Mostra especial de Teatro celebra 30 anos do CCBB Rio
Para comemorar seus 30 anos, o CCBB Rio vai reunir, entre 11 de setembro e 14 de outubro, cinco das principais companhias de teatro do país que já passaram pelo centro cultural ao longo de sua história na mostra “CCBB 30 anos de Cias.”. São elas: Cia. dos Atores, Cia. Dos à Deux, Cia PeQuod, Aquela Cia. de Teatro e a Artesanal Cia. de Teatro. Cada uma vai apresentar seus espetáculos (dois infantis e seis adultos) mais consagrados, colocando em cena um significativo painel das artes cênicas nacional. A programação conta ainda com bate-papos e debates gratuitos com os grupos.
Curador da mostra, o produtor Sergio Saboya considera que o projeto é uma grande homenagem aos que se dedicam às artes cênicas, buscando questionamentos e reflexões importantes para a sociedade, além do entretenimento. Por isso, procurou trazer ao público montagens de grupos que realizam um rico trabalho investigativo, gerando uma criação inovadora, de grande qualidade técnica e artística. “Todas as companhias convidadas possuem trabalhos distintos de pesquisas, extremamente significativas para a renovação e a qualidade da cena teatral brasileira contemporânea. São trabalhos germinais, que quebram paradigmas e contribuem amplamente para nosso teatro de forma geral”, explica Sergio.
ADULTO – Abrindo o evento, a Cia. Dos à Deux traz para o público o espetáculo “Irmãos de sangue” (2013). Formada em 1998 pelos atores e bailarinos Artur Luanda Ribeiro e André Curti, a companhia, com sede no Rio e Janeiro e em Paris, tem como principal marca o teatro criado a partir da linguagem gestual e corporal. Em “Irmãos de sangue”, a história se passa no centro das relações entre três irmãos e sua mãe, apresentando as diferenças que superam os laços familiares e expõem a enorme diversidade de sentimentos desse complexo relacionamento.
Na segunda semana da mostra, a Cia. dos Atores apresenta “Insetos” (2018) e “Conselho de classe” (2014), espetáculos que marcam a parceria do grupo com o dramaturgo Jô Bilac. Formada pelos atores César Augusto, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle, Susana Ribeiro e Bel Garcia (in memorian), a Cia. dos Atores comemora 31 anos de atividade ininterrupta em 2019, tornando-se um dos grupos de maior tempo de atividade no Rio de Janeiro. Em “Insetos”, 12 quadros que traçam paralelos entre a natureza e questões da atualidade vão sendo revelados na voz de diferentes insetos. O espetáculo recebeu diversas indicações aos principais prêmios de teatro do país. Vencedora do Prêmio Cesgranrio de Teatro, “Conselho de classe” se passa em uma escola pública do centro carioca. Uma reunião de professores é desestabilizada pela chegada de um novo diretor, que faz eclodir dilemas profissionais e pessoais em meio a decisões que se confundem nas relações de poder da instituição.
Desde 2005, Marco André Nunes e Pedro Kosovski vêm desenvolvendo, ao lado de outros artistas, uma linguagem cênica própria com a Aquela Cia. de Teatro. Mais recente trabalho do grupo, “Guanabara canibal” (2017) busca pensar e debater a questão indígena, tendo como pano de fundo a tomada do Forte de Villegagnon, célebre batalha naval travada na Baía de Guanabara, em 1560, que resultou na fundação da cidade do Rio de Janeiro. A dramaturgia tem referência no primeiro poema da literatura brasileira, “De Gestis Mendi de Saa” (“Feitos de Mem de Sá”), do padre José de Anchieta. Premiado em diversas categorias dos prêmios Shell, APTR, Cesgranrio e Questão de Crítica, “Caranguejo overdrive” (2016) conta a história de um ex-catador de caranguejos no mangue carioca da metade do século XIX. Após um tempo longe, ele volta ao Rio e encontra uma cidade em grande transformação. A música em cena, com influência do maguebeat, compõe a performance.
