digitais e novas tecnologias.
FILMES BRASILEIROS
Na atual edição do Festival Internacional de Cinema de Pequim está reservada uma programação toda de filmes brasileiros. A Brazil’s Film Week (BFW), que terá início no dia 20 de abril (sábado), vai exibir obras brasileiras que tiveram forte reconhecimento internacional com diferentes temáticas, gêneros e linguagens e retratando diferentes regiões do Brasil.
Retratos Fantasmas (2023) – Será o filme de abertura da BFW. É um documentário, dirigido por Kleber Mendonça Filho, ambientado no centro do Recife (cidade localizada na região Nordeste do Brasil) durante o século XX. A obra trata do desenvolvimento urbano acelerado, a partir do ponto de vista da janela da casa do diretor, por onde morou por vários anos.
Marte Um (2022) – Dirigido pelo cineasta Gabriel Martins, conta a história de uma família no interior do estado de Minas Gerais, na região sudeste do Brasil, nos levando a refletir, com sensibilidade, sobre o poder do afeto nas relações humanas. E sobre o direito ao sonhar, mesmo em situações adversas.
Que horas Ela Volta (2015) – Da diretora Anna Muylaert, se passa na cidade de São Paulo, a maior do Brasil. E, a partir de uma mistura entre drama e comédia, apresenta reflexões sobre a estrutura social brasileira.
Uma História de Amor e Fúria (2013) – A animação do diretor e roteirista Luiz Bolognesi, segue um homem que, com quase 600 anos, vive vários momentos marcantes, quase sempre ao lado de sua grande paixão, Janaína. É um filme que fala da história do Brasil, mas também trata do futuro.
Festival
O Festival Internacional de Cinema de Pequim está sob gestão do Departamento de Cinema da Administração Nacional de Rádio e TV e pelo Departamento Municipal de Rádio, Cinema e Televisão de Pequim e foi fundado em 2011.
Nesta edição, mais de 100 atividades serão realizadas, incluindo a entrega do “Prêmio Tiantan”, cerimônias de abertura e encerramento e cerimônias no tapete vermelho, exibições em Beijing, “Fórum Temático de Planejamento de Beijing”, festival de cinema de estudantes universitários, cerimônia de encerramento e cerimônia de premiação.