Estado da Bahia repudia ação criminosa que destruiu imóvel do escultor Frans Krajcberg em Nova Viçosa
Após ser informado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado (Ipac) sobre a tentativa de ocupação do imóvel pertencente ao espólio do artista Frans Kajcberg, investida promovida pela prefeitura de Nova Viçosa, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) solicitou reforço policial. O objetivo era evitar a invasão e destruição do patrimônio e garantir a integridade do bem. Apesar de ter sido coibida a investida inicial, ocorrida ontem (9/08), inclusive com o registro de queixa na delegacia da cidade, a empresa contratada pelo município retornou, nesta quarta-feira (10) pela manhã, e demoliu o imóvel.
O artista plástico polonês Frans Krajcberg, radicado em Nova Viçosa, deixou em testamento seus bens para o Estado da Bahia, restando claro por disposição de última vontade que tal patrimônio, inclusive imobiliário, deve ser utilizado prioritariamente para auxiliar na preservação de seu legado artístico. Em recente decisão proferida pelo juiz substituto da Comarca de Nova Viçosa, Renan Souza Moreira, o Poder Judiciário reafirmou que todos os bens deixados por Frans Krajcberg, incluindo seu acervo de obras de arte, devem ser administrados pelo Estado da Bahia, de acordo com sua conveniência e oportunidade.
Dessa forma, o ato ilegal da prefeitura de Nova Viçosa atenta não apenas contra decisão judicial expressa, como também viola a memória do grande artista. Diante de tal situação, a PGE adotará as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis.
Krajcberg radicou-se no Brasil desde 1972 vivendo no sul da Bahia, onde manteve o seu ateliê no Sítio Natura, no município deNova Viçosa. Chegou ali a convite do amigo e arquiteto Zanini Caldas, que o ajudou a construir a habitação: uma casa, a sete metros do chão, no alto de um tronco de pequi com 2,60 metros de diâmetro. À época Zanine sonhava em transformar Nova Viçosa em uma capital cultural e a sua utopia chegou a reunir nomes como os de Chico Buarque e Dorival Caymmi.
No sítio, uma área de 1,2 km², um resquício de Mata Atlântica e de manguezal o artista plantou mais de dez mil mudas de espécies nativas. O litoral do município é procurado, anualmente, no inverno, por baleias-jubarte. No sítio, dois pavilhões projetados pelo arquiteto Jaime Cupertino, abrigam atualmente mais de trezentas obras do artista. Futuramente, com mais cinco construções projetadas, ali se constituirá o Museu que levará o nome do artista
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