Cineasta Igmar Bergman completaria 100 anos nesta sexta-feira, 20
Os 100 anos do cineasta Igmar Bergman será comemorado em todo o mundo, com a exibição de filmes e vale a pena destacar cinco dos suas produções mais icônicas da carreira. Bergmam dirigiu cerca de 60 filmes e muitos deles se tornaram clássicos do gênero psicológico. Foram seis décadas de carreira que marcaram a história do cinema e que influenciou gerações de cineastas.
Na televisão Bergman foi um dos poucos diretores de sua geração que levou seu talento para uma série de seis episódios, de baixo orçamento, explorando os obstáculos e tribulações conjugais de um casal que atravessa um divórcio prolongado, desencadeado por uma infidelidade.
Segundo pesquisa realizada em 2002 pela revista britânica Sight and Sound com diretores e críticos mundiais, “Fanny e Alexander”, do cineasta ficou em terceiro lugar entre os melhores filmes dos 25 anos anteriores, atrás de “Apocalypse Now” e “Raging Bull”. Cinquenta anos depois, “The Guardian” considerou-o “uma referência irrepreensível em matéria de seriedade artística e moral”.
Confira cinco dos seus mais aclamados filmes, que vale a per assistir:
Sétimo Selo – Filme de 1957 considerado uma obra prima. Se passa durante as Cruzadas e contém uma das cenas icônicas de sua filmografia: um cavaleiro jogando xadrez com a morte. Ela resume as principais preocupações do filme – e de Bergman: como a fé resiste frente ao mal e a miséria humana? Vencedor de um prêmio em Cannes e muito rapidamente considerado um clássico da arte e da experimentação foi um sucesso entre os espectadores da época e é o tema de muitas paródias.
Persona – filme de 1966, que explora a relação entre uma atriz que ficou muda e sua enfermeira, o filme lindamente filmado questiona os fundamentos instáveis da identidade. Duas mulheres, 84 minutos de close-ups quase constantes e uma metamorfose das duas faces: Bergman permite progredir a intensidade psicológica de seu misterioso drama, situado em um chalé isolado na ilha de Fårö. Explora a relação entre uma atriz que ficou muda e sua enfermeira, o filme lindamente filmado questiona os fundamentos instáveis da identidade.
Saraband – filme para tv, de 2003, tem uma fotografia quente, como se remetesse para uma nostalgia que o casal sente quando se reencontra 30 anos depois para relembrar o passado e percebe que os descendentes que os rodeiam vivem problemas semelhantes aos que estes haviam experienciado. Existe um sentimento de nostalgia que atravessa todo o filme. Esse sentimento é capturado pelo cineasta de uma forma quente e familiar, usando no início pálidos tons de pastel, castanhos, bordeaux, beijes e cinzentos, como se estivesse a representar aquela que parece ser a estação predilecta de Bergman, o outono. À medida que o fim avança, e as lembranças dos conflitos de Marianne e Johan dão espaço aos conflitos de Henrik e da sua filha Karin, também os tons outonais dão lugar aos incisivos tons brancos e verdes-claros do inverno
Fanny e Alexander – de 1982 e filmado pelo diretor de fotografia de longa data de Bergman, Sven Nykvist, este suntuoso épico familiar foi comparado aos romances de Dickens e ganhou quatro Oscars, incluindo o de melhor filme estrangeiro. A versão em tela grande de três horas foi montada a partir de um telefilme de cinco horas. Grande parte autobiográfico e principalmente filmado em Uppsala, ele narra a vida de um irmão e uma irmã, desde a infância até a velhice, passando pelo casamento.
Cenas de um Casamento – Série de tv de 1973, inspirado em seu próprio relacionamento atormentado com a atriz Liv Ullmann, que interpreta a esposa na série. A série de Bergman é “a mais verdadeira e mais brilhante história de amor já filmada” e gira em torno de um de seus temas clássicos: a comunicação entre indivíduos, escreveu em 1974 o famoso crítico de cinema americano Roger Ebert no Chicago Sun-Times.
