Praia dos Ossos, que conta a história do assasssinato da socialite Ângela Diniz vai para HBO
A HBO oficializou a produção de uma minissérie ficcional sobre Ângela Diniz, socialite brasileira assassinada em 1976 por seu companheiro, Doca Street. O projeto, intitulado “Praia dos Ossos”, faz referência ao local onde Ângela foi assassinada.
Ângela Diniz
Antes de Doca, Ângela foi casada com o empresário mineiro Milton Villas Boas e tinha dois filhos
O primeiro marido de Ângela, Milton Villas Boas, morreu em 1983, em um desastre de avião, e o filho caçula, Luiz Felipe, em 1988, em um acidente de carro. Os outros filhos do casal, Milton e Cristiana, moram em Belo Horizonte (MG).
Bela e ousada, separada.
Assassinato ganhou manchetes nos jornais
Crime chocou o Brasil
No dia 30 de dezembro de 1976, Ângela Diniz foi assassinada com quatro tiros numa casa na Praia dos Ossos, em Búzios, pelo então namorado Doca Street, réu confesso. Mas, nos três anos que se passaram entre o crime e o julgamento, algo estranho aconteceu. Doca tornou-se a vítima.
O assassino confesso da socialite Ângela Diniz, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, morreu livre da cadeia em 2020, aos 86 anos. Ele lançou o livro “Meu Culpa”.
Ângela Diniz e Doca Street viveram um tórrido romance, que acabou em tragédia
Marjorie Estiano será a protagonista
A minissérie será estrelada por Marjorie Estiano, que interpretará Ângela Diniz. Além dela, Emilio Dantas estaria negociando o papel de Doca Street. Os dois atores já trabalharam juntos em produções anteriores, como “Sob Pressão” e “Fim”, onde também viveram relações tumultuadas.
Enredo e produção
Com seis episódios, “Praia dos Ossos” será inspirada no podcast homônimo lançado em 2020. A série será escrita por Elena Soárez, conhecida por “O Mecanismo”, e dirigida por Andrucha Waddington, que também dirigiu “Sob Pressão”. A produção executiva será compartilhada por Waddington, Lorena Bondarovsky e Renata Brandão.
Declarações do diretor
O diretor Andrucha Waddington descreveu a série como uma homenagem à vida de Ângela Diniz e um lembrete da recente abolição da tese de legítima defesa da honra pelo STF em 2023. “Será uma série de vida. A vida de Ângela Diniz, uma mulher que nos anos 1970, auge do machismo, ousou viver à sua maneira, totalmente sem medo dos preconceitos, julgamentos e opiniões. Ao mesmo tempo será um lembrete incisivo de que só em 2023 o STF aboliu a infame tese da legítima defesa da honra, tantas vezes utilizada em favor de diversos crimes de feminicídio, como o que aconteceu com Ângela, pela oratória do advogado Evandro Lins e Silva na defesa de Doca Street”, contou Waddington.
A defesa de Doca Street alegou que ele matou “por amor”. O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo. Até o grande poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) se manifestou: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, referindo-se à estratégia da defesa de culpabilizar Angela Diniz por seu próprio assassinato.
Crime já virou filme
O projeto da série foi originalmente anunciado em 2021. Desde então, o assassinato de Ângela Diniz virou filme, “Ângela”, com Isis Valverde (“Simonal”) no papel principal.
Com boa recriação dos anos 1970, o diretor Hugo Prata (“Elis”) filmou o machismo da época e a dificuldade de Leila Diniz para se desvencilhar do marido violento, com medo de ser “malvista” pela sociedade. O elenco ainda destacou Gabriel Braga Nunes (“Verdades Secretas”) no papel de Doca Street.
Ainda não há previsão de lançamento para “Praia dos Ossos”.
Relembre o caso

A história ganhou ainda mais popularidade e atualidade com a Série de PodCast “Praia dos Ossos”, “radionovelo” para a internet, com oito episódios, apresentado e idealizado por Branca Vianna, com pesquisa e coordenação de produção de Flora Thomson-DeVeaux e roteiro de Aurélio de Aragão e Rafael Spínola.
Praia dos Ossos, estreou em setembro de 2020. Em dois anos, Branca e a pesquisadora Flora Thomson-Deveaux ouviram mais de 60 pessoas em Belo Horizonte, Búzios e no Rio de Janeiro, mergulharam em arquivos de TV, jornais, revistas da época, em um projeto que teve mais de 40 pessoas envolvidas. Antes que o podcast fosse concluído, a Conspiração comprou os direitos para a série ficcional.