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Escolha pela cremação cresce entre brasileiros

 

Apesar de ser uma prática milenar, a cremação no Brasil ainda não tem o mesmo alcance dos sepultamentos tradicionais. Porém, empresas do segmento têm notado um importante crescimento nos últimos anos. Um levantamento feito pelo Grupo Zelo, maior empresa de serviços funerários do país, com mais de 200 unidades em 13 estados e no Distrito Federal, sendo sete crematórios, apontou crescimento de 72,76% na demanda pela cremação, comparando os últimos trimestres de 2022 e de 2023.

Columbários são opção para famílias que desejam guardar as cinzas do ente falecido. (Foto: Fernando Costa/Divulgação)

Em dezembro, o total de planos com a opção de cremação ultrapassou a marca de 39 mil. De acordo com Roberto Sant’Ana, diretor de operações do Grupo Zelo, os planos funerários têm ajudado a democratizar a prática no país, uma vez que ainda existe o mito de que a cremação é uma opção mais cara em relação ao sepultamento em jazigos, mas esta não é a realidade. “Temos observado essa mudança inclusive no perfil socioeconômico das famílias que optam por este serviço. Com R$ 10 a mais no valor do plano é possível incluir a cremação como opção de despedida para o titular e todos os dependentes e isso proporciona mais acesso das famílias ao serviço”, ressalta Sant’Ana. No ano passado as cremações realizadas pela empresa representaram 26,4% dos serviços cemiteriais realizados.
Os valores cobrados pela cremação fora de um plano funerário variam de acordo com a cidade/região e se a família pretende adquirir os serviços para uso imediato ou futuro. Em geral, paga-se mais barato em casos de uso futuro. “O planejamento para a morte é um passo importante para ser dado nas famílias, pois o fator financeiro pode se tornar um complicador e motivo de desgaste ainda maior para os que ficam”, explica o diretor.
“O fato de não precisar de um jazigo, que demanda não só um investimento inicial, mas também a manutenção periódica do espaço, torna o custo-benefício da cremação mais interessante. Aliado a isso temos ainda a possibilidade de eternizar as memórias dos entes queridos de diversas formas, personalizando ainda mais a despedida”, avalia.
Os crematórios fazem parte da história recente do país, sendo o primeiro construído em São Paulo em 1974. De acordo com dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), entre 8% a 9% dos mortos no país são cremados. Enquanto isso há países como o Japão em que a taxa de cremação é de 98%.
Uma das barreiras encontradas, além do tabu geral relacionado a morte, está nas questões religiosas. Há diferentes visões que pautam as diretrizes em torno desse processo. Entre os católicos, por exemplo, a aceitação da cremação ocorreu em 1963, mas ainda hoje a igreja mantém uma série de regras relacionadas à conservação das cinzas. A orientação é que não sejam guardadas em casa, ou divididas entre familiares e tampouco transformadas em objetos de comemoração. Já as igrejas evangélicas não proíbem, mas recomendam o sepultamento, seguindo um direcionamento mais tradicional, alinhado ao velho testamento. Os espíritas aceitam bem a prática, desde que seja respeitado o prazo de 72h após a morte, para que corra o tempo do espírito se desvincular do corpo.
Entenda o processo

De acordo com a Lei Federal nº 6.015, a cremação só pode acontecer mediante “declaração de vontade” registrada em cartório pelo indivíduo ou por meio de autorização de parente de primeiro grau juntamente com duas testemunhas.
É preciso ainda que haja laudo médico atestando o óbito e assinado por dois médicos ou um médico legista. No caso de morte violenta, é necessária autorização judicial.
O processo contempla uma despedida final da família e em seguida o corpo é encaminhado para uma câmara fria, onde permanece por 24h. Antes de entrar no forno, que alcança temperatura de até 1.200° C, devem ser retiradas joias, dispositivos médicos como marca-passo e membros artificiais. Ao fim do processo de incineração, todo o conteúdo passa por um período de resfriamento para que em seguida ocorra a separação das cinzas do caixão, roupas e outros resíduos, dando sequência à moagem dos ossos carbonizados, que são transformados em cinzas.

As famílias podem escolher levar as urnas para casa ou guardá-las em columbários, que são espaço específicos para este fim, presentes nos cemitérios ou memoriais velatórios.
Cremação de Pets

Seja dentro dos planos funerários ou de forma particular, também é possível optar pela cremação no momento de despedida de um pet. Existem cemitérios e crematórios voltados exclusivamente para animais e muitos tutores e famílias também tem preferido essa opção. “Existe a opção de cremação coletiva, por exemplo, no qual as cinzas do animal não retornam à família, mas assim como ocorre no processo humano, é possível também receber uma urna exclusiva do pet e dar o destino desejado para preservar a memória daquele membro da família”, explica Roberto Sant’Ana, do Grupo Zelo.
E, seguindo a tendência de crescimento da prática no Brasil, os serviços de cremação pet também tiveram um aumento significativo entre os clientes do Grupo Zelo. Comparando o terceiro e quarto trimestre de 2023, essa modalidade teve aumento de 60,2% na demanda

POR: Rita Moraes
Publicado em 11/03/2024