Bolsonaro diz temer busca e apreensão contra familiares por compra de imóveis em dinheiro vivo. Escaândalo fez Presidente despencar 3 pontos na intençao de votos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 6, que as denúncias sobre a compra de imóveis com dineiro vivo por seus familiares “não têm base” e foram feitas para prejudicá-lo eleitoralmente. Repetindo o argumento dado dias atrás por um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL), o chefe do Executivo se defendeu dizendo que consta nas escrituras o termo “pago em moeda corrente”, que, segundo ele, não necessariamente significa cédulas de dinheiro vivo.
“Foi uma covardia soltar isso a um mês das eleições. Como não tem nada contra mim, ficam ao redor dos meus familiares”, afirmou, em entrevista à Jovem Pan. “Moeda corrente não é dinheiro vivo”, argumentou. Ele voltou a dizer que não há corrupção em seu governo.
Escrituras de compra e venda de imóveis por membros da família Bolsonaro, obtidas pelo Estadão, trazem a expressão “moeda corrente do País contada e achada certa”. Essa expressão, segundo funcionários de cartórios, significa pagamento em dinheiro vivo. A prática não é ilegal, mas é vista com desconfiança por órgãos de controle e investigação, como o Ministério Público.
“A matéria fala em 12 parentes, minha mãe que já faleceu, um ex-cunhado… a pergunta que eu faço: qual o relacionamento que eu tenho com essas pessoas? O que eu tenho que responder por elas?”, questionou o presidente. O caso foi revelado originalmente pelo site de noticias UOL, que identificou a compra com dinheiro vivo de metade dos imóveis da família.
O presidente disse temer que a Polícia Federal deflagre uma operação de busca e apreensão na casa de seus familiares para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro. Ele usou como exemplo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF contra empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado em conversa no WhatsApp. “Tenho quase certeza que vão fazer busca e apreensão na casa de parentes meus para dar aquele ar de ‘olha, a família de corruptos'”, afirmou.
Entenda o caso
A reportagem do UOL, publicada em 30 de agosto, baseia-se em 1.105 páginas de 270 documentos relacionados às transações imobiliárias realizadas por integrantes do clã desde os anos 1990. O trabalho de apuração foi feito em sete meses.
Com as cópias das escrituras, os locais dos imóveis foram visitados e conversou com os vendedores. A reportagem confirmou com oficiais de cartórios a padronização da “compra em moeda corrente” para se referir a vendas realizadas em espécie, mencionadas de forma distinta às vendas realizadas por meio de cheque ou transferência bancária que aparecem especificadas em várias outras compras. Nas transações de maior valor, confirmou com os próprios vendedores o uso de dinheiro em espécie na compra de imóveis.
Nas transações de maior valor, confirmou com os próprios vendedores o uso de dinheiro em espécie na compra de imóveis.
De 1990 até 2022, o presidente, sua mãe, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes da família em documentos públicos consultados pelo site. Ao menos 25 imóveis adquiridos por integrantes do clã Bolsonaro desde 2003 foram objeto de investigação do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal. Entre essas propriedades encontram-se a casa do presidente no condomínio Vivendas da Barra, no Rio, e a mansão comprada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Brasília.
Ex-mulher comprou 14 imóveis, parte deles em dinheiro vivo, enquanto foi casada com Bolsonaro
Uma vez vivendo a nova união com Jair Messias Bolsonaro, à época Deputado Federal, ela se transformou em uma ávida negociadora imobiliária, como revela um levantamento de ÉPOCA feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília. Do final de 1997, quando se envolveu com o então deputado federal, até 2008, momento do ruidoso rompimento, Ana Cristina comprou, com Jair, 14 apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado em cerca de R$ 3 milhões na data da separação — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.
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