Como um réu em processo na justiça consegue se candidatar a prefeito de São Paulo?
Após debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo na Tv Bandeirantes, o público ficou sabendo que um deles, Pablo Maçal, do PRTB foi condenado por um grave crime. Pela Lei da Ficha Limpa, se condenado, Maçal não estaria no pário, mas como o crime prescreveu, pode concorrer livremente aos cofres públicos de São Paulo.
“O candidato ao meu lado [Marçal] foi condenado por formação de quadrilha no esquema de fraudes bancárias”, disse Tabata.
Em um primeiro momento, Marçal respondeu: “Não há condenação. Se tiver, eu deixo essa disputa imediatamente”.
Entenda o Processo Criminal
Em maio de 2010, Pablo Marçal foi condenado a quatro anos e cinco meses de reclusão por furto qualificado pela Justiça Federal de Goiás. Ele pôde recorrer em liberdade.
Em 2018, a pena de Marçal foi declarada prescrita ainda durante a fase de recursos, pois o prazo previsto para que ela fosse aplicada se esgotou.
No julgamento de uma apelação criminal, uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª região extinguiu a punibilidade do crime. A decisão pode ser lida neste link.
Segundo o Código Penal, o prazo para prescrição de um crime é reduzido pela metade no caso de menores de 21 anos, caso de Marçal à época dos fatos. Entre a sentença, de 2010, e o julgamento do recurso, em 2018, o crime prescreveu.
Ele era réu em uma ação que investigava um grupo que teria desviado dinheiro de bancos em meados de 2005 – na época, ele tinha 18 anos.
O grupo criava sites falsos de instituições financeiras, como Caixa e Banco do Brasil, e mandava e-mails acusando pessoas, falsamente, de inadimplência.
Lei Eleitoral brasileira
A Lei da Ficha Limpa tem como objetivo impedir o acesso de pessoas condenadas por crimes na Justiça a acessarem a administração pública. Dessa forma, ela barra os candidatos que tenham sido investigados e considerados culpados de concorrerem a um cargo eletivo (de qualquer nível: municipal, estadual, distrital ou federal).
Até ser sancionada em 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a lei tramitou por 17 anos no Congresso. Ela foi apresentada pelo Planalto em 1993, quando o país era comandado por Itamar Franco (à época era do MDB).
Confessa que colaborou com o grupo
Os criminosos roubavam dados e informações das vítimas e, ainda, “infectavam” computadores e dispositivos digitais com programas conhecidos como “cavalos de Troia”.
O agora candidato à Prefeitura de São Paulo reconheceu que chegou a colaborar com o grupo, mas sempre garantiu não ter conhecimento de qualquer ilegalidade praticada.
Outros crimes e dessa vez eleitorais
Na ocasião, o coach afirmou que “nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais”.
Segundo ele, as despesas de sua pré-campanha foram pagas com recursos próprios ou por doações. O empresário, à época, se disse alvo de “perseguição política”.
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