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A mulher por trás do exílio do Rei Emérito da Espanha Juan Carlos

A Europa e o mundo se chocaram com a notícia de que o rei emérito espanhol, Juan Carlos, em carta deixada ao filho Felipe, informando que deixaria de viver na Espanha. Tudo aconteceu em meio a uma investigação sobre alegada comissão de cem milhões de dólares que terá recebido dos sauditas e que terá passado por paraísos fiscais até chegar, em parte, à conta da empresária alemã Corinna Larsen.

Em gravações feitas pela polícia suíça e divulgadas pelo jornal El País, Corinna garantiu à justiça suíça que o rei emérito transferiu 64,8 milhões de euros em 2012 para a sua conta “não para se livrar do dinheiro”, mas “por gratidão e amor”, para garantir o seu futuro e o dos seus filhos, declarou perante o procurador Yves Bertossa. Bertossa acusou Corinna Larsen, o gestor do rei emérito, Arturo Fasana, e o advogado Dante Caõonica de crime de branqueamento agravado de capitais, punível com pena de prisão até cinco anos.

O testemunho de Corinna Larsen foi dado dia 19 de dezembro de 2018 na sede da Procuradoria de Genebra, na companhia dos seus dois advogados suíços. O sistema espanhol guarda as declarações em segredo e a lei suíça permite que alvos da investigação recusem o envio das suas declarações para outros países, e é isso que Corinna tem feito.

Amante do rei ou laranja?

O caso ganha tons mais acentuados, porque a imprensa espanhola divulgou notícias, em 2012 (nunca confirmadas pela Corte espanhola), de que  Juan Carlos e Corinna Larsen tinham um tórrido relacionamento. Os rumores da relação extramatrimonial de Juan Carlos com Corinna (que tem uma filha do primeiro casamento e um filho do segundo) chegaram à opinião pública, depois que o monarca caiu, durante uma caçada aos elefantes no Botswana, tendo que ser operado à anca de urgência no regresso a Madrid.

Nesta viagem, igualmente polémica por mostrar a vida de luxo do rei quando os espanhóis viviam em crise, ia também Corinna, o seu primeiro marido e o filho mais novo (fotografado ao lado de Juan Carlos e do elefante que este terá matado). Não era a primeira vez que viajavam juntos, tendo Corinna sido várias vezes fotografada. O caso teria acontecido entre 2004 e 2013.

Vale lembrar que Juan é casado com a rainha Sofia. O casamento aconteceu em Atenas, na Igreja de São Dinis, no dia 14 de maio de 1962. Sofia é filha do rei Paulo I da Grécia e teve que se converter ao catolicismo para se tornar rainha.

Como os possíveis amantes se conheceram

Corinna Larsen conheceu Juan Carlos em 2004, durante uma caçada em La Garganta (propriedade do duque de Westminster em Ciudad Real), de acordo com o El País. Usava então ainda o seu nome de casada, Corinna zu Sayn-Wittgenstein, apesar de já estar separada do seu segundo marido, o príncipe alemão Casimir (o primeiro marido foi o empresário britânico Philip Adkins). Só perderia o apelido e o título de princesa quando este voltou a casar, em 2019, com uma modelo de 28 anos.

Ela é filha do dinamarquês Finn Bönnig Larsen (que foi diretor europeu da companhia aérea brasileira Varig) e da alemã Ingrid Sauerland, estudou Relações Internacionais em Genebra e foi viver para Paris com 21 anos. Na juventude, passava férias em Marbella. Fala cinco idiomas. Viveu no Mónaco, onde trabalho como assessora do príncipe Alberto e da sua mulher, Charlene.

Corinna tinha 39 anos quando conheceu Juan Carlos (casado desde 1962 com Sofia) e trabalhava como gerente de uma empresa de armas, a Boss and Company, que organizava caçadas de luxo. Depois de conhecer o rei, então com 66 anos, fundou a Apollonia Associates, uma empresa de “assessoria estratégica a clientes corporativos e institucionais em transações transfronteiriças”, tendo começado também a trabalhar como assistente de Juan Carlos.

Estreita relação com a corte espanhola

Foi Corinna quem organizou, a pedido do rei, a lua-de-mel do seu filho Felipe e Letizia no Camboja, ilhas Fiji e Califórnia e também terá procurado trabalho para o marido da infanta Cristina, Iñaki Urdangarin, na Fundação Laureus, mas este recusa — desde 2018 que cumpre pena de prisão por desvio de fundos e tráfico de influências e o nome de Corinna surgiu durante o julgamento.

Escândalo financeiro

Gravações das conversas com o ex-polícial José Manuel Villarejo, atualmente detido, revelaram que Juan Carlos tem contas na Suíça em nome de testas de ferro e que recebeu comissões milionárias com negócios com empresas espanholas. O tribunal investiga o alegado pagamento de comissões pelo envolvimento do monarca na adjudicação das obras da ligação de alta velocidade entre Meca e Medina, na Arábia Saudita, a empresas espanholas.

O dinheiro seria parte da comissão que o monarca teria recebido dos sauditas por causa do negócio para a construção de uma linha de comboio de alta velocidade entre Meca e Medina, a cargo de um consórcio espanhol. Um negócio que suíços e espanhóis estão investigando, sendo Corinna — que depois de terminada a relação com o monarca alegou ter sido alvo de perseguição por parte da secreta espanhola — a acusada de “lavar” o dinheiro.

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POR: Rita Moraes
Publicado em 12/09/2020