Transexual argentina é a primeira a ser âncora de jornal

Transexual argentina é a primeira a ser âncora de jornal

A mulher de vestido vermelho com os ombros de fora na foto principal desta matéria é Diana Zurco, de 41 anos,  jornalista e a primeira mulher transexual a assumir uma posição de apresentadora de um jornal em seu país, a Argentina.  Ela entra para a historia,  por ter superado várias barreiras, pois essa realidade ainda bastante distante da maioria das mulheres trans. No Brasil, por exemplo, dados apontam que mais de 90% das pessoas trans têm a prostituição como destino certo e, na Argentina, a expectativa de vida de uma pessoa trans é 35 anos.

Atualmente, Diana faz parte da equipe do TPA Notícias, programa exibido diariamente no período da noite na Televisão Pública, relembra a sua longa trajetória marcada por desafios. “Meu caminho para chegar até a condução do jornal público da Argentina teve várias etapas. O primeiro é ter me animado a entender o caminho e estudar para poder logo ingressar na universidade”, afirma. 

 

Universidade

Ao ingressar na Universidade, no ISER (Instituto Superior de Enseñanza Radiofónica), ela já quebrou um tabu. “O instituto que eu estudei é historicamente reconhecido como um dos lugares que formam bons comunicadores na Argentina. Por isso, ali foi um marco quando consegui ingressar no instituto”, explica. 

Se na universidade iniciou a sua trajetória, em 2014, Diana deu um salto com o seu primeiro trabalho na rádio de Buenos Aires, trabalhando como redatora de notícias e locutora de serviços informativos. “Foi um espaço importante para entender as ferramentas do ofício de jornalista, sou muito grata por esta oportunidade, aprendi muito”, comenta.

Não demoraria muito para que logo chegasse o convite para televisão pública, que surgiu em 2020, levando Zurco à condução da notícia central. “Foi uma alegria enorme, uma experiência muito forte. Nada é por acaso, todo esforço foi muito importante para alcançar onde estou”, ressalta a profissional.

Residente da cidade de Buenos Aires, na Argentina, Diana tem uma rotina intensa. Sua rotina começa pela manhã com muita atenção à televisão e às notícias de diferentes canais. Além disso, ela aproveita para ler também o que tem acontecido pela internet e se prepara para apresentar seus programas de rádio. “Eu gosto muito desta estação que trabalho, mas por conta do Covid-19, o programa está sendo remoto, por telefone”.

Os meios de comunicação na visibilidade trans

Para Diana, os meios de comunicação podem ajudar muito na visibilidade e direito das pessoas trans, mostrando a realidade delas, bem como a importância de mecanismos institucionais na promoção de direitos. Zurco salienta que muitas pessoas desconhecem sobre a realidade da comunidade LGBTQIA+ e os meios midiáticos podem contribuir neste sentido. 

Além disso, ressalta que o seu papel enquanto uma âncora trans pode dar voz para este público majoritariamente marginalizado e trazer visibilidade às pessoas trans.

“Sempre existem dificuldades e desafios no caminho de todos, principalmente quando nos relacionamos com o público. As sociedades são muito dinâmicas com muitas complexidades. Como mulher trans, a discriminação é sempre sentida”.

Questionada sobre os caminhos para acabar com a transfobia, Diana acredita que não exista um caminho sensível ou fácil para isso. Para ela, o primeiro desafio se inicia com o termo “transfobia” , que, para ela, é preciso ser alterado, uma vez que remete a ideia de fobia e pessoas trans não causam medo, mas o problema está nas pessoas intolerantes, preconceituosas e conservadoras.

Passando sua experiência sempre de maneira positiva, a âncora comenta que somente desta forma é possível avançar no debate das desigualdades: “O fato das pessoas me procurarem para entrevista por ser uma mulher trans já demonstra que precisamos avançar para que isso não seja mais algo inédito”, ressalta ela. 

Outro mecanismo defendido por Zurco é a construção de Políticas Públicas de Estado, com a execução dos governos para acabar com a violência de gênero e as desigualdades de oportunidades entre pessoas trans e cis, bem como campanhas de conscientização que inclua informação sobre as diversidades.

Confira o instagram @dianazurco

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