Filhote de baleia Orca encalha no litoral baiano e é sacrificada

Filhote de baleia Orca encalha no litoral baiano e é sacrificada

Um fato causou surpresa e espanto para os surfistas que pegam onda na praia de Scarrif, litoral da Bahia, na manhã de sábado, 1 de agosto. Um filhote de Orca, nome científico Orcinus orca apareceu encalhado na areia. Foram mobilizados equipes de veterinários e biólogos do Instituto Mamíferos Aquáticao e do Instituto Baleia Jubarte na tentativa de devolvê~la ao mar. Após muitas tentativas frustradas constatou-se a morte do mamífero.

Socorro

Segundo a equipe que prestou o socorro a Orca, ela media 3,7m, estava severamente debilitada, pouco responsiva e em estado nutricional ruim, expelindo odor pútrido na expiração e episódios de vômito, indicando um indivíduo com quadro patológico. Não havia como salvá-la, pois já não apresentava condições de sobrevivência no ambiente natural sem o devido tratamento. Mesmo assim, os veterinários decidiram remover o animal da praia para uma piscina, por conta das condições ruins do mar, para que o mesmo recebesse suporte médico e realização de exames para diagnóstico e posterior soltura. O Instituto do Meio Ambiente (INEMA-BA) e da Secretaria do Meio Ambiente de Camaçari disponibilizaram todo maquinário para o procedimento. Infelizmente a complexa operação de remoção não foi efetivada pela condição geográfica do local de encalhe e a subida da maré.

A orca foi medicada no local, recebeu fluidos, e passou a madrugada sendo monitorada, sendo arrastada pela maré sem tentativa de reação, rolando diversas vezes sobre o próprio eixo, até o re-encalhe a manhã, de domingo, 02, possibilitando acesso da equipe para re-avaliação. No local, os veterinários concluíram que o animal já estava em sofrimento prolongado, além de detectarem luxação de nadadeira peitoral, inviabilizando uma soltura e piorando o prognóstico.

“Diante da situação, entendemos que, apesar da equipe não ter medido esforços para a recuperação desse indivíduo, alcançar o sucesso da operação se tornou uma questão de ego e resposta ao público, que colocava de lado o bem-estar animal. A fim de abreviar o seu sofrimento, optamos pela eutanásia humanitária, que foi realizada de forma ética e indolor, através da administração endovenosa de anestésicos.

Após o triste fim da filhote Orca, sua carcaça será removida do local para realização de necropsia investigativa, visando identificar a causa do encalhe e contribuir para a conservação da espécie, que mantém o seu status de conservação em “Dados Insuficientes”.

Bahia tem maior número de baleias encalhadas da costa brasileira

De acordo com informações da Instituto Baleia Jubarte, só este ano, 77 baleias ficaram encalhadas na costa brasileira e a Bahia lidera o ranking, concentrando 29 das ocorrências. No ano passado inteiro foram 78 encalhes em todo o país. Desde que o instituto iniciou o monitoramento, em 2002, só em três anos que a Bahia não concentrou o maior número de ocorrências. “É que o banco de Abrolhos, que se estende do Sul da Bahia ao norte do Espírito Santo, é uma área que concentra o maior número de baleias da costa brasileira”, informou o coordenador de Pesquisa do Instituto Baleia Jubarte, Milton Marcondes. Além disso, a Bahia possui o maior litoral dentre os estados brasileiros, com quase mil quilômetros de extensão. Dados do instituto apontam que em 2015, 17 mil baleias vieram para o Brasil e, desse total, entre 80% e 85% delas se concentram na Bahia e no Espírito Santo. O que as atrai para os bancos de Abrolhos, segundo Marcondes, são as águas rasas, com uma boa temperatura e com bastante bancos de corais. “Elas vem para ter filhotes aqui e as condições que encontram são ideais”, explica o pesquisador.

Porque as baleis encalham?

Existem várias hipóteses para explicar essas verdadeiras tragédias ecológicas, que vitimam muitas baleias e golfinhos todos os anos. As causas vão desde problemas fisiológicos nos próprios animais, que vitimam muitas baleias e golfinhos todos os anos. As causas vão desde problemas fisiológicos nos próprios animais, que podem prejudicar seu senso de orientação, até interferência causada pelo meio ambiente, como mostra tabela no final do texto.

