Fúria + Encantado Estreia dos dois últimos espetáculos da Lia Rodrigues Companhia de Danças inéditos no Rio de Janeiro

Fúria + Encantado Estreia dos dois últimos espetáculos da Lia Rodrigues Companhia de Danças inéditos no Rio de Janeiro

Depois de seis anos longe dos palcos cariocas, a Lia Rodrigues Companhia de Danças estreia, no Centro de Artes da Maré, sede da Companhia, suas duas últimas criações: Fúria, de 2018, e Encantado, de 2021.

A demora em voltar à cidade foi por motivo de força maior. Quando Fúria estava prestes a estrear, em agosto de 2019, uma série de imprevistos adiou as apresentações. Logo depois, veio a pandemia de Covid-19. Mas, agora, depois de correrem o mundo, conquistarem diversos prêmios, Fúria ocupa o Centro de Artes da Maré, de 23 de setembro a 2 de outubro, e Encantado, de 7 a 16 de outubro. Serão 12 apresentações de cada trabalho – sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h -, com os onze intérpretes-criadores da Lia Rodrigues Companhia de Danças.

Fúria teve sua estreia mundial em dezembro de 2018, no Théâtre National de Chaillot e no teatro Le Cenquatre, em Paris, onde Lia Rodrigues é artista associada, numa parceria com o Festival de Outono de Paris. Desde então, foi apresentado em diversos teatros e festivais na Europa (Alemanha, Portugal, Bélgica, França, Itália, Grécia) e no Brasil (Festival de Curitiba, Bienal de Fortaleza, e o SESC Consolação/SP), entre outros lugares. O espetáculo ganhou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) 2019 de Dança/Interpretação.

Em Fúria, um mundo povoado de imagens se constrói e se desmancha sem trégua, diante dos olhos do público. Os corpos de nove artistas da companhia se transformam em uma mistura de cores, formas e texturas. Como espiar o tempo em um mundo dominado por uma infinidade de imagens contrastantes – medonhas e belas, sombrias e luminosas – atravessadas por uma infinidade de perguntas não respondidas e perpassadas por contradições e paradoxos? Como espiar o tempo em um mundo de fúria? Como dar visibilidade e voz ao que está invisível e silenciado? Um trecho de uma música tradicional dos povos Kanak, da Nova Caledônia, repetido infinitamente, acompanha grande parte da performance.

Encantado foi criado no Centro de Artes da Maré durante a pandemia e estreou, em dezembro de 2021, no Festival de Outono de Paris, que, nesta edição, teve a coreógrafa Lia Rodrigues como homenageada. Encantado ganhou o Prêmiodo Sindicato da Crítica Francesa de Melhor Espetáculo de 2021, já foi apresentado em países como Alemanha, Itália, Eslovênia, Suiça, Holanda, e, no Brasil, em Recife (TREMA! Festival) e São Paulo (SESC Pinheiros).

A palavra “encantado”, do latim incantatus, designa algo que é ou foi objeto de encantamento ou de feitiço mágico. Encantado é também sinônimo de maravilhado, deslumbrado ou fascinado e também uma expressão de cumprimento social.  No Brasil, encantado tem ainda outros sentidos. O termo se refere às entidades que pertencem a modos de percepção do mundo afro-indígenas. Os encantados, animados por forças desconhecidas, transitam entre céu e terra, nas selvas, nas pedras, em águas doces e salgadas, nas dunas, nas plantas, transformando-os em locais sagrados. São seres que atravessam o tempo e se transmutam em diferentes expressões da natureza. Não experimentaram a morte, mas seguiram em outro plano, ganhando atribuições mágicas de proteção e de cura. Deste modo, as ações predatórias que ameaçam a vida na Terra, a destruição sistemática das florestas, dos rios e dos mares impactam também a existência dos Encantados. Não há como separar os encantados da natureza ou a natureza desses seres. Como encantar nossos medos e nos colocarmos no coletivo, próximos uns dos outros? Como encantar o que nos cerca, imagens, danças e paisagens e transformá-las em nossos corpos e ideias?  Como entrar em encantamento e nos acoplarmos, nós e o ambiente, em arranjos variados e ir ao encontro dos seres viventes em toda a sua diversidade?

