Livro infantil de Ticiano Leony terá lançamento homenagem no Palacete das Artes

Livro infantil de Ticiano Leony terá lançamento homenagem no Palacete das Artes

Em homenagem aos 70 anos do escritor Ticiano Leony, sua esposa Eugênia Leony e seus filhos Letícia, Larissa, Milton e Leonardo, lançam no próximo dia 7 de abril, às 17h, no Palacete das Artes, o livro “Chinfrim, o Sariguê e Outros Bichos”, primeira obra infantil do autor que já havia publicado oito livros. Ticiano Leony faleceu no final de fevereiro, aos 69 anos, e já havia programado o lançamento do livro. Para homenageá-lo, lançar sua última obra e receber os amigos para uma despedida afetuosa, a família decidiu dar continuidade ao evento de lançamento, que terá a participação da pesquisadora Nairzinha Spinelli, que contará histórias do livro.

“Chinfrim, o Sariguê e Outros Bichos” é composto por sete capítulo com histórias contadas pelos animais – com a delicada participação especial da menina Rafinha – e mais um capítulo dedicado às parlendas, calembures e trava-línguas. Lindamente ilustrado por Sônia Perrone, o livro tem como cenário Praia do Forte, na Bahia, e fala, sempre a partir da visão dos próprios bichos, sobre os impactos que as ações humanas provocam no meio ambiente e, consequentemente na vida dos animais e na própria vida humana. 

“Para todas as crianças que vivem inocentemente em Praia do Forte e que não têm culpa do que os adultos estão fazendo, mas sofrerão quando já não forem as crianças de hoje”, escreveu Ticiano Leony em sua dedicatória que traz logo abaixo duas árvores repletas de nomes de crianças do lugar. E é para elas, e para os netos Lara, Enzo e David Joel que ele escreveu, conseguindo equilibrar, de forma muito sensível, as histórias que falam sobre os impactos ambientais, mas também sobre como o próprio ser humano tem lutado contra a destruição; sobre a sobrevivência dos animais que fazem parte de uma cadeia alimentar que sustenta a vida no planeta, e que ganham voz e expressam sentimentos através de seus personagens; sobre vida e morte neste mundo tão lindo, mas ao mesmo tempo tão implacável.

E faz tudo isso falando diretamente para as crianças (e para gente de todas as idades), sem ferir sentimentos, sem causar dor, criando a consciência de que é preciso mudar a forma como o ser humano explora os recursos naturais e trata as outras formas de vida que dividem a terra com ele. 

Os capítulos

A primeira história é do personagem que dá nome ao livro : “Chinfrim, o Sariguê”. Nela o sariguê chamado de chinfrim pelos humanos que capturaram outros dos seu bando, deixa claro como os da sua espécie são tratados, por causa da ignorância e preconceito. E ainda por cima são caçados e comidos…

Em “Nico, o mico e Nena, a sabiá” há uma embate que vai parar no tribunal da Dona Coruja. Nico devora os ovos de Nena. Nena se revolta e pede justiça. Mas na cadeia alimentar da Natureza, como sobreviveriam os micos se não comessem ovos de pássaros? Dona Coruja dará o veredicto.

A terceira história acontece com o simpático casal de sucuris Florência & Terêncio, que têm de se mudar da barragem do Rio Timeantube, conhecido como “lagoa”,  que está tendo sua água bombeada por humanos, para poder sobreviver aos tempos mais secos.

No capítulo seguinte Érica, a Tartaruga, uma tartaruga-cabeçuda, depois de três anos chega à Praia do Forte para desovar. Com ela as companheiras Cornélia e Raulina, todas baianas, nascidas ali mesmo no lugar.  Numa conversa típica de comadres eles discutem onde e como vão fazer seus ninhos e depois quem escolherão para acasalar.

No quinto capítulo Ingrid Bahia, a Jubarte, e seu filho Arnaq, também chegam de viagem às costas de Praia do Forte. Com eles mais duas baleias amigas com seus filhotes. O objetivo ? Nas águas tépidas, bem diferentes das águas geladas de onde partiram, as fêmeas deverão escolher os futuros pais de seus filhotes.

