O mistério do americano que tinha pele azul
Um caso nos Estados Unidos se tornou popular há alguns anos e chamou a atenção do mundo cientifico. O norte-americano Paul Karason viu sua pele ficar com um azul escuro. A história foi tão surpreendente que ele chegou até a participar do programa de TV “The Oprah Winfrey Show”, em 2008, um dos mais renomados dos EUA (o vídeo no YouTube com a entrevista já ultrapassou 5 milhões de visualizações).
Tudo começou quando Paul viu um anúncio numa revista de um gerador de prata coloidal serviria para curar envenenamento por petróleo. Solidário, ele tentou ajudar um amigo, que trabalhava em uma oficina mecânica, e decidiu experimentar junto. Os dois prepararam um copo de 300 ml com a prata coloidal e tomaram o líquido por alguns dias seguidos.
Após o 3º dia do “experimento”, o refluxo gastroesofágico que seu amigo tinha havia desaparecido. Com o aparente bom resultado, o norte-americano resolveu ir além.
Ele começou a usar o prata coloidal para tudo. Ele começou a passar a prata coloidal em ferimentos na pele. Começou por arranhões de gato, até que usou a substância em um caso intenso de dermatite (inflamação na pele). Sua pele então começou gradualmente a ficar azul. Durante dois, três meses, as pessoas nem perceberam a diferença.
A mudança de cor só foi notada quando um amigo foi visitá-lo e surpreendeu-se com seu rosto: Karason havia passado de um homem de pele clara, sardento e cabelo loiro avermelhado para uma pessoa de pele azul.
Mas, o que aconteceu com a pele de Karason?
Explicações científicas veio em 2008, a cor azul da pele de Paul se deveu a um fenômeno, a prata em contato com a água impede que as bactérias produzam energia, o mesmo acontece com o corpo humano.
O que aconteceu com Paul Karason foi exatamente a mesma coisa que ocorre quando a prata é colocada em uma chapa fotográfica. Exposta ao sol ela mudará de cor, assim explicou Mehmet Oz, cirurgião cardiotorácico e professor da Universidade de Columbia na época do talk show da apresentadora Oprah.
Essa condição é chamada de argíria, uma doença rara na qual a pessoa fica com a pele azul ou cinza devido ao acúmulo de sais de prata no organismo. Geralmente é observada em áreas do corpo expostas ao sol, mas pode estar presente nos olhos e nos órgãos internos também.
Seu tratamento consiste na suspensão de medicamentos que contenham prata em sua composição, além de terapia a laser e cremes com hidroquinona (substância comum usada no clareamento de manchas). Entretanto, não há uma cura para a argíria e as ações descritas são apenas preventivas ou para evitar sua progressão. Em uma entrevista para a revista Inside Edition em 2008, Karason contou que continuou a beber a solução de prata coloidal mesmo após a mudança de cor da sua pele. Em 2009, contou ao jornal Today, dos Estados Unidos, que tinha esperanças de que sua não fosse mais azul e voltasse à cor de antigamente.
O que aconteceu depois com Karason? Em 2012, Karason havia perdido a casa e estava morando em um abrigo para sem-teto. Além disso, lutou contra o câncer de próstata, problemas cardíacos, terminou com sua noiva e ficou desempregado.
Morte
Resolveu mudar-se de Madera, na Califórnia, para sua cidade natal, Bellingham, em Washington. Reencontrou-se com Joanne Elkins, que estudou no mesmo colégio, e começaram um namoro, decidindo morar juntos. Em setembro de 2013, com 62 anos, Paul Karason faleceu em consequência de um ataque cardíaco em um hospital de Washington.
Na época de seu falecimento, a esposa Elkins chegou a comentar que o apelido de “Papai Smurf” nem sempre foi bem aceito pelo marido. “Ele não gostava desse apelido dependendo de quem o chamasse”, contou a viúva. “Se fosse uma criança, ele até sorria, mas se fosse adulto, bem…”.
Outras explicações sobre o fenômeno
A tática usada nesta campanha foi dizer que a doença de Paul Karanson foi causada pelo uso de prata coloidal e, portanto, dando a entender que qualquer um que tomasse prata coloidal sofreria do mesmo mal. A verdade é que Paul tem uma doença rara chamada argiria, que deixa a pele em um tom cinza azulado. Ele adquiriu esta doença pois tomava um composto de prata feito em casa que consistia em uma altíssima concentração de prata iônica. Como muitas pessoas ainda hoje, ele achava que estava fazendo prata coloidal. Ele não estava fazendo prata coloidal. Além disso, para deixar a solução ainda mais perigosa, ele adicionava sal e, então, através de eletrólise ele produzia cloreto de prata concentrado com partículas muito grandes, esta solução sabidamente causa argiria. Para piorar as coisas, Paul Karanson não apenas tomava doses elevadas deste perigoso composto, ele tambem a passava no corpo todo e, então, deitava ao sol para “fixar” o cloreto de prata ao seu corpo. Nos dias sem sol, ele ia se “bronzear” com o perigoso composto em câmaras de bronzeamento artificial.
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