Museu das Favelas anuncia programação especial durante o mês de março

Museu das Favelas anuncia programação especial durante o mês de março

O Museu das Favelas, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, acaba de anunciar a sua programação gratuita para o mês de março.

Protagonizada por mulheres, a agenda abre no sábado, dia 11/03, às 14h, com o lançamento dos livros “Úrsula” (Maria Firmino dos Reis, Estação Povoar), “Onde estaes Felicidade?” (Carolina Maria de Jesus, Me Parió Revoluções) e “Punhais e Bolinhos de chuva” (Evania Vieira, Selin Trovoar). Sob o título “Povoando Papéis – Desde quando Periferias fazem livros? Como as pessoas periféricas publicam? Qual o público, preço e prazo de validade desses livros?”, os convidados Evania Vieira, Dinha, Nivaldo Brito e Vera Eunice, com mediação de Bruno Almeida, debatem os problemas, contextos e conquistas do fazer literário nas quebradas. As obras são o norte para onde as discussões apontam: escritos por mulheres negras em momentos e contextos históricos diferentes, eles revelam paralelismos constitutivos da vida social e urbana brasileira. Essa ação é uma collab do CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca com a editora Estação Povoar.

Em 18/03, às 15h, o “Favela Projeta” exibirá  “O Papel e o Mar”, seguido de performance artística e palestra com Dirce Thomaz, atriz e protagonista do filme sobre a grandiosa Carolina Maria de Jesus, responsável, entre outros, pelo best-seller Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. A ação chega para lembrar a história e a obra da escritora que completaria 109 anos no dia 14/03.

No dia 25/03, às 11h, no Auditório Estouro, a Unilever apresenta o projeto “Mulheres – Raça, Classe e Negócios”, um ciclo de palestras que acontece até maio, e que convida mulheres potentes para falas inspiradoras. Nesta edição de estreia, Rachel Maia, uma das maiores executivas do país, é a primeira convidada deste espaço de troca. Cria da Cidade Dutra, zona sul de São Paulo, Rachel é uma das maiores executivas do país. Já atuou como CEO e conselheira em companhias como Tiffany & Co, Novartis, Pandora e Lacoste. Durante a sua apresentação, falará sobre as batalhas vividas por uma mulher que se propõe a ocupar um espaço majoritariamente masculino: CEO de uma multinacional. Essa é uma iniciativa do CORRE – Centro de Formação, Trabalho, Renda e Empreendedorismo do Museu das Favelas.

Ainda ao longo do mês de março, o Museu também organiza as visitas temáticas “Favela: substantivo feminino”, sobre a história de mulheres importantes para as favelas brasileiras, além de manter em cartaz as exposições “Favela-Raiz” e “Identidade Preta”.

“Favela-Raiz” surge com uma ocupação manifesto composta em cinco partes – três internas e duas externas -, é um símbolo de saudação às tradições, à ancestralidade, à maternidade, aos abrigos materiais e afetivos que envolvem os habitantes da favela e tudo o que ali foi semeado colhido.

“Identidade Preta” celebra os 20 anos do Festival Feira Preta, o maior evento de cultura negra da América Latina, trazendo de modo lúdico o histórico da evolução da feira, apresentando ao público os marcos revolucionários para a população preta a partir de seus espaços. A exposição compõem os eixos conceituais da exposição em uma linha de tempo, situando os acontecimentos relacionados com a feira ao longo dos anos; um espaço expositivo que remete a um baile e tem o intuito de aproximar o público do caráter festivo que sempre permeou o festival da feira; a simulação de um brechó, fazendo forte referência ao empreendedorismo da mulher preta e à atmosfera do close e um trono, remetendo à realeza das  pessoas pretas, e também possibilitando que o público visitante possa perceber sua realeza e imponência, participando desse espaço de maneira imersiva. A curadoria é assinada por Adriana Barbosa e José Nabor.

Localizado no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas funciona gratuitamente de terça a domingo, das 9 às 17h (com permanência até as 18h). Para visita com grupos de mais de 10 pessoas, é recomendado o agendamento pelo site.

Serviço

Março: mês das mulheres no Museu das Favelas

Lançamentos de livros + Povoando Papéis

Data: 11/03

Horário: 14 às 16h

Local: Auditório Estouro (lotação: 50 pessoas)

Classificação livre

Favela Projeta

Data: 18/03

Horário: 14 às 16h30

Local: Auditório Estouro  (lotação: 50 pessoas)

Classificação livre

Mulheres – Raça, Classe e Negócios

Data: 25/03

Horário: 14 às 15h30

Local: Auditório Estouro (lotação: 50 pessoas)

Classificação livre

As inscrições deverão ser realizadas no site, antecipadamente.

