Comida saudável está em risco no Brasil. Anvisa flexibiliza normas

Comida saudável está em risco no Brasil. Anvisa flexibiliza normas

Dados do Ministério da Saúde do Brasil mostram que os índices de sobrepeso e obesidade se alastram tanto em crianças, quanto em adultos. Em 2006, 42,6% dos brasileiros tinham sobrepeso, apresentavam IMC (Índice de Massa Corporal), que leva em conta o peso e a altura, entre 25 e 30. O índice de obesidade também subiu, de 11,8% para 19,8% em 12 anos. Atualmente, um em cada cinco brasileiros está obeso. Os quatro restantes brigam com a balança.

Um estudo da nefrologista pediátrica Noemia Goldraich (gaúcha) feito em 2010 classificou os alimentos conforme o grau de processamento, desde os in natura até os ultraprocessados, dando preferência para os primeiros grupos. No topo da lista, devem estar as frutas e verduras, carnes e os minimamente processados, como o clássico feijão com arroz. Quanto aos alimentos considerados processados – caso de queijos, pães e enlatados – recomenda-se moderação. O sinal vermelho acende para os ultraprocessados. O guia da professora indica uma forma fácil de identificá-los na prateleira. Olhe o rótulo e conte o número de ingredientes. Evite consumir aqueles co mais de cinco ingredientes – o que significa que foram altamente modificados pela indústria  e contêm aditivos químicos, como conservantes. Simples.

No documento de Noemia mostra que o que comemos tem a ver não só com nossa saúde mas também com a saúde do planeta! O ato de comer é amplo e interfere no meio ambiente, diz a pesquisadora. A pesquisa, com participação de cientistas renomados do Brasil incomodou a indústria e está disponível na biblioteca virtual do Ministério da Saúde, e é utilizado para orientar o menu de refeições e lanches em escolas públicas, restaurantes universitários e populares, hospitais, e até cardápios das chfes mais badaladas do país, entre elas Bela Gil e Rita Lobo.

Um estudo divulgado pela Frontiers in Sustainable Food Systems, uma das publicações internacionais mais respeitadas na área de nutrição e sustentabilidade, analisou guias alimentares de diferentes países entre eles, Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e classificou o brasileiro com o mais completo. Muitos países, a exemplo do Canadá, França, Peru e Uruguai usam o guia brasileiro como referência para suas políticas de nutrição.

ANVISA

Em outubro deste ano, a ANVISA, agencia que regula alimentos e medicamentos, aprovou , por unanimidade, novas regras para rótulos, que favorecem a indústria. A imprensa passou batida com o tema. O modelo consiste em uma discreta lupa, ao lado de três avisos: alto em sódio, em gorduras saturados ou em açúcar adicionado – não há nenhum alerta sobre a presença de aditivos químicos, como conservantes. Essa proposta dificulta a identificação por crianças e pessoas que não sabem ler.

Segundo a professora de nutrição e saúde coletiva da Universidade Estadual do rio de Janeiro, Inês Rugani, o lobby da indústria foi por fazer uma rotulagem descritiva, e não uma advertência.  O modelo da OMS – Organização Mundial de Saúde usa o triângulo, símbolo tradicional de advertência ensinado em escolas e aprendido até por adultos analfabetos. Foi adotado no Chile em 2016 e representou mudanças positivas nos consumidores.

A ANVISA também relaxou nos parâmetros, do que significa alto teor das substâncias nocivas. “Só recebe o rótulo quem tiver muito alto teor. Na prateleira do supermercado vai ter um macarrão instantâneo ruim, sem nada, e outro ruim com selo”, lamenta Inês, que participou do debate sobre a rotulagem.

Agrotoxicos

Houve aprovação massiva de químicos para uso em lavoura e plantações. O governo Bolsonaro liberou 847 novas substâncias , número maior que a quantidade de produtos aprovado no governo Lula no triplo do tempo, entre 2005 e 2010. 

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