“Para a criação de Fúria construímos uma coleção de imagens do mundo e do Brasil, imagens do presente e do passado, imagens de alegria, de dor, de violência, de amor. Construímos um grande mural numa das paredes do Centro de Artes da Maré. E começamos a trabalhar na articulação dessas imagens, colocando-as em relação umas com as outras, criando quadros vivos. Trabalhamos com a multiplicidade de identidades, mobilidade, apropriação de signos, disfarces de símbolos. Procuramos situações coreográficas, espaços, cores, ambientes, texturas. Trabalhamos em fragmentos, criamos cenas”. Em Encantado, os onze artistas-criadores da Companhia utilizam 140 cobertores que se transformam em cenário, figurino e partes dos próprios corpos. A magia foi o fio condutor do processo criativo que aconteceu num dos períodos mais dramáticos da história recente com a crise sanitária do Covid 19.  As duas criações carregam as experiências vividas dentro e fora do Centro de Artes da Maré pelos intérpretes, a coreógrafa Lia Rodrigues e a assistente de direção Amália Lima.

Para facilitar o acesso ao Centro de Artes da Maré, serão disponibilizadas, aos sábados e domingos, vans que farão o trajeto Cobal de Botafogo-Maré. Os lugares são limitados e as reservas devem ser feitas pelo whatsapp (21) 97481-3842, a partir de 20 de setembro.

Sobre Lia Rodrigues, Centro de Artes da Maré e Escola Livre de Dança

Lia Rodrigues nasceu em 1956, em São Paulo, onde se formou em ballet clássico e estudou História na Universidade de São Paulo. Após ter participado do movimento de dança contemporânea em São Paulo, nos anos 70, integrou a Compagnie Maguy Marin (França), entre 1980 e 1982. De volta ao Brasil, fundou a Lia Rodrigues Companhia de Danças, em 1990, no Rio de Janeiro, e, em 1992, criou e dirigiu durante 14 anos o festival Panorama da Dança.

Em 2004, a convite da dramaturga Silvia Soter, Lia Rodrigues iniciou uma parceria com a Redes da Maré [redesdamare.org.br], com a qual desenvolve projetos artísticos e pedagógicos na favela da Maré, no Rio de Janeiro. Dessa parceria nasceu, em 2009, o Centro de Artes da Maré, e, em 2011, a Escola Livre de Dança da Maré.

Lia Rodrigues Companhia de Danças [liarodrigues.com] celebra, em 2022, 32 anos de existência com atividades continuadas de pesquisa, criação e formação; apresentações pelo Brasil e pelo mundo. No Centro de Artes da Maré, nasceram Encarnado (2005), Pororoca (2009), Piracema (2011), Pindorama (2013), Para que o céu não caia (2016), além de Fúria (2018) e Encantado (2021).

Centro de Artes da Maré é um espaço direcionado para a formação, criação e difusão das artes, onde são realizados diversos projetos culturais e sociais. Lá funciona a Escola Livre de Dança da Maré.

 A Escola Livre de Dança da Maré, aberta em 2011, realiza um trabalho de caráter continuado e atividades gratuitas, articulando dança, ações de formação e sócio educativas em torno de dois núcleos: um aberto à todos os moradores da Maré e arredores, de todas as idades, que oferece oficinas e aulas diversas frequentadas por mais de 300 alunos por ano; e outro, o Núcleo 2, de formação continuada em dança, que oferece a aproximadamente 20 jovens, selecionados através de audição, uma formação intensiva em dança, com aulas práticas e teóricas.

[https://www.redesdamare.org.br/br/info/7/escola-livre-de-danca-da-mare-eldm]

 Fúria + Encantado – Temporada de estreia no Rio de Janeiro

com a Lia Rodrigues Companhia de Danças

Fúria – de 23 de setembro a 2 de outubro de 2022

Encantado – 7 a 16 de outubro de 2022

Sextas e sábados, 20h. Domingos, 19h. Entrada gratuita.

Sujeito a lotação. Distribuição de senhas 1h antes do início do espetáculo.

CENTRO DE ARTES DA MARÉ

Rua Bittencourt Sampaio, 181, Nova Holanda, Maré (terceira rua à direita depois da passarela 9 da Av. Brasil, sentido Centro-Zona Oeste)

Tel. (21) 3105-7265.

Recomendamos usar transporte público, táxi ou carro de aplicativo pois não há vagas para estacionar no local.

Será oferecido um serviço de van (trajeto Cobal de Botafogo-Maré), aos sábados e domingos. Saída às 19h, aos sábados, e às 18h, aos domingos.

Venda de ingressos para van (R$ 42,00):

https://www.sympla.com.br/vans-lia-rodrigues-companhia-de-dancas__1718748?share_id=a7iq1

www.liarodrigues.com

www.facebook.com/liarodriguescompanhiadedancas

@liarodriguesciadedanca

FÚRIA

Duração: 70 min. Lotação: 120 pessoas. Classificação indicativa: 16 anos

Criação e direção: Lia Rodrigues

Assistente de criação e direção: Amália Lima

Dançado e criado em colaboração com: Leonardo Nunes, Felipe Vian, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier. Também dançado por David Abreu.

