Luto na psicanálise! Morre Contardo Calligaris

Luto na psicanálise! Morre Contardo Calligaris

Morreu nesta terça, 30 de março, um dos mais conceituados psicanalista do país. Contardo Calligaris tinha 72, e faleceu vítima de câncer. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, há algum tempo. A família decidiu desligar os aparelhos, e segundo o seu filho, o cineasta Maximiliano Calligaris, o pai disse ao saber da proximidade de sua morte: “espero estar à altura”.

Italiano de nascimento, Calligaris escrevia para o jornal Folha de São desde 1999, onde falava sobre psicanálise, livros, filmes e teatro. Seu último artigo foi publicado dia 17 de fevereiro deste ano. Ao vir para o Brasil em 1980, para lançar o livro “Hipótese sobre o fantasma, se encantou pelo país e acabou fixando residência em São Paulo, mas estava sempre em viagens pelo mundo lançando livros ou fazendo palestras.

Um dos temas mais estudados por Contardo foi a sexualidade e, por conta disso acabou se interessando do pelo submundo sexual da capital paulista. Dizia aos amigos, que não ficava um dia sem sexo. Sua obra era marcada pela constante reflexão sobre a existência, especialmente sobre a felicidade, sexo, sexualidade, sentido da vida, e angustias contemporâneas. 

Frases

“O sentido da vida é a própria vida. Isso pode parecer uma total trivialidade – mas, para a maioria das pessoas, é um escândalo. Mas pouquíssimas pessoas conseguem viver pensando que o sentido da vida está na vida e, vou dizer mais, é a própria vida”.

“Se você encontrar alguém disposto a caminhar na chuva do seu lado, não fuja, molhe-se..”

“Não existem pequenos problemas

“O diálogo que leva ao amor dá a cada um a vontade de se arriscar, não surge da sedução e do charme, mas da coragem de se apresentar por nossas falhas, feridas e perdas”

Ser alegre é gostar de viver mesmo quando as coisas não dão certo ou quando a vida nos castiga.

Em regra, a culpa não produz ação, mas descarrego. Funciona da seguinte maneira: somos autorizados a fazer pouco ou nada para que a situação mude porque o sofrimento de nossa consciência nos absolve”

“A filosofia do contente, é uma armadilha de consumo. A existência tem amplitude, que inclui : medos, perdas, dores”

“O amor ideal precisa de distância”

“Podemos ter visões e convicções diferentes mas as diferenças tornam as discussões mais proveitosas. Devemos aproveitar as discordâncias.
O intento do debate é articular a complexidade dos fatos e das escolhas possíveis”

“Não quero ser feliz. Quero é ter uma vida interessante.”

Principais livros

Cartas a um jovem terapeuta, Hello Brasil e outros ensaios, O conto do Amor e A Mulher de Vermelho é Branco, entre outros 11 lançados. 

Biografia 

Se formou em Epistemologia Genética, na Suíça, numa faculdade em que Jean Piaget palestrava. Nesse momento, os estudos de Calligaris foram direcionados às ciências sociais. Ao mesmo tempo, fez graduação em Letras que o permitiu ensinar teoria da literatura.

Mais tarde, em Paris, se dedicou ao doutorado em Semiologia,  com Roland Barthes. Nesse momento, começou a fazer análise (como paciente), o que, a princípio, não tinha relação com sua formação. A partir dessa experiência passou a interessar-se por Psicologia.

Tornou-se membro da Escola Freudiana de Paris em 1975. Durante esse período, frequentava as apresentações de casos de pacientes feitas por Jacques Lacan.  

Doutor em Psicologia pela Universidade de Provença (França)  onde defendeu a tese “A Paixão de Ser Instrumento”, estudo sobre a personalidade burocrática. Professor de Antropologia na Universidade de Califórnia Berkeley (EUA), e de Estudos culturais na The New School m Nova Iorque.

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