Mês do Orgulho LBGTQIA+: por que letramento e sensibilização sobre o tema são essenciais na organização?

Mês do Orgulho LBGTQIA+: por que letramento e sensibilização sobre o tema são essenciais na organização?

O mês de junho ganha contornos coloridos. Uma variedade de cores em seu símbolo expressa a união de diversas comunidades, cujo termo LGBTQIA+ recebe uma nova letra de tempos em tempos. E, junto disso, novos desafios para entender o que elas significam, principalmente no mundo corporativo, composto, em grande parte, por profissionais na faixa de 30 e 40 anos que vêm de uma sociedade “LGBTfóbica”. Segundo a pesquisa Diversidade e Inclusão feita pela Great Place to Work (GPTW), apenas 8% das cadeiras de liderança das empresas são ocupadas por membros dessa comunidade.

O Mês do Orgulho LGBTQIA+ joga luz à importância cada vez maior de reconhecer, escutar, interagir e acolher esse público, que carrega dores históricas ligadas ao preconceito, o que faz muitas delas terem que invisibilizar suas relações pessoais. “A palavra ‘orgulho’ é o contrário de ‘vergonha’ e por isso é usada nessa data, para representar uma ressignificação ao redor do assunto, para que as pessoas dessa comunidade não precisem se envergonhar de quem são. Muito pelo contrário, devem ter orgulho de quem são e de suas histórias”, explica Marcelo Ribeiro, consultor estratégico da EXEC, empresa especializada na seleção e desenvolvimento de lideranças.

Homem gay, Marcelo também já sentiu na pele as dores de ter que “se esconder” e ouviu comentários indesejados sobre sua orientação sexual. Por isso, hoje ressalta a importância de iniciativas de letramento e sensibilização sobre o assunto, que é um passo inicial básico na construção de ambientes inclusivos, mas que ainda precisa ser percorrido por muitos. No universo LGBTQIA +, o letramento vai além das necessidades básicas de alfabetização e envolve uma compreensão mais ampla das questões relacionadas à diversidade. “É a capacidade de entender, respeitar e apoiar pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais. O letramento abrange o conhecimento sobre experiências e desafios enfrentados por indivíduos LGBTQIA+, o entendimento dos termos e conceitos relacionados a essa comunidade e a habilidade de se comunicar e interagir de forma inclusiva”.

Entraves de entendimento

A importância do letramento LBGTQIA+ nas empresas, de acordo com Marcelo, está relacionada à promoção de um ambiente inclusivo que valorize a diversidade e respeite todas as pessoas. No entanto, ainda existe muita dificuldade de entender os termos e conversar sobre isso com as lideranças.

Entre os principais fatores estão o desconhecimento sobre o assunto, a falta de educação sobre o tema, preconceito e estereótipos enraizados, medo da crítica ou do desconhecido, falta de liderança, de exemplo e, principalmente, a resistência à mudança.“ A forma como as pessoas veem a diversidade pode levar a uma resistência em aprender e aceitar experiências diferentes das suas, criando barreiras para comunicação. Quando os líderes demonstram interesse ou valorizam a diversidade, isso pode criar um ambiente no qual as pessoas se sintam encorajadas a falar sobre o tema”, avalia Marcelo.

Para Ribeiro, superar essas dificuldades requer esforços contínuos de educação, sensibilização e engajamento. “É fundamental criar um ambiente seguro e encorajador para que as pessoas possam fazer perguntas, compartilhar experiências e aprender juntas. Ao promover uma cultura de respeito e abertura, as barreiras para a compreensão dos temas ligados à diversidade podem ser gradualmente superadas”.

Benefícios do letramento para as empresas

Promover o letramento LBGTQIA+ em uma organização, sob a ótica da diversidade, equidade e inclusão, gera diversos benefícios, de acordo com Marcelo, que culminam na geração de um ambiente mais inclusivo, colaborativo e produtivo. Entre eles, o empoderamento dos colaboradores sobre o tema, acesso equitativo à informação, melhoria da comunicação interna, estímulo à diversidade de ideias e perspectivas, fomento à igualdade de oportunidades, entre outros.

“Adquirindo uma comunicação inclusiva a empresa aumenta a autoconfiança dos colaboradores e sua capacidade de se expressar, permitindo que eles participem ativamente nas discussões e tomadas de decisões, independentemente de sua origem social ou cultural”, avalia o especialista.

Como promover a diversidade e inclusão na cultura organizacional?

De acordo com um levantamento feito pelo LinkedIn no ano passado, 43% das pessoas LBTQIAP+ entrevistadas declarou já ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho, principalmente por meio de piadas e comentários homofóbicos. Em 2019, esse porcentual era de 35%.

