Ex-manager de Gal Costa na Sony confirma a Revista Quem boicotes de Wilma à carreira da artista

Ex-manager de Gal Costa na Sony confirma a Revista Quem boicotes de Wilma à carreira da artista

Em entrevista à Revista Quem, o ex-manager de Gal Costa na gravadora Sony, André Pacheco, ex-manager de Gal Costa na gravadora Sony relatou as dificuldades de lidar com Wilma Petrillo. Ele era também responsável pela estratégia de marketing do disco ‘Estratosférica’, trigésimo sexto disco da cantora, lançado em 2015.

Pacheco relata que a viúva da artista minou sua carreira com vetos e supostas mentiras que faziam com que a cantora perdesse contratos.

Ele foi responsável também pela venda de shows da turnê Estratosférica e  pela estratégia de divulgação do projeto na gravadora, entre 2015 e 2016.

Na entrevista a repórter Carla Neves ele falou sobre as dificuldades que teve em lidar com a viúva e como a relação profissional terminou em maus lençóis.

A entrevista foi feita após as denúncias publicadas pela reportagem de Thallys Braga na revista Piauí, em que foram entrevistadas mais de 60 pessoas que conviveram com Petrillo.

Pacheco, que inicialmente se mostrou desconfortável para falar sobre o assunto, diz acreditar que tudo o que foi relatado na matéria da revista é verdade e conta, em detalhes, como o clipe da música Quando Você Olha Pra Ela foi vetado por contar com um artista agênero como protagonista.

Acompanhe a entrevista:

Como foi o tempo que você trabalhou com Gal Costa na Sony?
Eu era gerente de marketing da Sony e a Gal estava sem gravadora na época (2015). Eu já conhecia a Wilma [Petrillo] e a Gal quando morei em Salvador (BA) por um tempo. Quando eu fui pra Sony, ninguém queria a Gal, ninguém queria o projeto, mesmo que fosse maravilhoso, por causa dela [da viúva], mas conseguimos. Quando Gal chegou, começamos a ter vários problemas por causa de contrato, com Wilma, o que pode e o que não pode, mas a Gal sempre só sabia de metade da história. Me falaram: ‘Pacheco, a Wilma gosta de você’. E realmente ela nunca me fez nada, mas eu via ela fazendo com muitas coisas horrorosas. Mas, pra preservar minha relação com a Gal, eu preservava a minha relação com a Wilma. E, nesse meio tempo, a gente combinou que a Wilma não iria frequentar as minhas reuniões. No caso, ia sempre a Gal, o Marcus Preto [produtor] e, de vez em quando, a assessora dela. Quando a Wilma ia, eu não fazia a reunião.

Como isso aconteceu?
Era o clipe de Quando Você Olha Pra Ela, de autoria da Mallu Magalhães. Tava tudo lindo, pronto, autorizado. Ficou só entre eu, Gal, Wilma e Marcus Preto. A Gal pirou, adorou, achou que estava lindo. Mas quem assinava era a Wilma e e ela não autorizou a liberação. Quando viu, não foi bem assim que ela disse, mas disse: “se tiver travestis, não entra”. Eu disse: “Mas Wilma, não tem travestis. É estética agênero”. Ela: “travestis” [enfatizando]. Aí eu falei: “como é que a gente faz?”. Ela: “edita”. E eu: “mas tá no roteiro”. O clipe não foi lançado. Foi orçado em R$ 90 mil. Tá arquivado, inédito. Esse primeiro eu não sei te falar precisamente se a propriedade dele chegou a ser da Sony por conta disso, dos contratos. Aí, na sequência, eu como Sony Music e como empresário, fechei parceria com a Sony Eletrônicos. Eles entraram junto com a gente e falaram: “vamos fazer mais, vamos soltar, vamos gerar conteúdo”. Falei: “beleza”. Aí gravamos outro clipe, no palco, de drone. Ficou maravilhoso, mas não foi lançado porque a Wilma disse que “a Gal não estava bonita”.

Segundo ela?
Segundo ela. E o clipe estava maravilhoso e nem chegou a ser apresentado. O primeiro chegamos a comprometer orçamento em folha, etc. O segundo, não, porque ela brecou tudo antes. Brecou no sentido de… Não tinha diálogo. Aí eu pedi demissão. Foi um momento de troca de presidência. Antes eu que fazia a intermediação. Quando teve a troca, apresentei a Gal o presidente novo, todo mundo, mas, na sequência, na continuidade do trabalho, não conseguimos seguir. E aí, quando eu tive a minha crise de herpes-zóster, me afastei. Tirei dois meses de licença. A empresa perguntou se eu teria condições de pelo menos cuidar da Gal, já que ninguém tinha condições de lidar com a Wilma. Neste meio tempo, vou falar de uma maneira bem suave, mas interprete como quiser. A gravadora demitiu a Gal por conta da Wilma, porque ela não assinava nenhum contrato, não cumpria nenhuma norma e a Gal era a vítima. A Gal sempre foi a vítima.

