ConexãoIn


Artigo: “Trabalho, um mercado em ebulição”

 

 

O mercado de trabalho nunca foi tão impactado por tantas mudanças como as que vêm acontecendo nos últimos anos. Os fatores são diversos e vão desde questões geopolíticas e econômicas, passando por sustentabilidade, geração Z até a tecnologia. Aspectos que levariam um período longo para impactar o ambiente corporativo agora estão causando mudanças nas carreiras em curtíssimo tempo. E quem não acompanhar essas oportunidades ficarão de fora.

No topo do ranking dos principais aspectos de impacto no mercado de trabalho está a tecnologia. Ela possibilitou que funcionários pudessem trabalhar de casa no momento de isolamento forçado para evitar a disseminação do coronavírus. De lá para cá, com a situação epidêmica controlada, o formato híbrido vem ganhando força nas empresas.

Ainda na esteira da tecnologia, a corrida por talentos de inteligência artificial e carreiras similares é uma realidade e uma preocupação das empresas que querem se manter competitivas no processo de transformação digital. O mesmo acontece na área de ESG (sigla para meio ambiente, social e governança). O profissional de sustentabilidade que atua nessa área vem sendo também disputado pelo mercado. Contraditoriamente, os últimos meses foi marcado por demissões em massa feita por companhias como o Google, por exemplo. Não podemos deixar de falar aqui do receio dos trabalhadores de serem substituídos por máquinas em função do uso da inteligência artificial.

Enquanto isso, a geração Z continua sendo um grupo considerado importante para as empresas, justamente, pela afeição que eles têm pela tecnologia. Mas os departamentos de recursos humanos ainda estão buscando se adaptar às aspirações desses profissionais que não têm a ver com as mais tradicionais. Os talentos mais jovens mostraram que preferem trabalhar por projetos, ter horário flexível e não pensam em cargos de liderança. Pesquisaram apontaram que eles também costumam levar os pais às entrevistas de emprego e gravam a própria demissão. Isso fez as organizações repensarem formatos de seleção e planos de carreira.

Para este ano, as novidades são ainda maiores. Temos vistos empresas como a Bayer buscando implantar um modelo de autogestão com menos chefes e menos regras em que os funcionários têm um cheque em branco para decidir sobre a realização de projetos. Pensando no bem-estar dos funcionários, outras organizações já começaram a implementar a jornada semanal de quatro dias, modelo até então inédito no Brasil.

A boa notícia é que com as datas comemorativas como Dia das Mães e dos Namorados se aproximando, a movimentação no comércio aumentará e, consequentemente, o mercado de trabalho será impactado diretamente com isso. Segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário, cerca de 500 mil vagas temporárias devem ser criadas no segundo trimestre deste ano. Essas oportunidades antecipam o que vai acontecer na economia de forma geral.

Com tantas formas de digitalização, o diferencial do profissional estará nos aspectos de humanização que serão cada vez mais necessários. Comunicação, criatividade, raciocínio lógico, liderança, tolerância ao estresse e inteligência emocional são algumas das habilidades mais valorizadas. Já por parte das empresas, o cuidado com a saúde mental do trabalhador, a criação de cargos como chefe da felicidade e a implementação da demissão humanizada serão aspectos importantes assim com o incentivo ao aumento da diversidade e da liderança feminina. Tudo indica que este ano ainda teremos um mercado de trabalho em ebulição, ainda muito impactado pela tecnologia, pela economia local e até por fatores globais. O desafio do profissional é tentar acompanhar esses acontecimentos, mesmo de longe, se manter atualizado e focar na resiliência.

 

* Bruno Martins é CEO da Trilha Carreira Interativa.

POR: Rita Moraes
Publicado em 02/05/2024