Lideranças negras no mundo corporativo: os desafios, avanços e perspectivas no Mês da Consciência Negra
No mês de novembro, dedicado à Consciência Negra, é fundamental refletir sobre a presença e a ascensão de líderes negros no mercado de trabalho brasileiro. Os números no país apontam a crescente necessidade de discussões acerca da diversidade, equidade e inclusão nas posições de liderança.
Dados recentes demonstram que a representatividade de líderes negros no mercado de trabalho brasileiro ainda é desproporcional em relação à composição da população. Cerca de 56% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos, enquanto apenas uma pequena parcela ocupa as posições de C-Level, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Deives Rezende Filho, um homem negro de mais de 60 anos, especialista em ética, diversidade, equidade e inclusão, e CEO da Condurú Consultoria, acredita que a crescente conscientização sobre a importância de DE&I trouxe resultados positivos nos últimos anos. “Empresas têm promovido ações afirmativas e programas de inclusão, criando um ambiente mais acolhedor e equitativo para as pessoas negras. Porém, ainda existem obstáculos que precisam ser superados, como preconceitos velados e barreiras sistêmicas”, destaca.
Para Carlos Magno do Nascimento, sócio-fundador da C3 TV (Climate Change Channel), primeiro canal de TV por assinatura dedicado exclusivamente às mudanças climáticas, subir de cargo como profissional negro no Brasil pode ser uma jornada desafiadora. “É necessário superar estereótipos e demonstrar competência de forma constante. Ainda vemos certa resistência à presença negra em posições de liderança, mas é fundamental persistir e inspirar outras gerações a trilhar esse caminho”, diz.
E Magno tem propriedade quando o assunto é liderança e pioneirismo: ele apresentou os quadros de meteorologia na rede Globo de televisão de 1996 até 2000, tendo sido o primeiro homem negro a apresentar a previsão do tempo na emissora. Também fundou e comandou a Climatempo por mais de trinta anos, primeira empresa privada de meteorologia do Brasil.
De acordo com Hellen Nzinga, CEO da EcoCiclo, startup dedicada à soluções inovadoras para a economia circular, ser uma mulher negra fundadora e líder de uma empresa que negocia com grandes corporações é um desafio de jornada dupla. “Enquanto me preparo para pensar estrategicamente sobre o futuro do meu negócio, também preciso estar atenta aos estereótipos de gênero e raça que são aplicados a mim. Ao longo dos anos, minhas sócias, também mulheres negras, e eu construímos ferramentas para nos proteger dessa sobrecarga imposta pelo mercado. Não buscamos ser vistas como mulheres exaustas, mas como a possibilidade de um futuro onde mulheres empreendedoras também tenham direito a condições dignas de trabalho “, explica.
O Mês da Consciência Negra nos lembra da importância de continuarmos avançando na promoção da igualdade e DE&I no mercado corporativo. A diversidade de perspectivas é um ativo valioso para as empresas e contribui para um ambiente de trabalho mais enriquecedor e inovador. As histórias de Rezende e Nascimento nos inspiram a superar desafios e construir um futuro mais inclusivo e equitativo no mundo corporativo.
Caso tenha interesse na pauta, fico à disposição para fazer a ponte com o especialista.
Fundador da Condurú Consultoria e possui 40 anos de experiência no mercado financeiro e em outras empresas. Trabalhou em organizações nacionais e internacionais como Itaú, Unibanco, Instituto Ethos, Grupo Stratus, Citibank, Credit Suisse, Morgan Stanley, JPMorgan, Royal Bank of Canada e Banco Real. Graduado em Ciências Contábeis, possui MBA em Gestão Empresarial (FGV-SP) e extensão em Negociação e Sustentabilidade (FGV). É coach e mediador organizacional pelo Instituto EcoSocial, Professional Certified Coach (PCC), Mentor Coach (International Coach Federation), especialista em temas de Governança Ética, ex-presidente do Comitê de Ética ICF-Brasil e palestrante em Ética Empresarial, Conflitos no Ambiente de Trabalho, Protagonismo do Negro e Inclusão Racial. Escolhido pelo Forbes 2021 como uma das 10 pessoas com +50 que se reinventaram na carreira.
Criada em 2017, a Condurú é uma consultoria que auxilia na implementação de programas de governança, apoia a construção ou atualização de códigos de ética ou de conduta e promove palestras e workshops de diversidade, equidade e inclusão.
Hellen Nzinga
Hellen é gestora de projetos sustentáveis e publicitária pela UCSal. Comunicadora, lecionou para jovens da periferia nos cursos de comunicação e empreendedorismo do programa Trilha do Governo do Estado da Bahia. Hellen também é certificada em Inovação Política pela Asuntos Del Sur e premiada por projetos de educação e tecnologia, foi selecionada como liderança pelo fundo internacional Baobá e premiada pela Mckinsey & Co como uma das lideranças femininas mais influentes do Brasil em 2021, além de ser One Young World Ambassador. Hellen também foi Consultora para Incidência de Mulheres Negras dentro da Agenda de Mudanças Climáticas de Criola onde apresentou seu trabalho na COP 27.
A EcoCiclo é uma startup liderada por mulheres, responsável por desenvolver o primeiro absorvente 100% biodegradável do Brasil, consolidando-se como referência global ao promover práticas sustentáveis em todas as etapas da produção. Atualmente, por meio de avanços tecnológicos, a EcoCiclo supre grandes corporações com um mercado de produtos sustentáveis fabricados por empreendedoras, promovendo o empoderamento financeiro de mulheres e fortalecendo as práticas ESG nas empresas. Além disso, o impacto de seus programas educacionais abrange milhares de mulheres, abordando questões de dignidade menstrual, liderança e sustentabilidad
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