Fronteiras do Pensamento 2019 debate racismo e o feminismo negro no TCA, em Salvador
A Mestre em Filosofia e pesquisadora Djamila Ribeiro e a historiadora Lilia Schwarcz encerram nesta terça-feira, 1º, às 20h30, a temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento, no Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. Elas irão debater sobre o racismo e as perspectivas feministas negras. O projeto, patrocinado pela Braskem e pelo Governo do Estado, através do Fazcultura, também trouxe para Salvador o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura e o filósofo francês Pierre Lévy.
Durante o debate, Lilia analisará a recriação do racismo estrutural no país. “O sistema escravocrata nos legou uma situação perversa que vem sendo recriada, na nossa contemporaneidade, por um perverso racismo estrutural e institucional. Não teremos uma república (uma res-publica) enquanto admitirmos o racismo”. Para ela, essa formação da sociedade brasileira reflete nos dias atuais. “Nosso presente anda assombrado pelo passado. No Brasil de hoje em dia não basta dizer que não se é racista, é preciso ser antirracista”, defende.
Djamila também avaliará como a perspectiva histórica e estrutural de desigualdades postas na sociedade brasileira, refletem a partir do feminismo negro sobre novos marcos de humanidade com pluralidade de pensamento. Ela ainda abordará o desafio ao regime de autorização discursiva que fixou um grupo social como o único detentor do saber e da fala. Para Djamila Ribeiro, o empoderamento dos movimentos negro e feminista é resultado de um trabalho histórico, que vai ganhando mais relevância à medida que as pessoas adquirem mais consciência social.
Filósofa e pesquisadora, Djamila iniciou a militância feminista aos 19 anos e atualmente é um dos principais nomes do movimento no Brasil. Ela é mestre em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Em 2019, foi convidada pelo governo francês a participar do programa Personalidades do Amanhã, projeto que escolhe um representante por país da América Latina e Caribe por sua projeção atual e impacto no futuro.
Djamila Ribeiro é autora dos livros Quem tem medo do feminismo negro e O que é lugar de fala, que vendeu 50 mil exemplares. Seus textos ressaltam os efeitos do racismo e por que esta é uma preocupação de toda a sociedade.
Já Lilia é professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e Global Scholar na Universidade de Princeton desde 2015, atua como curadora adjunta para histórias e narrativas no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e é colunista do jornal Nexo. Em 2018, criou um canal no YouTube para discutir os assuntos que a transformaram em uma das maiores intelectuais brasileiras: questões raciais e história do Brasil.
Ela ganhou o Prêmio Jabuti pelos livros As barbas do imperador e O sol do Brasil e foi indicada para a mesma premiação por Brasil: uma biografia, que ela escreveu com Heloisa Murgel Starling. Fundadora da editora Companhia das Letras, sua mais recente publicação é Sobre o autoritarismo, lançado em 2019.
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