Refrigeradores e congeladores ‘gastões’ deixarão de ser fabricados e importados no Brasil a partir do ano que vem
Os refrigeradores e congeladores brasileiros acabam de ganhar novos níveis máximos de consumo de energia. A Resolução nº2, de 23 de novembro de 2023, publicada hoje (08/12/2023) pelo Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), determina que a partir de 2024 os fabricantes brasileiros deverão parar de produzir refrigeradores e congeladores que estejam abaixo dos novos níveis. O ganho é principalmente do consumidor, que passará a ter acesso a aparelhos que consomem menos energia e ajudam a reduzir o valor da conta de luz. Os níveis máximos de consumo de energia são uma espécie de nota de corte que define o que pode e o que não pode ser fabricado e vendido no Brasil. A revisão dos níveis dos refrigeradores e congeladores foi um processo longo, que contou com debates entre o CGIEE, a sociedade civil e a indústria. Em dezembro de 2022, foi aberta Consulta Pública à minuta da portaria. A Rede Kigali, composta por organizações que trabalham em prol da eficiência energética no Brasil, participou da consulta como única representante da sociedade civil e reforçou a importância da adoção de critérios mais rigorosos para a eficiência desses aparelhos. “Nesse processo, a participação da Rede em espaços de interlocução com o poder público foi fundamental. Além da contribuição na consulta, também participamos da Audiência Pública realizada em fevereiro de 2023 para discutir a questão”, informa Priscila Arruda, analista de pesquisa do Programa de Energia do Idec, uma das organizações da sociedade civil que compõem a Rede Kigali. “Lembrando que, com a implementação dos novos níveis, o consumidor poderá ter acesso a produtos mais eficientes no mercado brasileiro”, completa Arruda. ATÉ 2028 A análise da Rede Kigali mostra que, embora o nível máximo de consumo adotado na segunda etapa represente um avanço significativo em comparação com o baixo rigor do nível atual, os novos níveis até 2030 continuarão piores do que os de vários países africanos, como África do Sul, Angola, Moçambique, Namíbia, Quênia, Tanzânia, Uganda e Zimbábue. Até lá, de 2026 a 2030, o Brasil terá uma nota de corte 49% menos eficiente em média do que as desses países, que se alinharam com a recomendação da iniciativa global “Unidos pela Eficiência” (tradução livre de United for Efficiency – U4E), capitaneada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e voltada aos países em desenvolvimento. Apenas a partir de 2031 o Brasil passará a estar alinhado a esses países.
SOBRE A REDE KIGALI Composta por organizações da sociedade civil, a Rede Kigali tem como propósito promover a eficiência energética como um instrumento para atingir múltiplos benefícios para a sociedade brasileira e para o consumidor. A Rede é composta por CLASP, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (iCS), International Energy Initiative – IEI Brasil e Projeto Hospitais Saudáveis (PHS). Saiba mais no site. |