Com sua trajetória à frente da Cia Pequod, o diretor Miguel Vellinho procura refazer os limites do seu teatro aproximando-se de outras manifestações artísticas, como a dança, a literatura, os quadrinhos, o cinema, a fotografia. Tudo isso sem jamais perder o caráter artesanal da confecção dos bonecos, figurinos e cenários. Na mostra, a Cia apresenta um espetáculo adulto e outro infantil. Em “A chegada de Lampião ao inferno” (2009), a Cia. PeQuod mergulha de cabeça na cultura brasileira para criar um espetáculo em que funde tradição e modernidade. Livremente inspirada no cordel de mesmo nome, mas também citando o périplo dantesco da “Divina comédia”, a peça encontra-se dividida em dois momentos distintos: o primeiro sem palavras e todo feito com bonecos, e o segundo combinando de maneira livre e surpreendente atores, bonecos e objetos. Trilha sonora de André Abujamra.
INFANTIL – Com 24 anos de trajetória sob a direção de Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves, a Artesanal Cia de Teatro vem produzindo espetáculos de teatro para o público infantil e jovem com uma linguagem inovadora, que converge no uso de bonecos, sombras, máscaras, canto, cinema e videografismos. Vencedor do Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil nas categorias de Melhor Iluminação e Menção Honrosa – linguagem de animação – pela excelência da confecção e manipulação, “Por que nem todos os dias são dias de sol?” (2016) traz quatro contos que narram questões colocadas por crianças em uma pesquisa realizada pelo grupo sobre questões como amor, liberdade, vida, entre outros. Baseado no conto homônimo de Oscar Wilde do século XIX, “O gigante egoísta” (2013) venceu o Prêmio CBTIJ de Melhor trabalho de formas animadas e do Zilka Sallaberry nas categorias Espetáculo, Ator e Figurino. A montagem conta a história de um gigante que não permitia que crianças brincassem em seu jardim. Ao afastá-las, o lugar e assolado por um inverno sem fim e o gigante amarga uma imensa solidão, até que um menino infringe as regras e começa a cuidar das flores e das árvores.
CCBB 30 ANOS
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil celebra 30 anos de atuação com mais de 50 milhões de visitas. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, o CCBB é um marco da revitalização do centro histórico da cidade e mantém uma programação plural, regular, acessível e de qualidade. Mais de três mil projetos já foram oferecidos ao público nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança música e pensamento. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. Agente fomentador da arte e da cultura brasileira segue em compromisso permanente com a formação de plateias, incentivando o público a prestigiar o novo e promovendo, também, nomes da arte mundial.
PROGRAMAÇÃO:
Cia. Dos à Deux
TEATRO I
“Irmãos de sangue”, direção de André Curti e Artur Luanda Ribeiro.
Datas: 11, 12, 13 e 14, às 19h. Sessão dupla: 15/09, às 16h e às 19h.
Duração: 85 min. Classificação etária: 14 anos.
Cia. dos Atores
TEATRO I
“Insetos”, direção de Rodrigo Portella.
Datas: 18, 19 e 20/09, às 19h.
Duração: 80 min. Classificação etária: 14 anos.
“Conselho de classe”, direção de Bel Garcia e Susana Ribeiro.
Datas: 21, 22 e 23/09, às 19h.
Duração: 90 min. Classificação etária: 14 anos.
Artesanal Cia de Teatro
TEATRO I
“O gigante egoísta”, direção de Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves.
Datas: 25, 26 e 27/09, às 19h.
Duração: 55 min. Classificação etária: livre.
“Por que nem todos os dias são dias de sol?”, direção de Gustavo Bicalho. e Henrique Gonçalves.
Datas: 28, 29 e 30/09, às 19h.
Duração: 55 min. Classificação etária: livre.
Cia PeQuod
TEATRO III
“A chegada de Lampião ao inferno”, direção de Miguel Vellinho.
Datas: 02, 03, 04, 05, 06 e 07/10, 19h30.
Duração: 70 min. Classificação etária: 16 anos.
Aquela Cia. de Teatro
TEATRO III
“Caranguejo overdrive”, direção de Marco André Nunes.
Datas: 09/10, às 20h. Sessão dupla: 10/10, às 17h e às 20h.
Duração: 70 min. Classificação etária: 18 anos.
“Guanabara canibal”, direção de Marco André Nunes.
Datas: 12, 13 e 14/10, às 19h30.
Duração: 90 min. Classificação etária: 10 anos.
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