Corpo do brasileiro Michel Nisenbaum é encontrado em Gaza
O corpo do brasileiro Michel Nisenbaum, 59 anos, que acreditava-se ser mantido refém pelo grupo extremista Hamas desde o dia 7 de outubro, quando houve o massacre que resultou em mais de 1200 mortos e 250 sequestrados em Israel, foi encontrado nesta madrugada pelo exército israelense em Jabalia e entregue à família. Além dele, foram localizadas também outras duas vítimas: Hanan Yablonka e Orion Hernandez. Todos foram mortos em 7 de outubro, perto da fronteira de Israel com Gaza, e os seus corpos foram levados para o enclave pelo Hamas, segundo os militares.
Residente em Israel há mais de 45 anos e com dupla cidadania, Michel perdeu o contato com a família a partir da manhã do dia do ataque, quando saiu da cidade de Sderot, às 6h57 para encontrar sua neta no Kibutz Beri. Às 7h43, sua filha ligou para ele, mas ele já estava sob o poder do grupo Hamas. Desde então, ninguém mais teve notícias sobre a situação dele. Algumas semanas após o ataque, o carro de Michel foi encontrado queimado na Faixa de Gaza.
Uma das principais preocupações dos familiares era a saúde de Michel, diabético e portador da doença de Crohn, síndrome crônica inflamatória intestinal que demanda cuidados constantes.
Segundo Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita de São Paulo (FISESP), que está em Israel acompanhando uma comitiva brasileira que visita os locais afetados pelo ataque terrorista de outubro e realiza reuniões com familiares de reféns e representantes de entidades, esse momento é de tristeza e consternação. “Desde o início, mantivemos contato constante com a família de Michel, prestando todo o apoio necessário a eles, além de fazer vários movimentos para tentar ajudar nas negociações, por meio de conversas com entidades e representantes da comunidade brasileira em Israel. Estamos em luto, mas ao mesmo tempo, enfim sabemos o paradeiro de Michel Nisenbaum e agora seu corpo está sendo devolvido à família para que possam, enfim, prestar a ele as homenagens. Essa é uma despedida dolorosa. A memória de Michel Nisenbaum segue viva e não deixaremos de honrá-la. Na época do ataque, o presidente Lula disse que nenhum brasileiro ficaria para trás: Michel ficou”.
Michel Nisenbaum deixa duas filhas e seis netos, o último nascido após o seu desaparecimento, além da mãe, de 87 anos, a irmã e sobrinhos. Amante da natureza, entusiasta de caminhadas e trilhas, pouco antes do ataque terrorista que o vitimou, ele havia concluído um curso de guia de turismo, com o intuito de compartilhar sua paixão com turistas brasileiros, latinos e israelenses.
Movimentações para a libertação de Michel
Pouco tempo após o massacre de 7 de outubro, a FISESP se pronunciou a respeito do sequestro de Michel pelo Hamas, tentando auxiliar nas negociações entre a família e as entidades representativas do Brasil no país. Em 26 de outubro, Mary comentou que o presidente Lula conversou com ela via plataforma Zoom, mas depois não houve nenhum avanço oficial de ações do governo para a libertação de Michel.
Somente no dia 29 de novembro, um funcionário da embaixada de Israel em Tel Aviv entrou em contato com voluntários do Fórum das famílias dos sequestrados solicitando o telefone de Mary Shorat, irmã de Michel. Até então nenhum contato havia sido realizado, exceto um call por zoom no qual o presidente Lula participou e onde estavam presentes vários familiares de sequestrados, inclusive a irmã dele.
Após essa ocasião, Lula teve apenas um contato direto com Mary e a filha de Michel, Hen, durante a visita das duas ao Brasil. Em sua passagem por Brasília, elas pediram ao presidente atenção ao caso e maior proatividade da diplomacia do país nas negociações para devolução do reféns. Ao longo dos últimos meses a família se manteve ativa, mas por diversas vezes informou não ter qualquer tipo de comunicação ou retorno proativo do governo brasileiro.
Nesta sexta-feira (24/05), o presidente Lula publicou no X, antigo Twitter uma mensagem em que declarou ter recebido “com imensa tristeza” a notícia da morte de Michel Nisenbaum. E escreveu que “o Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina”.
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