De volta à terra firme, é contada a história de Dona Vana, a maritaca e do gato catravo, um gatinho preto abandonado na chuva, salvo por uma das moradoras, que sobrevive para viver aventuras e descobrir que bicho é aquele que voa em bandos, grita e conversa sem parar com seus amigos de asas.

As histórias se encerram com a bonita Dona Sancha, a preguiça encantada, que tem um que de sobrenatural, de encantada mesmo. Ela encontra com os homens-vestidos que foram pegos na floresta pelo escuro da noite e ficaram sem saber como voltar e acabam conduzidos em segurança por um facho de luz…

O último texto, mais curto, fala de crianças de várias épocas e como as “de antigamente” eram confrontadas com as parlendas, os calembures e trava-línguas e conclama pais e avós a não deixar que elas sumam na poeira dos novos tempos, assim como as brincadeiras e brinquedos individuais e coletivos. E para isso, no início de cada capitulo, há um trava-língua e no final uma parlenda. Para que ninguém esqueça o quanto a vida é bonita e deve ser preservada.

 

 “Pequena biografia de próprio punho, mas em terceira pessoa:

Nascido no Hospital Espanhol, Salvador, Bahia, em 7 de abril de 1952. Filho único de médico atuante em patologia clínica (seu pai,  tinha laboratório de análises clínicas, Laboratório Estácio Gonzaga) o que pode tê-lo levado a sempre colocar médicos nas histórias que escreve. As figuras dos médicos como apresenta, são baseadas em velhos colegas e amigos de seu pai, Joel Leony. Sua mãe, Isaura Leony, é da tradicional e grande família Almeida de Pedra Azul, MG, de origem nas matas do sertão de baixo da Bahia, entre Santo Antônio de Jesus, São Miguel das Matas, Amargosa, Itaquara e Mutuípe no Recôncavo baiano.

Embora sempre muito influenciado pela Medicina, estudou Engenharia Civil na Politécnica da UFBA, formando-se em 1975. No entanto, o que fez profissionalmente foi tomar conta das fazendas da família por 31 anos, morando na região sudoeste do Estado em meio a pecuária, lavoura do cacau, vaqueiros, trabalhadores, mascates, abatedores de gado e até coronéis. Usou muita engenharia na administração rural o que resultou em técnicas mais aprimoradas e evoluídas.

Sempre gostou muito de ler e escrever. Quando vendeu as fazendas em 2007, seu caminho natural foi escrever. O primeiro livro foi Baraqueçaba lançado em 2014 (abril). Mas ele precisava aceitar o desafio de escrever um romance o que considerava essencial para se considerar autor. Ticiano diz que “seus contos são relatos de fatos, diferentemente da ficção romanceada na qual a pessoa precisa realmente “dar tratos à bola”. Depois do romance Orobó vieram o livro de contos Serinhaém, os romances Pirangy e O Camaleão do Outro Mundo e a novela Cafundó. Já participou de várias coletâneas no Brasil e em Portugal, com poesias e contos.

Ticiano diz que alguns livros são marcantes para quem escreve considerando “Um defeito de cor” de Ana Maria Gonçalves um divisor de águas. Ele leu quase tudo de Jorge Amado, Érico Veríssimo, Josué Montello, Aydano Roriz, Vinícius de Moraes, Manoel Bandeira, Augusto dos Anjos e Machado de Assis. Tem preferência pela literatura brasileira e diz não “perder tempo” com os estrangeiros da moda. De outros idiomas, só clássicos como O Pequeno Príncipe, Os Irmãos Karamazov e Robin Hood, (uma eterna lembrança de adolescência) e entre os lusos Eça de Queiroz e Fernando Pessoa com sua veia poética irrepreensível. Ele acusa o brasileiro médio de quase não ler literatura brasileira e preferir Harry Potter e 50 tons ou Escrito nas Estrelas que consegue, nem sabe como, sensibilizar a juventude de hoje.

Ticiano tem 4 filhos de dois casamentos. Passou pelo infortúnio de ficar viúvo num acidente de automóvel voltando da fazenda, ocasião em que perdeu também seu primogênito há 37 anos passados.

Viaja muito, conhece o mundo quase todo, tem muitos amigos, diz ele, para suprir a falta de irmãos. E uma porção de compadres.”

https://www.ticianoleony.com/blog

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