Colaboração na criação: Clara Cavalcante e Karoll Silva

Dramaturgia: Silvia Soter

Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer

Criação de Luz: Nicolas Boudier

Produção e difusão internacional: Thérèse Barbanel e Colette de Turville

Professoras: Amália Lima, Sylvia Barreto

Produção Brasil:  Gabi Gonçalves/Corpo Rastreado

Produção geral da temporada Centro de Artes da Maré 2022: Claudia Oliveira

Secretaria e administração: Glória Laureano

Coprodução: Chaillot – Théâtre national de la Danse, CENTQUATRE-Paris, Fondation d’entreprise Hermès dans le cadre de son programme New Settings,  Festival d’Automne  de Paris, MA scène- nationale, Pays de Montbéliard, Les Hivernales – CDNC (França);  Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Festival Frankfurter Position 2019 –BHF-Bank-Stiftung, Theater Freiburg,  Muffatwerk/Munique (Alemanha); Kunstenfestivaldesarts, Bruxelas (Bélgica); Teatro Municipal do Porto,  Festival DDD – dias de dança (Portugal).

Realização: Lia Rodrigues Companhia de Danças

Parceria: Redes da Maré e Centro de Artes da Maré

Lia Rodrigues é artista associada ao Chaillot-Théâtre national de la Danse e ao CENTQUATRE, França.

Agradecimentos:  Zeca Assumpção, Inês Assumpção, Alexandre Seabra, Mendel Landweer, Jacques Segueilla, equipe do Centro de Artes da Maré e da Redes da Maré.

ENCANTADO

Duração: 60 min. Lotação: 120 pessoas. Classificação indicativa: 16 anos

Criação e direção:  Lia Rodrigues

Assistente de criação e direção: Amália Lima

Dançado e criado em colaboração por: Leonardo Nunes, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Da Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier, David Abreu, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre. Também dançado por Felipe Vian e Dandara Patroclo

Colaboração na criação: Joana Castro e Matheus Macena

Dramaturgia: Silvia Soter

Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer

Criação de luz: Nicolas Boudier com assistência técnica de Baptistine Méral e

Magali Foubert

Trilha sonora/mixagem: Alexandre Seabra (a partir de trechos de músicas do povo Guarani Mbya/Aldeia  de Kalipety da T.I. Tenondé Porã, cantadas e tocadas  durante a marcha de povos indígenas em Brasília, em  agosto e setembro de 2021, contra o “marco temporal”, uma medida inconstitucional que prejudica o presente e o futuro de todas as gerações dos povos indígenas.

Produção e difusão internacional: Colette de Turville, com assistência de Astrid Toledo

Administração França: Jacques Segueilla

Produção Brasil: Gabi Gonçalves/Corpo Rastreado

Produção geral da temporada Centro de Artes da Maré   2022: Claudia Oliveira

Idealização e produção do projeto de apoio do Instituto Goethe: Claudia Oliveira

Secretaria e administração: Glória Laureano

Professores:  Amalia Lima, Sylvia Barretto, Valentina Fittipaldi

Uma coprodução de Scène nationale Carré-Colonnes; Le TAP – Théâtre Auditorium de Poitiers; Scène nationale du Sud-Aquitain; La Coursive – Scène nationale de La Rochelle; L’empreinte, Scène nationale Brive-Tulle; Théâtre d’Angoulême Scène Nationale; Le Moulin du Roc, Scène nationale à Niort; La Scène Nationale d’Aubusson; Kunstenfestivaldesarts (Brussels); Brussels, Theaterfestival (Basel); HAU Hebbel am Ufer (Berlin); Festival Oriente Occidente (Rovereto); Theater Freiburg; l’OARA – Office Artistique de la Région Nouvelle Aquitaine; Julidans (Amsterdam); Teatro Municipal do Porto; Festival DDD, dias de dança; Chaillot – Théâtre national de la Danse (Paris); Le CENTQUATRE-PARIS; e Festival d’Automne à Paris.

Com apoio de FONDOC (Occitanie)/França; Fundo Internacional de Ajuda para as Organizações de Cultura e Educação 2021 do Ministério das Relações Exteriores da República Federal da Alemanha, do Goethe-Institut e de outros parceiros; Fondation d’entreprise Hermès/França, com a parceria de France Culture.

Uma produção da Lia Rodrigues Companhia de Danças com apoio da Redes da Maré, da Campanha “A Maré diz não ao Coronavírus – projeto Conexão Saúde” e do Centro de Artes da Maré.

Agradecimentos:  Thérèse Barbanel, Antoine Manologlou, Maguy Marin, Eliana Souza Silva, equipe do Centro de Artes da Maré.

 “Encantado” é dedicado ao Oliver.

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