“Vir a Ser”: canção de Fernando Grecco reflete sobre o devir
Fernando Grecco lança o clipe de “Vir a Ser”. A faixa lembra a célebre formulação de Heráclito: “Tudo flui, nada permanece”.
Fernando Grecco é compositor, cantor, violonista e idealizador do selo Borandá. Lançou em novembro deste ano o álbum “Vir a Ser”. O repertório é composto por estilos e ritmos que vão da bossa nova ao rap, passando pelo jazz, frevo e ritmos afro-brasileiros. A música que dá título ao álbum reflete a impermanência das coisas, seu eterno devir. “Em março, quando fiz um esboço da canção, eu a batizei previamente de “Heráclito”. Ele é um filósofo pré-socrático que tinha alguns pensamentos sobre o dinamismo da mudança na vida, em que tudo é movimento. Inclusive, é dele a imagem de que nunca atravessamos um mesmo rio duas vezes, porque, ao atravessar pela segunda vez, já não somos o mesmo e as águas também são outras”. Letra e música são de autoria de Fernando, que se inspirou na melodia de “As Time Goes By”, do filme “… E o Vento Levou”, e “Blackstar”, do último álbum de David Bowie. A faixa, assim como todo o disco, é co-produzido por Alê Siqueira e conta com Sérgio Reze (bateria), Felipe Roseno (percussão), Fred Heliodoro (baixo) e Louise Wooley (piano rhodes).
O videoclipe teve como ponto de partida o ensaio fotográfico da capa do disco, feito por Tarita de Souza. Chrys Galante, que assina outros 5 clipes do álbum, trabalha aqui com efeitos de movimento – como rastros de imagem, caleidoscópios, imagens aceleradas – e luzes coloridas.
“Na sociedade moderna, somos sempre incentivados a nos definir, como se fôssemos imutáveis: “ah, eu sou assim”. Como se uma função profissional ou uma formação pudesse nos definir enquanto pessoas: “sou engenheiro”, “sou produtor musical”, etc. E mesmo as crianças são incentivadas a isso com a pergunta “o que você quer ser quando crescer?”, como se isso fosse importante, ainda mais no início de nossas vidas. A verdade é que tanto fisicamente como emocionalmente, estamos em constante mutação. Esta canção é para me lembrar (e espero que também aos ouvintes) que a vida acontece no agora, no hoje, e temos pouco ou nenhum controle sobre aonde a vida nos levará. Mesmo com planos bem elaborados e executados, com objetivos claros e definidos, via de regra estamos sempre nos tornando algo, ou alguém diferente, e é esse movimento, por mais assustador que possa ser (pois pressupõe uma responsabilidade pelas nossas escolhas) é o que nos motiva a continuar seguindo”.
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