Mulher acusa Padre Airton Freire de planejar seu estupro e assistir
Acusado de participar de um estupro, o Padre Airton Freire, criador da Fundação Terra anunciou, por meio das redes sociais, que entrará em um “período de silêncio voluntário” na casa onde mora, em Arcoverde, no Sertão pernambucano.
A postagem foi feita na madrugada desta sexta-feira, 2. Uma fiel, identificada como Sílvia Tavares de Souza, acusa o religioso de ter orquestrado e participado de um estupro em agosto de 2022.
Em seu perfil no Instagram, Airton Freire escreveu: “não te preocupes, estarei aqui, nesse meu retiro, na casa onde moro. Que Deus nos abençoe. De teu servo, in Christo, Padre Airton”. A “casinha”, como é chamada a residência do sacerdote, é apontada pela vítima como o local onde ocorreu o suposto crime. O imóvel está localizado na Fazenda Malhada, sede da Fundação Terra.
O caso
Segundo a denunciante, Freire teria pedido ao seu motorista, Jailson Leonardo da Silva, 36, para que a estuprasse enquanto ele assistia à cena e se masturbava. Por meio de nota, o pároco negou as acusações e disse estar se sentindo “injustiçado”.
O crime, segundo Sílvia, aconteceu no dia 18 de agosto de 2022, na casa em que o padre dormia na Fundação Terra. Essa ONG foi criada pelo padre Airton há 37 anos, em Arcoverde, no Sertão. O objetivo era resgatar a cidadania dos moradores da região, que vivam na extrema pobreza.
Sílvia afirmou ter sido abusada pelo motorista, a mando do padre, que teria se masturbado vendo a cena. O caso, que aconteceu durante um retiro espiritual, é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Pernambuco.
A mulher contou que, logo depois de ter sido estuprada, tomou banho ordenada pelo padre e foi levada para o refeitório da Fundação Terra. Lá, encontrou o marido, mas ficou calada com medo que ele, com raiva, tentasse matar o padre e fosse morto.
De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado. A investigação é comandada pela delegada Andreza Gregório, da Delegacia de Afogados da Ingazeira, no Sertão. Detalhes sobre a operação, que é acompanhada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), são mantidos em sigilo.
Mulher que acusa padre Airton de participar de estupro passou mais três dias no local do suposto crime: ‘Eu só não perdi a fé, eu quero justiça’, diz vítima.
A Personal stylist Sílvia Tavares diz que hoje faz terapia e toma antidepressivos. ‘Deus tem um propósito na minha vida. Porque eu já soube que há outras vítimas. Mas ninguém teve coragem de botar a cara na televisão e de ir para a delegacia’.
Vítima vive a base de antidepressivos
O marido de Sílvia, o comerciante Wellington José Cunha, conta que o acontecido mudou a vida da família. “Hoje minha esposa faz tratamento e eu também fiz tratamento psicológico. Ela tem muita coragem. Se acontecer com outras mulheres, têm que denunciar, mostrar a cara”.
Sílvia contou que hoje toma antidepressivos e faz terapia. “Enquanto eu tiver vida, eu vou lutar pela justiça”.
Afastado da Igreja
Na quarta-feira, 31 de junho, o padre Airton Freire foi proibido de “presidir ou administrar qualquer Sacramento”, ou seja, de exercer as funções de padre. A decisão foi tomada pela Diocese de Pesqueira, em nota assinada pelo bispo Dom José Luiz Ferreira Salles.
Cronologia do crime, segundo Sílvia Tavares:
Em 17 de agosto de 2022, padre Airton mandou um áudio para Sílvia, pedindo que ela fosse à “casinha” às 6h30 do dia seguinte.
O motorista Jailson levou a mulher para o local, onde o padre estava deitado de bruços, coberto com um lençol de seda. Ele pediu uma massagem e, mesmo estranhando o pedido, a mulher fez, mas se assustou ao perceber que, sob o lençol, ele estava sem cueca. Ela, então, saiu da cama.
Em seguida, Jailson se aproximou da mulher com uma faca e a ameaçou. Enquanto se masturbava, o padre ordenou que ele a estuprasse. Com o próprio celular, o padre tirou fotos da mulher e de Jailson nus, juntos. Depois, acariciou os órgãos genitais do motorista e mandou que eles tomassem banho.
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