Um cenário como esse demanda que as empresas adotem estratégias para promover e instituir, de fato, a diversidade e inclusão em sua cultura. Entre algumas citadas por Ribeiro estão o comprometimento da liderança com a promoção de uma cultura inclusiva. “A diversidade e inclusão devem ser prioridade e fazer parte dos valores fundamentais da empresa, estabelecendo metas claras e demonstrando seu compromisso por meio de ações concretas. E a liderança deve liderar pelo exemplo e envolver-se ativamente em iniciativas de diversidade e inclusão”.

A criação de políticas inclusivas também integra essa lista de ações. “As empresas devem estabelecer políticas claras que proíbam a discriminação e o preconceito, e promovam a igualdade de oportunidades, por meio da implementação de práticas de recrutamento e seleção que atraiam candidatos diversos”, pontua o especialista da EXEC.

Sensibilizar, ensinar e treinar são pontos mandatórios nessa jornada, avalia Marcelo. “Essas iniciativas podem abordar questões como vieses inconscientes, preconceito, linguagem inclusiva, estereótipos e microagressões. Existem muitos casos de profissionais que não sabem como abordar um membro da comunidade LBGTQIA+ por falta de conhecimento, o que muitas vezes pode ser feito por meio de um interesse genuíno, perguntando como a pessoa gostaria de ser chamada. Isso demonstra um forte respeito pelas diferenças”.

Completam ainda a lista a criação de grupos de afinidade, implementação de métricas de avaliação e monitoramento da diversidade – como taxas de contratação, promoção e rotatividade de colaboradores – além de parcerias externas. “Criar esses grupos propicia um espaço seguro para a troca de experiências e apoio mútuo, além de oportunidades de networking”.

Para o futuro, Marcelo acredita que o cenário de diversidade e inclusão da comunidade LBGTQIA+ será mais promissor. “Cada vez mais as empresas estão reconhecendo os benefícios de promover um ambiente inclusivo e diverso. Acredito que haverá maior representatividade desse grupo, a inclusão será feita de forma genuína, com um aumento do envolvimento dos líderes. A diversidade e inclusão devem ser vistas como uma estratégia de negócios essencial para impulsionar a inovação, a competitividade e o sucesso no longo prazo”, conclui.

Marcelo Ribeiro, consultor estratégico em DE&I da EXEC.

O mês de junho ganha contornos coloridos. Uma variedade de cores em seu símbolo expressa a união de diversas comunidades, cujo termo LGBTQIA+ recebe uma nova letra de tempos em tempos. E, junto disso, novos desafios para entender o que elas significam, principalmente no mundo corporativo, composto, em grande parte, por profissionais na faixa de 30 e 40 anos que vêm de uma sociedade “LGBTfóbica”. Segundo a pesquisa Diversidade e Inclusão feita pela Great Place to Work (GPTW), apenas 8% das cadeiras de liderança das empresas são ocupadas por membros dessa comunidade.
O Mês do Orgulho LGBTQIA+ joga luz à importância cada vez maior de reconhecer, escutar, interagir e acolher esse público, que carrega dores históricas ligadas ao preconceito, o que faz muitas delas terem que invisibilizar suas relações pessoais. “A palavra ‘orgulho’ é o contrário de ‘vergonha’ e por isso é usada nessa data, para representar uma ressignificação ao redor do assunto, para que as pessoas dessa comunidade não precisem se envergonhar de quem são. Muito pelo contrário, devem ter orgulho de quem são e de suas histórias”, explica Marcelo Ribeiro, consultor estratégico da EXEC, empresa especializada na seleção e desenvolvimento de lideranças.
Homem gay, Marcelo também já sentiu na pele as dores de ter que “se esconder” e ouviu comentários indesejados sobre sua orientação sexual. Por isso, hoje ressalta a importância de iniciativas de letramento e sensibilização sobre o assunto, que é um passo inicial básico na construção de ambientes inclusivos, mas que ainda precisa ser percorrido por muitos. No universo LGBTQIA +, o letramento vai além das necessidades básicas de alfabetização e envolve uma compreensão mais ampla das questões relacionadas à diversidade. “É a capacidade de entender, respeitar e apoiar pessoas de diferentes gêneros e orientações sexuais. O letramento abrange o conhecimento sobre experiências e desafios enfrentados por indivíduos LGBTQIA+, o entendimento dos termos e conceitos relacionados a essa comunidade e a habilidade de se comunicar e interagir de forma inclusiva”.
Entraves de entendimento
A importância do letramento LBGTQIA+ nas empresas, de acordo com Marcelo, está relacionada à promoção de um ambiente inclusivo que valorize a diversidade e respeite todas as pessoas. No entanto, ainda existe muita dificuldade de entender os termos e conversar sobre isso com as lideranças.
Entre os principais fatores estão o desconhecimento sobre o assunto, a falta de educação sobre o tema, preconceito e estereótipos enraizados, medo da crítica ou do desconhecido, falta de liderança, de exemplo e, principalmente, a resistência à mudança.“ A forma como as pessoas veem a diversidade pode levar a uma resistência em aprender e aceitar experiências diferentes das suas, criando barreiras para comunicação. Quando os líderes demonstram interesse ou valorizam a diversidade, isso pode criar um ambiente no qual as pessoas se sintam encorajadas a falar sobre o tema”, avalia Marcelo.
Para Ribeiro, superar essas dificuldades requer esforços contínuos de educação, sensibilização e engajamento. “É fundamental criar um ambiente seguro e encorajador para que as pessoas possam fazer perguntas, compartilhar experiências e aprender juntas. Ao promover uma cultura de respeito e abertura, as barreiras para a compreensão dos temas ligados à diversidade podem ser gradualmente superadas”.
Benefícios do letramento para as empresas
Promover o letramento LBGTQIA+ em uma organização, sob a ótica da diversidade, equidade e inclusão, gera diversos benefícios, de acordo com Marcelo, que culminam na geração de um ambiente mais inclusivo, colaborativo e produtivo. Entre eles, o empoderamento dos colaboradores sobre o tema, acesso equitativo à informação, melhoria da comunicação interna, estímulo à diversidade de ideias e perspectivas, fomento à igualdade de oportunidades, entre outros.
“Adquirindo uma comunicação inclusiva a empresa aumenta a autoconfiança dos colaboradores e sua capacidade de se expressar, permitindo que eles participem ativamente nas discussões e tomadas de decisões, independentemente de sua origem social ou cultural”, avalia o especialista.