SOBRE MUSEU DAS FAVELAS

Aberto oficialmente desde o dia 25/11/2022, o Museu das Favelas é um equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, sediado no Palácio dos Campos Elíseos, no centro da capital. Gerido pela organização social de cultura IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, o Museu, que nasce de um processo colaborativo com pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, oferece uma ampla programação gratuita e voltada para todos os públicos, em especial, de favelas, periferias, ocupações e outros territórios nacionais, potencializando suas vozes, lutas e memórias. O Museu conta com o patrocínio da Unilever e Grupo CCR, apoio da Sabesp, cooperação da Unesco e parceria institucional da CUFA – Central Única de Favelas.
O Palácio dos Campos Elíseos (antigo Palacete Elias Chaves), situado na Avenida Rio Branco, foi projetado pelo arquiteto alemão Matheus Häusler, com construção iniciada em 1890 e finalizada em 1899 para ser a residência do cafeicultor e político Elias Antônio Pacheco e Chaves e sua família. O imóvel, dividido em quatro pavimentos, com uma área construída de aproximadamente 4.000 m², foi inspirado no Castelo de Écouen, na França. Em 1911, o palacete foi comprado pelo Governo de São Paulo, tornando-se residência oficial dos governadores. Após uma reforma de ampliação, em 1935 torna-se oficialmente Palácio de Governo até 1965, quando houve a transferência para o atual Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Durante os anos de 1967 e 1972, ficou fechado para restauro por causa de um incêndio que destruiu parte do edifício. O palácio foi tombado no ano de 1977 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), sendo sede administrativa de diferentes secretarias e órgãos do governo até 2006, quando foi fechado novamente para seu segundo restauro. O Centro de Referência em Inovação do SEBRAE foi a última instituição que ocupou o prédio (2017-2019) antes do Museu das Favelas.

O Museu das Favelas, ao ocupar o Palácio dos Campos Elíseos, símbolo de uma estrutura de poder segregacionista, anuncia esse novo momento em que vozes e pensamentos que são invisibilizados reivindicam o lugar que lhes é cabido na história e na cultura brasileira. Além de proporcionar mobilidade e acessibilidade de forma interconectada com demais regiões de São Paulo e outras cidades e estados, é simbólico, então, ter o equipamento cultural instalado neste antigo ícone da riqueza e do luxo para uma São Paulo “moderna”, em um projeto de “bairro modelo”. O museu não pretende apenas ocupar, mas ser ocupado. Assim, a instalação do Museu questiona, critica, tensiona os discursos, significados, narrativas, sentidos e símbolos prepostos, por meio da novamente destacada ocupação, reatualização e reconfiguração dos usos. Aqui – e não só – se faz  urgente  que outras narrativas e discursos possam tomar novo sentido. Além disso, tendo em vista o histórico de ocupação da região central da cidade, é estratégica a localização para que se possa fortalecer laços com grupos sociais que resistem para permanecer no local.

O Museu das Favelas tem como premissa máxima um trabalho de reparação social, por meio do protagonismo das pessoas de favela na gestão, na contratação de fornecedores, na criação de rupturas de narrativas, partindo da construção coletiva e compartilhada a ser constituída por meio do relacionamento com a vizinhança, do mapeamento constante de iniciativas que geram impacto social, cultural, econômico nas favelas, escuta ativa e visitas periódicas a espaços e organizações das favelas de São Paulo e do Brasil.

Parte de um local de pluralidade e diversidade de narrativas, que surge com a proposta de ser um ponto de encontro, de passagem, de acolhimento, um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação de memórias e histórias das favelas brasileiras. Ele constrói uma visão expandida que inclui também as vivências que partem de periferias, ocupações, assentamentos, regiões quilombolas, ribeirinhas, entre outras; espaços distintos, mas que compartilham histórias de segregação e resistência.

Trata-se de uma instituição que parte do passado, perfazendo o presente para contribuir com novos caminhos para o futuro, partindo do princípio de que os caminhos para mudança precisam passar pelas favelas, por suas manifestações culturais e pela potência dos que ali resistem, inovam e criam. E desta forma, busca ampliar o olhar, para além de uma imagem cristalizada do que é a favela e, também, do que é um museu.

Diante disso, o Museu das Favelas dedica seus esforços à oferecer ao público um espaço de convivência, produção e acolhimento, abertos à proposição de grupos e coletivos das favelas, além de um potente programa de exposições e programação cultural, ações educativas, CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca das Favelas e CORRE – Centro de Formação, Trabalho, Renda e Empreendedorismo.

Ao longo do ano de 2023, o visitante poderá conhecer e participar de atividades no jardim, e nas salas do piso térreo e inferior,  enquanto os pavimentos superiores são preparados para receber a futura exposição de longa duração e outras instalações.

A programação é gratuita, com funcionamento de terça a domingo, das 9 às 18hs. O Museu das Favelas está localizado no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, ao lado do Terminal de Ônibus Princesa Isabel. O acesso principal ocorre pelo portão na Rua Guaianases, nº 1024, mas é possível entrar também pela na Avenida Rio Branco, nº 1269. Não há estacionamento no local.

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