Grito dos Excluídos reuniu manifestantes em várias cidades do Brasil clamaram por direitos básicos, em especial o fim da fome
Desde 1995, todo 7 de setembro acontece o Grito dos Excluídos”, sempre com o tema “Vida em Primeiro Lugar” realizado por movimentos populares, sindicais e a igreja católica. Enquanto o presidente Jair Messias Bolsonaro realizava um comício em Brasília nas comemorações do Bicentenário da sua Independência, manifestantes ecoavam em várias cidades do país o lema do 28º Grito dos Excluídos: “Brasil: 200 anos de (In)Dependência. Para quem?”.
“Essa edição, de forma especial, quer mostrar que as nossas instituições públicas estão sendo desrespeitadas pelo atual governo e, sobretudo, denunciar o agravamento da fome, a versão mais cruel da desigualdade. Uma fome que é resultado de escolhas políticas”, comenta a educadora popular Márcia Falcão, integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), entidade que participa da organização do Grito.
Desde o início do Grito dos Excluídos e das Excluídas, a segurança alimentar sempre esteve no centro do debate. E, após 28 anos de luta, o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente continua a ser reivindicado. Sob Bolsonaro, o Brasil voltou ao “Mapa da Fome” em 2021.
Com chuva e frio, o Grito dos Excluídos em São Paulo destacou a fome que atinge mais de 30 milhões de brasileiros. Na Praça da Sé, foi servido um café da manhã para 3 mil pessoas em situação de vulnerabilidade.
No Rio, houve passeata até o Cais da Valongo na região portuária onde, no século 19, os africanos escravizados chegavam ao Brasil. Alguns grupos protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro.
Em Florianópolis os ativistas se concentraram no antigo terminal da cidade e saíram em caminhada.
Manifestantes forraram o chão bandeiras e cartazes e homenagearam o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, assassinados na Amazônia por pescadores ilegais.
Em Aracaju, manifestantes pediram justiça para Genivaldo de Jesus, que morreu sufocado por gás lacrimogêneo no porta-malas de um carro em que foi trancado por policiais rodoviários federais. partidos políticos. A caminhada seguiu até a praça Castro Alves.
O evento foi realizado de diferentes modos: em Manaus aconteceu no dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, com a celebração de uma missa, presidida pelo Cardeal Leonardo Steiner, os bispos auxiliares e dezenas de padres, contando com uma boa representação do povo de Deus da Arquidiocese de Manaus, e uma passeata na rua, pedindo os direitos que lhe são negados ao povo.
Um grito necessário, segundo o Cardeal Steiner, “o grito da recordação, o grito da mostração, o grito da visibilização de tantos irmãos e irmãs que são excluídos da nossa vida social. São excluídos da habitação, da casa, são excluídos da terra, são excluídos do emprego, são excluídos na justiça. São excluídos da própria sociedade em termos de religião, de fé, de educação. Quantas exclusões na saúde, na segurança”, lamentou Dom Leonardo.
Segundo o padre Alcimar Araujo, esta é uma manifestação muito importante em que a Igreja católica sai às ruas há 28 anos, independentemente dos governos. Um grito que neste ano é extremamente importante diante da “PEC da devastação”, que quer liberar a exploração do garimpo nas terras indígenas sem nenhum critério, segundo o vice-presidente da Caritas Arquidiocesana de Manaus.
Depois do tempo da pandemia, em que morreu tanta gente, o padre Alcimar afirmou que poder reunir as pastorais sociais e os movimentos sociais “quer dizer que nós não aceitamos essa situação”, insistindo em que é necessário que a gente deixe de ser espectador para a gente ser protagonista da nossa vida, da vida do povo”. Ele denuncia que “o custo de vida aumentou, o desemprego aumentou, a pandemia matou muita gente, e a gente percebe que se a gente ficar calado com tudo isso, é concordar com aquilo que está acontecendo”.
Início do movimento
A primeira mobilização ecoou em 170 localidades do país e teve como lema “A vida em primeiro lugar”. Ainda que sua origem seja católica, de lá pra cá, o ato simbólico expandiu-se para outros âmbitos, envolvendo movimentos populares, religiosos e sindicais, entre outras organizações comprometidas com as causas das populações mais vulneráveis.
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