 

Como promover a diversidade e inclusão na cultura organizacional?
De acordo com um levantamento feito pelo LinkedIn no ano passado, 43% das pessoas LBTQIAP+ entrevistadas declarou já ter sofrido discriminação no ambiente de trabalho, principalmente por meio de piadas e comentários homofóbicos. Em 2019, esse porcentual era de 35%.
Um cenário como esse demanda que as empresas adotem estratégias para promover e instituir, de fato, a diversidade e inclusão em sua cultura. Entre algumas citadas por Ribeiro estão o comprometimento da liderança com a promoção de uma cultura inclusiva. “A diversidade e inclusão devem ser prioridade e fazer parte dos valores fundamentais da empresa, estabelecendo metas claras e demonstrando seu compromisso por meio de ações concretas. E a liderança deve liderar pelo exemplo e envolver-se ativamente em iniciativas de diversidade e inclusão”.
A criação de políticas inclusivas também integra essa lista de ações. “As empresas devem estabelecer políticas claras que proíbam a discriminação e o preconceito, e promovam a igualdade de oportunidades, por meio da implementação de práticas de recrutamento e seleção que atraiam candidatos diversos”, pontua o especialista da EXEC.

Sensibilizar, ensinar e treinar são pontos mandatórios nessa jornada, avalia Marcelo. “Essas iniciativas podem abordar questões como vieses inconscientes, preconceito, linguagem inclusiva, estereótipos e microagressões. Existem muitos casos de profissionais que não sabem como abordar um membro da comunidade LBGTQIA+ por falta de conhecimento, o que muitas vezes pode ser feito por meio de um interesse genuíno, perguntando como a pessoa gostaria de ser chamada. Isso demonstra um forte respeito pelas diferenças”.

Completam ainda a lista a criação de grupos de afinidade, implementação de métricas de avaliação e monitoramento da diversidade – como taxas de contratação, promoção e rotatividade de colaboradores – além de parcerias externas. “Criar esses grupos propicia um espaço seguro para a troca de experiências e apoio mútuo, além de oportunidades de networking”.
Para o futuro, Marcelo acredita que o cenário de diversidade e inclusão da comunidade LBGTQIA+ será mais promissor. “Cada vez mais as empresas estão reconhecendo os benefícios de promover um ambiente inclusivo e diverso. Acredito que haverá maior representatividade desse grupo, a inclusão será feita de forma genuína, com um aumento do envolvimento dos líderes. A diversidade e inclusão devem ser vistas como uma estratégia de negócios essencial para impulsionar a inovação, a competitividade e o sucesso no longo prazo”, conclui.

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