“Em espécies gregárias (que vivem em bandos), como golfinhos, botos, baleias-piloto e cachalotes, classificados como odontocetos (com dentes), o encalhe de um animal doente ou desorientado pode levar o grupo todo a encalhar junto, já que esses indivíduos não são abandonados por seus pares. No caso da baleia de barbatana, cientificamente classificadas como misticetos, como a Jubarte e Franca, os encalhes geralmente acontecem com animais solitários, já debilitados com alguma doença”, afirma o ambientalista e escritos José Truda Palazzo Jr, coordenador no Brasil do Projeto Baleia Franca, que bisca proteger uma das espécies de baleias mais ameaçada de extinção no planeta.

Enquanto alguns indivíduos dos grandes grupos de odontocetos que encalham podem ser salvos – em operações de resgate coordenadas por especialistas -, no caso dos misticetos esses esforços raramente surtem efeito. ” O animal socorrido geralmente volta a encalhar  e acaba morrendo de desidratação ou sufocamento sobre o próprio peso”, diz José Truda.

Encalhe de grupo de baleias ocorrido na Argentina (raro)

O maior encalhe de baleias de uma mesma espécie ocorreu em 1946, quando 835 orcas foram encontradas nas praias do Mar del Plata, na Argentina (veja foto). As causas do encalhe nunca foram determinadas, segundo informações da Live Science. Os cientistas têm diversas teorias para explicar por que algumas baleias, que por natureza são peritas navegadoras, acabam parando em águas rasas em casos que até parecem intencionais.

Individualmente, as baleias podem encalhar por uma série de razões, que incluem lesões causadas por predadores ou pescadores, infecções ou doenças parasitárias, idade avançada e até mesmo mutações genéticas. Além disso, alguns pesquisadores e ambientalistas argumentam que pulsos sonares emitidos por submarinos podem assustar e desorientar algumas espécies de baleias, que acabam buscando segurança em águas rasas.

No entanto, a razão por trás do encalhe de grupos já são mais misteriosas, de acordo com o biólogo marinho, Scott Baker, professor do Instituto de Mamíferos Marinhos da Oregon State University, nos EUA. “A causa de um encalhe de grupo é muitas das vezes difícil de se determinar porque é difícil de estudar o comportamento das baleias no momento ‘pré-encalhe’”, disse. Uma das hipóteses sugere que isso ocorre acidentalmente, mais precisamente quando elas tentam ajudar uma baleia que já está encalhada e enviando pedidos de socorro. No entanto, porque as baleias estão presas e em péssimas condições durante o salvamento, é difícil determinar se ela originalmente estava em perigo.

Acredita-se que deficiências nutricionais, desorientação e fraqueza provocada pela falta de comida possam conduzi-las a águas mais rasas. Há também, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos EUA, a ideia de que o mau tempo, poluição que causa o derramamento de toxinas na água e até mesmo algas microscópicas que afetam a cadeia alimentar marinha, sejam potenciais responsáveis.

Outra teoria é baseada nos laços sociais e de parentesco de um grupo. A maioria das espécies de baleia viajam em grupos como uma estratégia de sobrevivência, com as baleias dominantes liderando o grupo. Logo, uma dessas líderes se tornam confusas ou ficam doentes, isso pode afetar a rota das seguidoras, que podem acabar encalhadas juntas pertos das costas e ficarem presas por causa das marés baixas. Contudo, de acordo com Baker, “há muitas razões para encalhes de grupos, mas ainda nenhum acordo”.

Tabela dos motivos para o encalhe de baleias e golfinhos

Individuais e Ambientais 

  1. Fuga de predadores
  2. Perseguição a presas perto da encosta
  3. Doenças diversas
  4. Interferência geomagnética, que provoca erros de navegação
  5. Condições dos mares e relevos complexas
  6. Condições metereológicas adiversas

Fonte: Centro de Estudos sobre Encalhes de Mamíferos Marinhos (CEEMAM)

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