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Vereador do Rio de Janeiro, Gabriel Monteiro (PL) é investigado por orgias e abuso sexual de menores

A Polícia Civil do Rio cumpriu, na manhã desta quinta-feira, dia 7, mandados de busca e apreensão contra sete pessoas, entre elas o vereador Gabriel Monteiro do PL. Além da casa e do gabinete do parlamentar na Câmara de Vereadores do Rio, agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) e de outras delegacias distritais seguem para outros nove endereços de assessores, ex-assessores e até um empresário ligados a ele. Gabriel é investigado pelo crime de disponibilizar registros que contenham cenas de sexo explícito com criança ou adolescente. Ele acompanhou as buscas.

O caso foi deflagrado após o vazamento de um vídeo em que o vereador do Rio Gabriel Monteiro e uma jovem de 15 anos aparecem mantendo relações sexuais. O político e a família da adolescente procuraram a polícia para registrar o caso. Acompanhada da mãe, a jovem esteve na segunda-feira na 42ª DP (Recreio). Em depoimento, a adolescente disse que a relação foi consensual, informação repetida pela mãe dela. Contou ainda que o relacionamento entre os dois começou há dez meses e seria de conhecimento de sua família, mas ela afirmou ter dito ao vereador que tinha 18 anos.

A Câmara de Vereadores do Rio já abriu processo disciplinar contra o vereador, que caso as suspeitas sejam confirmadas deve ter o mandato cassado. 

Como tudo começou

No dia 28 de março, Gabriel procurou a 42ª DP para registrar o vazamento de imagens íntimas em que aparece mantendo relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. Na ocasião, ele afirmou manter um relacionamento consentido com a menina e desconhecer sua idade, o que foi confirmado por ela. O vereador disse ainda ter sentido falta de cinco HDs externos e quatro cartões de memória, deduzindo ter sido traído pelos funcionários Matheus de Souza Oliveira e Heitor de Nazaré Neto, por suposto envolvimento deles com o empresário Rafael Sorrilha, que seria ligado a chamada “máfia dos reboque”, que vinha sendo denunciada pelo parlamentar.

Na delegacia, Gabriel contou ainda ter tido ficado sabendo do vazamento de outros vídeos particulares divulgados e compartilhados pelo aplicativo WhatsApp, os quais estariam armazenados em seu celular, cuja senha era de conhecimento daqueles ex-funcionários.

Depoimento dos Assessores de Gabriel 

Uma semana depois, seis assessores e ex-assessores da Câmara ouvidos na delegacia narraram uma rotina de trabalho desgastante e humilhante para gravação de vídeos diários para as redes sociais, além de orgias filmadas com menores na casa do parlamentar. Na delegacia, diferente do que fora narrado por Gabriel, os funcionários afirmaram que ele tinha conhecimento que as meninas eram menores de idade, inclusive recebia uma delas de uniforme de colégio e a chamava de “novinha” e “bebê”.

Em depoimento na distrital, Fábio Neder Fernandes Di Leta, que trabalhou como auxiliar de gabinete de Gabriel por aproximadamente dez meses, contou que a residência do vereador no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, é tida como o QG, onde todos os funcionários trabalham em publicações para os canais dele no Tiktok, Youtube, Twitter, Instagram e Facebook. Ele contou que ficava todos os dias no local e, nos fins de semana, passava as madrugadas em “noitadas” com o vereador até 6h, 7h e que outros funcionários chegavam a dormir na residência.

Fábio relatou também que Gabriel tinha o costume de se relacionar com garotas de até 18 anos na frente de outras pessoas e conheceu a adolescente que aparece nos vídeos vazados na casa do vereador, onde ela costuma frequentar com o conhecimento da mãe. Ele reiterou que o parlamentar e todos os funcionários sabiam que a menina é menor de idade e os dois chegavam a se relacionar com outras garotas, algumas delas também menores. O auxiliar contou ainda ter, em uma ocasião, levado uma caixa de pílula do dia seguinte na residência dela.