Sobre Igmar Bergmam
Nascido na Upsália Suécia em 14 de julho de 1918, Ernest Igmar Bergmamnfoi um dramaturgo e cineasta, que dirigiu alguns dos mais influentes e aclamados filmes de todos os tempos, entre eles Persona, O Sétimo Selo, Gritos e Susurros, Fanny Alander e Cenas de Um Casamento, entre outros. Alguns dos temas centrais das suas obras estão centrados no estudo psicológico dos personagens e das famílias disfuncionais, assim como na angústia causada pela ausência de um Deus, deixando o ser humano abandonado entre Deus e o Diabo.
Filmografia
Ano | Título original | Título no Brasil | Título em Portugal | Observações |
1945 | Kris | Crise | ||
1946 | Det regnar på vår kärlek | Chove sobre nosso amor | ||
1947 | Skepp till India land | Um barco para a Índia | ||
1948 | Musik i mörker | Música na Noite | ||
1948 | Hamnstad | Porto | ||
1949 | Fängelse | Prisão | A Prisão | |
1949 | Törst | Sede de Paixões | ||
1949 | Till glädje | Rumo à Felicidade | ||
1950 | Sånt händer inte här | Isto não Aconteceria Aqui | ||
1951 | Sommarlek | Juventude, Divino Tesouro | Um Verão de Amor | |
1952 | Kvinnors väntan | Quando as Mulheres Esperam | Segredos de Mulheres | |
1952 | Sommaren med Monika | Monika e o Desejo | Mónica e o Desejo | |
1953 | Gycklarnas afton | Noites de Circo | ||
1954 | En lektion i kärlek | Uma Lição de Amor | Uma Lição de Amor | |
1955 | Kvinnodröm | Sonhos de Mulheres | ||
1955 | Sommarnattens leende | Sorrisos de uma Noite de Amor | Sorrisos de uma Noite de Verão | |
1956 | Det sjunde inseglet | O Sétimo Selo | O Sétimo Selo | |
1957 | Smultronstället | Morangos Silvestres | Morangos Silvestres | |
1957 | Nära livet | No Limiar da Vida | ||
1958 | Ansiktet | O Rosto | O Rosto | |
1959 | Jungfrukällan | A Fonte da Donzela | A Fonte da Virgem | |
1960 | Djävulens öga | O Olho do Diabo | O Olho do Diabo | |
1961 | Lustgården | O Jardim do Prazer | ||
1961 | Såsom i en spegel | Através de um Espelho | Em Busca da Verdade | |
1962 | Nattvardsgästerna | Luz de Inverno | Luz de Inverno | |
1963 | Tystnaden | O Silêncio | O Silêncio | |
1964 | För att inte tala om alla dessa kvinnor | Para não Falar de Todas Essas Mulheres | A Força do Sexo Fraco | |
1966 | Persona | Quando Duas Mulheres Pecam | A Máscara | |
1967 | Stimulantia | |||
1968 | Vargtimmen | A Hora do Lobo | ||
1968 | Skammen | Vergonha | A Vergonha | |
1969 | En passion | A Paixão de Ana | A Paixão | |
1969 | Ritten | O Rito | Ritual | |
1969 | Fårödokument | Documentário sobre a Ilha de Faro | ||
1971 | Beröringen | A Hora do Amor | ||
1972 | Viskningar och rop | Gritos e Sussurros | Lágrimas e Suspiros | |
1973 | Scener ur ett äktenskap | Cenas de um Casamento | Cenas da Vida Conjugal | |
1974 | Trollflöjten | A Flauta Mágica | A Flauta Mágica | |
1976 | Ansikte mot ansikte | Face a Face | ||
1977 | Das Schlangenei | O Ovo da Serpente | ||
1978 | Höstsonaten | Sonata de Outono | Sonata de Outono | |
1979 | Fårödokument | |||
1980 | Aus dem Leben der Marionetten | Da Vida das Marionetes | Da Vida das Marionetas | |
1982 | Fanny och Alexander | Fanny e Alexander | Fanny e Alexandre | |
1983 | Karins ansikte | O Rosto de Karin | ||
1984 | Efter repetitionen | Depois do Ensaio | Depois do Ensaio | |
1992 | Markisinnan de Sade | A Marquesa de Sade | televisão | |
1993 | Backanterna | televisão | ||
1995 | Sista skriket | O Último Suspiro | televisão | |
1997 | Larvar och gör sig till | Na Presença de um Palhaço | televisão | |
2000 | Bildmakarna | Os Construtores de Imagens | televisão | |
2003 | Saraband | Cinema Digital |
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