E tudo fica na mesma, no velho quartel de Abrantes! Artigo do jornalista Alex Ferraz
Nas minhas mais de quatro décadas de jornalismo, nem sei mais quantas enchentes “insuportáveis” já testemunhei em São Paulo, quantas “maiores secas dos últimos 50 anos” vi serem noticiadas no Nordeste, quantos crimes de morte que “estão sendo apurados” e em nada resultam.
Também perdi a conta das vezes em que “o papa pede pela paz”, a ONU condena ataques e o peixe “fica mais caro na Semana Santa.
“Mas ainda assim, talvez até mesmo para tentar manter acesa em mim a chama do jornalismo, me dou ao trabalho de me emocionar com fatos que, a priori (digo sem nenhuma boçalidade) sei que em nada vão dar.
Por exemplo, confesso envergonhado que cheguei a ter sobressaltos na calada da noite após sisudas noticias do Jornal Nacional derramarem as terríveis ameaças do ditadorzinho gorducho da Coréia do Norte e respectivas respostas do machão Trump, que diz ter um botão maior do que o do oriental (Freud explica?). Tremei, humanos!
Que nada! Já estão todos em conchavos e conversas de madames, com intermediação da ditadura chinesa…
Minha pulsação foi acelerada inúmeras vezes com as notícias do mar de lama nacional. Alguns presos, sem dúvida, mas o jeitinho brasileiro tem se feito cada vez mais presente.
Amigos de Temer presos, amigos soltos. A confirmação do habeas-corpus de Lula vai criar uma “lulisprudência” que pode escancarar as portas da cadeia para livrar muita gente.
E as chuvas seguem transformando a maior cidade da América do Sul num mar de lama semelhante ao da política.
E o peixe continua subindo na Semana Santa, as filas do ferry-boat seguem “insuportáveis” e o eterno Ba-Vi indefinidamente a final do campeonato baiano. Que sono! Ufa…
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