A gravadora…
[Pacheco interrompe] Foi uma pena enorme. Quando eu falo que ela era vítima, ao mesmo tempo que ela confiava muito em mim, no Marcus Preto, na assessora, todo mundo, ela também tinha uma dependência muito grande da Wilma. Se ela [Wilma] falasse: “vocês estão fora”, todo mundo tava fora. Qualquer embate, quem ganhava era a Wilma. Em 28 anos, nunca ninguém ganhou uma briga envolvendo a Gal com a Wilma à frente. Tanto que, a distância dos “baianos” [Pacheco não especifica quem são] é por isso. Ninguém tinha acesso a Gal por conta dela.

Acho que a Gal só deu certo na última fase dela, porque tinha o Marcus Preto e a assessoria e ela confiou em mim. Nesta reta final dela, de gravadora. A última fase foi na Biscoito Fino. Mas ela chegou lá porque a Kati Almeida Braga, dona da gravadora, já estava entendendo tudo [sobre Wilma] e a Gal tava com o projeto pronto. Tanto que foi lá que ela lançou o DVD do CD Estratosférica, que eu lancei na Sony. E aí, eu nem sei que expressão usar… Na Sony a Wilma não assinava contrato, não devolvia dinheiro. A gente fez todo um planejamento. Produzimos caneca, camiseta, vinil, tudo. A gente só tinha o respaldo do Marcus Preto, que estava produzindo as músicas com a Gal. Fora isso, não conseguíamos assinatura pra nada. A própria Gal falava: “pô, ninguém me quer”. Eu disse: “querem, quem não tá deixando é a Wilma”. Foi aí que a gente passou a não permitir que ela entrasse nas discussões de gravadora e não à toa eu passei a ser empresário dela, via gravadora, do projeto.

A Gal sabia que a Wilma supostamente atrapalhava a carreira dela?
Não. Na frente da Gal, a Wilma era a pessoa mais doce do mundo. Eu até estranhava muito quando as pessoas falavam dela. Não é que ela entregava a carreira na mão dela… É que a Wilma fazia uma coisa de “cortina de fumaça” na frente. Não à toa todo mundo que tentou ajudar conseguiu ajudar. Mas todo mundo teve um limite. Eu tive. O Preto teve. E ela [Wilma] mostrava um amor por pessoas que convivia… Ela nunca me fez nada.

Nunca fez pra você, mas pra outras pessoas?
Ela nunca me fez nada, porque ela nunca me viu como ameaça. Inclusive, quando eu falei: “ou você sai do circuito e eu trato direto com a Gal, com a Aninha e com o Preto ou a gente não vai investir na turnê”. E ela: “não, eu tenho que assinar”. E eu: “beleza”. Foi aí que uma vez eu conversei só com a Gal e com o Preto no estúdio. E aí, a Wilma parou de frequentar as reuniões. Só que eu tive herpes-zóster, já consequência de um estresse, tanto que fiquei quase quatro meses pra poder de fato sair da Sony… Eu fiquei de três a quatro meses pra poder ser demitido porque eu tava de licença médica, com colar cervical, herpes-zóster de estresse. Neste tempo, acabou o diálogo da gravadora com a Gal. E rolou, não sei te falar detalhes, mas uma briga séria do presidente com a Wilma. E nesta fase eu nunca vi a Gal trabalhando tanto como ela estava. O Gabriel [filho da cantora] ia em tudo quanto é canto com ela. A Gal não fazia tarde de autógrafos há anos porque ela falava “ninguém me quer”. “Como não te quer?”, eu perguntava. “Eu queria tanto fazer o Serginho Groisman, mas ele não me quer”. O Serginho Groisman pedia ela toda semana para o programa, quem negava era a Wilma. Depois eu recebi um sim [pra que ela fosse ao Altas Horas]. Eu não sei como que era a conversa delas. Eu ligava pras pessoas, perguntava se tinham algum feedback [dos trabalhos]. Aí a Gal me ligava cobrando, por exemplo, a estreia do clipe e eu não sabia o que dizer. A partir disso a Sony pode falar melhor. O final foi assim. Eu me demiti da Sony, do stress, e o presidente botou a Wilma pra correr.

 

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