Luto no jornalismo brasileiro: morre Gloria Maria

Luto no jornalismo brasileiro: morre Gloria Maria

A jornalista e apresentador da Rede Globo Gloria Maria faleceu hoje, 2 de fevereiro, depois de lutar contra o cãncer. Em 2019, a jornalista foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com imunoterapia. Mas logo em seguida, ela foi diagnosticada com metástase no cérebro e fez uma cirugia de emergência. Em 2020, recuperada, a apresentadora chegou a voltar ao ar no “Globo Repórter” com direito a homenagens dos colegas de profissão e recebeu um buquê de flores na redação e palmas.

No entanto em meados de 2022, Gloria iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais, mas infelizmente deixou de fazer efeito nos últimos dias. As informações foram divulgadas pela TV Globo, empresa para qual a apresentadora trabalhava desde os anos 1970.

A jornalista deixa duas filhas, Maria e Laura, de 14 e 15 anos.

Carreira

Gloria era um das jornalistas mais importantes do Brasil e estreou na televisão em 1971 durante a cobertura de um dos maiores desastres da história do Rio de Janeiro: a queda de parte do elevado Paulo de Frontin. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”, disse em depoimento ao Memória Globo.

Desde então a jornalista não parou mais e teve uma carreira meteórica por conta de sua espontaneidade em reportar os fatos da cidade. Sempre contratada da TV Globo, ela trabalhou como repórter nas redações do “Jornal Hoje”, “Bom Dia Rio” e “RJTV” no começo da trajetória.

Gloria foi a primeira repórter negra a entrar em um link ao vivo no “Jornal Nacional”. Também cobriu a posse do presidente Jimmy Carter, em 1977, e entrevistou presidentes militares durante a ditadura. O temido João Baptista Figueiredo foi um deles e entrou para o currículo da profissional.

“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura (1979). Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o ‘Jornal Nacional’, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, não vou repetir’, disse Figueiredo a Gloria. Ela ainda lembra que ele mandava, com termos racistas, sua segurança impedir a aproximação da repórter.

Além de cobrir viagens e celebridades, ela também teve momentos na história do mundo na sua história como: a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).

Gloria Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos onde obteve sua formação cultural: “Estudei inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Gloria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel. Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo.

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