Ex-assessora da Deputada Federal Joice Hasselmann acusa política de fazer rachadinha
Joice Hasselmann, Deputada Federal (Sem Partido) e ex-apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro é acusada de usar salário de assessora para gastos pessoais, que incluíam gasolina, gastos com ração, etc. A reportagem foi da com exclusividade para a Folha de São Paulo/ Uol.
Juliana Christine Pereira Bejes apresentou notas fiscais, documentos bancários, reproduções de mensagens de WhatsApp e informações do sistema de reembolso da cota parlamentar da Câmara dos Deputados. A ex-assessora recebia R$ 13,5 mil por mês e declarou que era obrigada a devolver o dinheiro pagando despesas pessoais de Joice, da filha e do ex-marido dela.
Após a acusação da ex-chefe, Juliana reiterou a denúncia e disse que entregou ao Ministério Público Federal o mesmo material encaminhado ao UOL. “Por que eu ia entregar prova forjada para o Ministério Público e me ferrar depois”, questionou a ex-assessora. O MP, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que recebeu os documentos e analisa se abrirá investigação a partir das acusações de rachadinha e assédio moral.
Joice nega ter cometido qualquer ilegalidade e diz que tudo começou com um processo judicial movido pela revista Veja contra ela. A jornalista e ex-deputada conta que teve parte do salário bloqueado devido à ação. Com medo de bloqueio total dos rendimentos, ela teria passado a encaminhar o dinheiro para o marido de Juliana administrar.
Rachadinha se tornou comum no Brasil
A rachadinha é muito comum entre políticos, que usam assessores, em cargos comissionados para terem de volta parte dos salários pagos, com o dinheiro público. Mas, até hoje nenhum político foi penalizado ou perdeu o mandato. Os casos mais emblemáticos é do Vereador Carlos Bolsonaro e do seu irmão, o Deputado Federal Flavio Bolsonaro, ambos filhos de Jair Bolsonaro.
Em 2020, Flávio Bolsonaro —que é o filho mais velho do presidente —foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob acusação de liderar uma organização criminosa para recolher parte do salário de ex-funcionários públicos em benefício próprio, o que configuraria a chamada rachadinha. E teria acontecido em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio, onde foi deputado estadual de 2003 a 2019.
Caso arquivado
O caso das rachadinhas foi arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio em maio deste ano. Na prática, não houve uma análise pela Justiça do conteúdo das provas usadas pelo Ministério Público para determinar se Flávio era culpado ou não. O que aconteceu foi que a Justiça considerou que o processo não deveria estar nas mãos do juiz que cuidava do caso, porque Flávio tem foro privilegiado, e também anulou provas.
O policial militar aposentado Fabricoip Queiroz, que foi chefe de gabinete de Flávio, foi apontado como operador do esquema nessa denúncia.
As acusações foram por prática dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. Outros 15 ex-assessores de Flávio também foram denunciados.
Antes da formalização da denúncia contra Flávio pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, o nome de Queiroz já tinha ganhado os holofotes. É que um relatório do antigo Coaf apontou movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, que envolviam depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Assembleia.
Quebra de sigilo bancário aponta movimentações
A quebra de sigilo fiscal de Queiroz e da esposa mostrou, ainda, que a hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu depósitos que totalizam 89 mil reais de Fabrício Queiroz e da esposa dele, Marcia Aguiar, entre 2011 e 2016. Ao se explicar, Bolsonaro disse que o valor era a devolução de um empréstimo de R$ 40 mil concedido por ele a Queiroz. No entanto, a abertura dos dados bancários do amigo do presidente não mostram o recebimento desse empréstimo, segundo os veículos da imprensa que tiveram acesso à quebra de sigilo.
Carlos Bolsonaro
O Ministério Público do Rio de Janeiro encontrou indícios de que houve prática de “rachadinha” no gabinete do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Os investigadores obtiveram um laudo que revela 688 depósitos feitos por seis funcionários nomeados por Carlos na conta bancária de seu chefe de gabinete.