Morre Maguila, lenda do box brasileiro
O Brasil perdeu nesta quinta-feira, 24 de outubro de 2024, um de seus maiores nomes no esporte. José Adilson Rodrigues dos Santos, o eterno Maguila, faleceu aos 66 anos, após uma longa batalha contra a encefalopatia traumática crônica, popularmente conhecida como demência pugilística. Diagnosticado em 2013, o ex-peso-pesado teve complicações graves nos últimos dias, incluindo o aparecimento de um nódulo no pulmão.
A notícia foi confirmada por sua esposa, Irani Pinheiro, que explicou a deterioração da saúde do lutador. Segundo ela, Maguila passou quase um mês internado antes de falecer. A luta contra a doença foi árdua, com o ex-pugilista sofrendo dores intensas e acumulando outras complicações de saúde ao longo dos últimos anos.
Maguila, natural de Aracaju, tornou-se um ícone do boxe nacional ao longo de sua carreira de 17 anos, acumulando 77 vitórias em 85 lutas, sendo 61 por nocaute. Ele enfrentou grandes nomes do boxe mundial, como Evander Holyfield e George Foreman, levando o nome do Brasil aos principais ringues internacionais. Mesmo sem ter conquistado títulos das maiores organizações mundiais, Maguila alcançou o cinturão da Federação Mundial de Boxe (WBF) em 1995, tornando-se o primeiro brasileiro a vencer na categoria dos pesos-pesados.
A trajetória de Maguila começou aos 14 anos, quando ele se mudou para São Paulo em busca de melhores oportunidades. A dureza de sua infância, marcada pela pobreza e dificuldades, moldou sua determinação dentro e fora dos ringues. Em sua juventude, viveu nas ruas e enfrentou a fome, um cenário que contrastava com o futuro brilhante que ele viria a construir como pugilista.
A carreira profissional do sergipano começou em 1981, e já em 1983 ele conquistava seu primeiro título brasileiro. Em 1984, veio o título sul-americano. Ele manteve o cinturão no Brasil por mais de uma década, consolidando-se como o maior nome da modalidade no país. Mesmo após sua aposentadoria, em 2000, quando foi nocauteado por Daniel Frank, Maguila permaneceu na memória dos brasileiros como um dos heróis do esporte.
Nos últimos anos, a vida de Maguila fora dos ringues foi marcada por sua batalha contra a demência pugilística, condição que também afetou outros atletas, como o brasileiro Éder Jofre. A doença trouxe desafios não apenas físicos, mas também emocionais para o ex-boxeador e sua família, que optou por mantê-lo em uma clínica de reabilitação no interior de São Paulo.
Apesar das adversidades, Maguila manteve seu carisma e seu humor afiado. Em uma de suas últimas entrevistas, relembrando a luta contra George Foreman, brincou: “Só de pensar no Foreman já dá vontade de cair de novo”. Maguila deixou um legado de força, superação e carisma, que transcendeu os ringues.
Com sua morte, o Brasil perde não só um campeão nos esportes, mas também uma figura querida e admirada por seu espírito batalhador. O Ministério do Esporte e diversas entidades esportivas emitiram notas de pesar, destacando o impacto que Maguila teve no cenário nacional.
O ex-lutador será lembrado como um dos grandes ídolos do esporte brasileiro, com sua história sendo eternizada nas memórias dos fãs, nos ringues onde fez história e no legado de lutas que travou dentro e fora das cordas.
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