Morre Vargas Llosa, prêmio Nobel e último gigante da geração dourada da literatura latino-americana

Morre Vargas Llosa, prêmio Nobel e último gigante da geração dourada da literatura latino-americana

O escritor peruano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, Mário Vargas Llosa morreu neste domingo em Lima, aos 89 anos, segundo informaram seus filhos em um comunicado.

Vargas Llosa foi autor de obras marcantes da literatura latino-americana, como “A Festa do Bode”, “Conversa no Catedral” e “A Guerra do Fim do Mundo”.


Vida e Carreira

Llosa dedicou sua vida com a disciplina de um operário, até alcançar o reconhecimento universal como autor — e também uma divisão de opiniões em torno de sua figura pública que não se via no Ocidente desde a época do filósofo Jean-Paul Sartre.

Talvez não seja totalmente coincidência: Sartre foi um de seus primeiros modelos (os colegas de juventude o chamavam de “o pequeno Sartre corajoso”) e, embora depois tenha criticado as ideias políticas do francês, até o fim foi um escritor engajado, comprometido com sua realidade, como pregava o famoso existencialista – Vargas Llosa chegou a ser candidato à presidência do Peru em 1990, mas perdeu para Alberto Fujimori.

Essa disciplina e compromisso o levaram a produzir uma obra de surpreendente abundância: 20 romances, um livro de contos, 10 peças de teatro, 14 livros de ensaio, dois de crônicas e um de memórias, além de múltiplas coletâneas de suas colunas e textos avulsos.

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa nasceu em 28 de março de 1936, em Arequipa, no sul do Peru.

E embora sempre a tenha apontado como seu lugar de origem (e é lá que, na casa colonial onde nasceu, repousa sua biblioteca), viveu nela apenas um ano.

Em 1937, seu avô Pedro J. Llosa decidiu mudar-se para Cochabamba, na Bolívia, para administrar uma fazenda de algodão. Lá, cercado por mulheres e pela autoridade benigna do avô, Vargas Llosa viveu aquilo que ele próprio descreveu como uma espécie de paraíso.

A queda na realidade viria nove anos depois, quando a família materna retornou para viver no Peru, desta vez na cidade de Piura, onde seu avô foi nomeado prefeito.

“Sua partida entristecerá seus parentes, amigos e leitores, mas esperamos que encontrem consolo, como nós, no fato de que ele teve uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa para trás uma obra que o sobreviverá”, disseram no comunicado os filhos do escritor, Álvaro, Gonzalo e Morgana.

“Agiremos nas próximas horas e dias de acordo com suas instruções. Não haverá nenhuma cerimônia pública. Nossa mãe, nossos filhos e nós mesmos esperamos ter o espaço e a privacidade para nos despedirmos em família e na companhia de amigos próximos. Seus restos mortais, como era sua vontade, serão cremados”, acrescentaram.


Cinco obras de destaque 

– A Cidade e os Cachorros (1963)

– Conversa no Catedral (1969)

– Tia Julia e o Escrevinhador (1977)

– A Guerra do Fim do Mundo (1981)

– A Festa do Bode (2000)

 


Fama internacional

Alcançou fama internacional na década de 1960 com romances como La Ciudad e Los Perus, A Casa Verde, e a monumental Conversa na Catedral (Conversación en la catedral). Ele escrevia prolificamente em uma grande variedade de gêneros literários, incluindo crítica literária e o jornalismo. Seus romances incluem comédias, mistérios de assassinato, romances históricos e thrillers políticos. Vários de seus livros, como Lá Tia Júlia e o Escritor, foram adaptados como longas-metragens.

Em 2010, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, com a Academia explicando que a honra lhe era concedida “por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual”.

Morou na Europa por muitos anos e, em 2011, ganhou o título nobiliárquico de Marquês na Espanha, onde residiu desde meados dos anos 2000.

Prêmios

Ao longo de sua carreira, Mario Vargas Llosa recebeu inúmeros prêmios e condecorações, destacando-se o Prêmio Rómulo Gallegos (1967) e o Prêmio Cervantes (1994). Também recebeu o Prêmio Nacional de Novela do Peru em 1967, por seu romance A Casa Verde, o Prêmio Príncipe das Astúrias, Prêmio de Letras da Espanha (1986) e o Prêmio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993, obteve o Prêmio Planeta por seu romance Lituma nos Andes. Um marco na sua carreira literária foi o Prêmio Biblioteca Breve, que lhe foi concedido por Batismo de Fogo em 1963, assinalando o início de sua brilhante carreira literária internacional.

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