O ex-funcionário disse as relações sexuais de Gabriel Monteiro eram filmadas pelo vereador e armazenadas no telefone celular dele, que é protegido por senha. Ele afirmou também que os HDs criptografados com as mídias do parlamentar ficam dentro de interior do seu quarto, dentro de um cofre. Essa informação também foi confirmada por Mateus Souza de Oliveira, que trabalhou como assessor de mídia do vereador, recebendo R$ 7.200 e, posteriormente, R$ 10.200 da Câmara Municipal do Rio.

Também na 42ª DP, Mateus disse que nunca trabalhou fisicamente na sede da Câmara, no Centro do Rio, vindo a exercer suas funções de casa ou da residência do vereador. No local, ele também confirmou que era comum ter “festinhas” com mulheres, inclusive menores de idade, e que as relações sexuais eram filmadas por Gabriel, que, após transar com as adolescentes, exibia os vídeos como se fossem “troféus”. O ex-assessor disse também que o parlamentar se intitulava de “hétero top” e “comedor de mulheres”.

Robson Coutinho da Silva, contratado como cinegrafista por dez meses pela Câmara de Vereadores, relatou que os funcionários tinham a casa de Gabriel como a base de trabalho e afirmou ter conhecido lá a menina que aparece nos vídeos íntimos vazados com o vereador, que, segundo ele, dizia a todos que a jovem tinha 15 anos.

O ex-assessor Heitor Monteiro de Nazaré Neto disse que não comparecia à Câmara, pois exercia a função de produtor de gravações, vídeos, controle de qualidade e edição de roteiro, mas que deixou de trabalhar em virtude do assédio moral e sexual que sofria de Gabriel Monteiro. Ele narrou episódios se situações desconfortáveis e humilhantes, como xingamentos, atos de masturbação do vererador na sua frente e ainda a prática de sexo oral por mulheres no mesmo ambiente.

Segundo Heitor, o parlamentar pedia e insistia a ele que o acariciasse em todas as regiões do corpo, incluindo sua genitália, o que lhe era negado. O ex-assessor disse que além da adolescente de 15 anos, outras menores de idade tinham o hábito de frequentar a casa de Gabriel, no condomínio Mansões, e de manter relações sexuais com ele. O ex-funcionário confirmou ter ciência de que o vereador tinha o hábito de filmar tais relações, não importando as idades das meninas e que geralmente elas eram fãs dele, o que o fazia se aproveitar disso para assedià-las.

Heitor também informou que Gabriel costumava promover orgias em sua residência, com mulheres e adolescentes, e era haver uso de drogas variadas, como maconha e ecstasy, que eram colocados em bebidas, por ele e por suas convidadas.

Na delegacia, Luiza Caroline Bezerra Batista, que conheceu Gabriel por meio de uma amiga e passou a ser assistente de produção, roteirista e atriz dos vídeos do Tiktok do vereador há cerca de sete meses, contou que passou a morar na casa do vereador depois de três semanas de trabalho. Ela disse que, em quase todas as gravações, ele dizia que tinha tesão nela, a abraçando por trás e, em seguida, mostrava o pênis ereto para os funcionários.

A mulher relatou que, ao reclamar de como era tratada por Gabriel, o vereador dizia a ter como uma irmã e afirmava que ela já era “coroa” e que ele gostava de “novinha”. Ela contou ter visto diversas meninas menores de idade na residência, inclusive nuas, e que ele as chamava de “namoradas”.

Também na distrital, Vinícius Hayden Witeze, que trabalhou como assessor parlamentar de Gabriel, narrou que o vereador raramente utilizava seu gabinete na Câmara e que seus funcionários trabalham de maneira exaustiva, não tendo respeito a horários tampouco pausa para descanso ou alimentação. Ele relatou que eles não tinham sequer autorização para almoçar e que o vereador cobra a produção e publicação diária de vídeos, em razão da monetização de aproximadamente R$ 300 mil que recebe mensalmente do Youtube.

Em relação às menores de idade, Vinícius afirmou que Gabriel chegava a fazer brincadeiras, dizendo a ele que abriria uma creche. Ele também afirmou ser comum as festas com orgias promovidas pelo vereador na residência, sendo a maioria das convidadas com menos de 18 anos, com quem ele mantinha relações sexuais. O ex-assessor disse que, em uma dessas festas, encontrou meninas saindo de lá chorando e aparentando terem sido estupradas.

POR: Rita Moraes
Publicado em 07/04/2022