Música Sertaneja de luto: Morre o baiano Amaraí, da famosa Dupla Belmonte e Amaraí
Quem gosta da música sertaneja tradicional, lembra da canção “Saudades da Minha Terra”, considerada um clássico. Composta por Amaraí, da dupla Belmonte & Amaraí, a música já foi gravada por duplas famosas, como Chitãozinho e Chororó, Milionário e Zé Rico, Sérgio Reis e Michel Teló.
“Saudade de Minha Terra” foi lançada 1966, tendo como primeiros interpretes Belmonte e Amaraí e, a partir da consagração nos programas de rádio, tornou-se o hino da música sertaneja do Brasil. Marca presença até hoje na programação das rádios e festas de todo o País.
Neste sábado, 21, o universo sertanejo ficou mais pobre. Amaraí, cujo nome era Domingos Sabino da Cunha, morreu de infarto no sábado, 21, em Alfenas, Minas Gerais, aos 77 anos. O cantor e compositor sertanejo fazia dupla com seu filho, Francis Junior, o atual Belmonte e seguia com sua agenda de shows.
O Brasil perdeu um dos maiores intérpretes da música sertaneja de raiz e um dos pioneiros que desbravaram e fizeram a música sertaneja se tornar o estilo de música mais ouvido no país. O sepultamento de Amaraí aconteceu em Alfenas, MG, , às 17h deste domingo, 22.
Vários sucessos
“Saudade de Minha Terra” é apenas o primeiro sucesso de Amaraí, que, em oito anos de carreira, eternizou vários sucessos como “Mercedita”, “Pombinha Mensageira”, “A Fronha”, “Desde que Te Vi e Morrendo de Amor”, “Entre Lágrimas”, “Lágrimas da Alma”, “Desventura”, “Te Amarei Toda Vida”, “Capricho do Destino” e “Saudade de Goiás”.
Baiano de sucesso no Sertanejo Tradicional
Natural da Bahia, Amaraí mudou-se para Goiás quando tinha 8 anos. Sua primeira dupla, Amoroso & Amaraí, foi lançada em 1963 e rendeu apenas um LP. Um ano depois, Amaraí conheceu Paschoal Todarelli, o Belmonte. Em 1965, eles começaram a cantar nas churrascarias da capital até “explodirem” em todo o País.
Ao longo de toda a sua carreira, Belmonte e Amaraí gravaram juntos seis LPs originais, 12 músicas em cada um. Juntos venderam mais de 2 milhões de cópias, são mais de 20 sucessos muito conhecidos por todo Brasil. A dupla gravou em espanhol muitas versões de canções latinas que fizeram sucesso no mundo inteiro, principalmente boleros famosos imortais como “Solamente Una Vez” e “Na Fronteira do México”. Amaraí sempre se emocionou pela canção que fez a dupla explodir e se orgulhava muito de ver “Saudade de Minha Terra” após sua primeira interpretação há 52 anos.
Amaraí deixa quatro filhos — duas moram em Doverlândia (GO), Sued Cunha e Simone Cunha, e dois em Campinas (SP), Domingos Sabino da Cunha Júnior, e Alfenas, Francis Júnior. Ele morava em Alfenas cidade com Francis Júnior, cantor, compositor, músico e produtor e intérprete atual de Belmonte que fazia dupla com seu pai. Sua ligação com Goiás ainda é maior, porque moram no Estado quatro irmãos, dois em Goiânia, Manoel Sabino e Enezita Sabino, e dois em Rio Verde, Dalva Cunha e João Sabino da Cunha.
Letra Saudades da Minha Terra
Compositor: Amaraí
De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação arreio o burrão
Cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabiá cantando no jequitibá
Por nossa senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas essa morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com o rádio ligado
Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta as campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas
Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida, que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer