Irmãs de mãe assassinada pelo próprio filho ajudaram a prender suspeito
Bruno Eustáquio Vieira é acusado de matar a mãe, Márcia Lanzane
Foto: Reprodução/Facebook
As tias de Bruno Eustáquio Vieira, de 26 anos, deram detalhes de como realizaram as buscas que duraram mais de três anos e, na última semana, resultaram na prisão do sobrinho, suspeito de matar a própria mãe.
Irmãs da vítima, Mariusa e Minervina Lanzane fizeram uma investigação por conta própria, usando principalmente as redes sociais, para localizar Bruno. Ele é apontado pela polícia como responsável pela morte da mãe, Márcia Lanzane, no Guarujá, litoral de São Paulo, em São Paulo.
“Ele viveu a vida inteira com a gente e ele não existe. A pessoa que existe, infelizmente, é uma pessoa fria, calculista”, afirmou Minervina ao Fantástico, em reportagem exibida neste domingo, 14. “Por que você tirou a vida da tua mãe? Por que você tirou? Mas ele não respondeu nada”, conta Mariusa.
O crime ocorreu em 21 de dezembro de 2020, quando Bruno e Márcia estavam em casa. A residência tinha câmeras de monitoramento, que mostram o momento em que o jovem levanta do sofá e vai ao quarto da mãe. De acordo com a polícia, ele apertou o pescoço de Márcia, que morreu ali mesmo. Na sequência, Bruno volta para a sala, senta no sofá e toma uma cerveja. Ele dorme em casa e ainda vai para a academia no dia seguinte. Uma hora depois, ele passa pelo quarto da mãe, finge desespero e liga para polícia.
Bruno é formado em Direito, mas não trabalhava. Ao Fantástico, as tias disseram que o sobrinho queria um padrão de vida que a mãe não podia dar. “A gente tentou entrar na casa para ver as câmeras e o Bruno não deixou, de jeito nenhum”, destacou Mariusa. Ele havia escondido o equipamento que armazenava as imagens dentro do forno do fogão da casa. Quando a polícia conseguiu ver as imagens e pedir a prisão de Bruno, em maio de 2021, ele já havia fugido do Guarujá no carro da mãe.
Buscas em redes sociais
As tias montaram uma página pedindo por Justiça numa rede social, na qual compartilhavam fotos de Bruno. Até aí, ele já havia passado por cidades como Cubatão, São Paulo e Guarulhos, de acordo com a polícia.
Multas do veículo de Márcia começaram a chegaram para as irmãs e mostravam que o jovem estaria em Goiânia. A vaga de estacionamento onde Bruno levou as multas ficava em frente a uma república de estudantes da cidade. A dona não teria ajudado as tias a obter informações sobre o sobrinho, que fugiu novamente após saber que as tias tinham pistas sobre seu paradeiro, segundo a reportagem.
As informações seguintes obtidas pelas tias em redes sociais apontavam que Bruno tinha começado a namorar uma jovem de Curitiba. Num perfil ao qual Minervina e Mariusa tiveram acesso, a moça postou um vídeo em que aparecia uma marcação em Belo Horizonte.
“Era um áudio: ele brincando com o gato e a voz do Bruno, só que adulterada. Não tinha como negar que era do Bruno. Mesmo com a mudança na voz”, contou Mariusa ao Fantástico.
Uma amiga das irmãs emprestou o carro e elas conseguiram ir à capital mineira. Lá, dormiram dentro do veículo para depois seguir com as investigações. Ao amanhecer, elas procuraram uma loja de produtos para animais de estimação cujo perfil havia comentado no vídeo postado pela namorada de Bruno.
A responsável pela loja o reconheceu e informou o endereço do jovem. “Mostrei a foto e ela disse: ‘Conheço! É ele mesmo!’. Falamos que éramos tias dele, que estávamos à caça dele há três anos e meio, mas não tinha o endereço. E ela falou: ‘Eu tenho'”, lembra uma das irmãs.
A polícia mineira foi avisada e fez campana. “Tinha duas saídas [na casa onde Bruno estava morando]. A gente ficou de olho na saída de baixo e os policiais na saída de cima. Cinco minutos depois, ele saiu. Aí acelerei o carro, fiquei buzinando”, contou Mariusa.
Os policiais se aproximaram de Bruno e o abordaram. Quando reparou que as tias também estavam no local, ele tentou fugir, mas foi preso.
Agora na cadeia, Bruno irá a júri popular. “É muito triste de ver. Era algo que a gente não queria”, concluiu Mariusa.