Projeto de cápsulas ecológicas pretende transformar mortos em árvores
Abordar o tema morte é sempre delicado e muito difícil. Entretanto, para aqueles que preferem uma forma menos triste de encarar o inevitável tema, há uma iniciativa que promete ser uma alternativa ecológica e até poética para a destinação de corpos.
Trata-se da Capsula Mundi, projeto desenvolvido pelos designers italianos Anna Citelli e Raoul Bretzel. Eles afirmam que a invenção prevê uma abordagem diferente da forma como pensamos sobre a morte.
A ideia propõe que, ao invés de um caixão de madeira, o corpo da pessoa falecida seja colocado em posição fetal em uma cápsula com formato de ovo, feita de material totalmente biodegradável, a partir de plantas sazonais.
Em seguida, a cápsula é enterrada como uma semente, e posteriormente se transforma em uma árvore, que poderá ser escolhida pela própria pessoa ainda em vida. As sementes possuem espécies variadas.
Conforme a árvore cresce, ela poderá receber os cuidados de parentes e amigos. Além de eliminar o tabu da reflexão sobre a morte, o projeto idealiza um melhor ordenamento das áreas urbanas. Os cemitérios serão ecológicos, transformados em florestas vibrantes e sagradas, onde as famílias poderão passear e aprender sobre o mundo natural, ao invés das lápides e paisagens atuais, cinzas e frias, segundo explicação dos idealizadores.
Todo o design é pensado dentro de um conceito de integração com a natureza. O ovo e a árvore foram escolhidos por representarem símbolos de vida laicos e universais. A proposta é ir além de tradições culturais e religiosas.
Entretanto, apesar deste ser um tipo de enterro legalizado em muitos países, especialmente de língua inglesa, onde os chamados ‘cemitérios verdes’ são populares, a Capsula Mundi ainda enfrenta resistências em questões legais e comportamentais.
Cemitérios tradicionais poluem o meio ambiente
Em tempos de emergência climática, os cuidados ambientais perpassam todas as etapas de nossa vida até o fim dela: a morte. Com a pandemia de covid-19, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) produziu Nota Técnica para alertar os riscos ambientais do aumento dos cemitérios, pedindo ao Ministério do Meio Ambiente atenção para evitar a construção em áreas que exijam desmatamento, além de pedir que sejam considerados os aspectos geológicos, topográficos e hidrogeológicos do local. A preocupação é bastante pertinente, visto que a contaminação do solo pelo líquido que sai do corpo em decomposição, o necrochorume, pode penetrar no lençol freático e contaminar poços e rios.
Em qualquer cemitério, a alta quantidade de carga biológica que penetra no subsolo contém altos índices de bactérias e vírus, o que facilmente pode se transformar em foco de transmissão de doenças e parasitas) nem como será feito o controle ambiental. Outro fator negativo dos cemitérios tradicionais é o alto custo de manutenção de um jazigo ou cova.
Custo da cápsula
No momento, o custo desse novo método tem duas variações: o da Urna Areia Capsula Mundi e o da Urna Branca Capsula Mundi. Os valores são de 420 e 380 euros, respectivamente, aproximadamente R$ 1.570 e R$ 1.420 reais, já disponíveis para compra online em todo o mundo.
Apresentado em 2003 em Milão
O projeto foi apresentado pela primeira vez em 2003, no ‘Salone del Mobile’, exposição internacional de móveis em Milão, na Itália. Desde então, a equipe trabalha para aumentar a conscientização e promover a ideia, ciente de que antes de mudar as leis, precisa desafiar a maneira como as pessoas pensam.
Para saber mais sobre o projeto acesse:
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