Candidatura de Boulos para a prefeitura de São Paulo vai ganhando fôlego
Guilherme Boulos, candidato a prefeitura de São Paulo, pelo PSOL, vem angariando apoios junto a artistas e intelectuais historicamente ligados ao PT. A chapa Guilherme Boulos/Luiza Erundina, do PSOL, avança sobre a base petista na periferia de São Paulo. Líderes comunitários que há décadas apoiavam o PT ouvidos pelo Estadão disseram que agora estão com Boulos. Alguns deles vão fazer campanha para candidatos petistas a vereador.
Um dos apoios foi doaAssessor de movimentos populares e pastorais sociais da Igreja Católica em Ermelino Matarazzo (zona leste), Waldir Aparecido Augusti. Waldir, professor, se orgulha em dizer que votou pela primeira vez na vida em 1982, no PT, e desde então ele e a mulher se mantiveram fiéis ao partido em todos os pleitos. Mas, nessas eleições o Professor Waldir ( filiado ao PT) decidiu apoiar a chapa do PSOL. “Há tempos a gente defende que o PT retorne às suas origens, retome sua relação com as bases e dê formação e espaço para novos dirigentes. Infelizmente, de um tempo para cá o partido tem um comando que encaminha as questões sem a participação da base.”
Para ele, há falta de nomes competitivos para disputar a Prefeitura na cidade que já foi governada três vezes pelo PT e que levou à escolha de Jilmar Tatto, um quadro forte na política interna do partido mas desconhecido do eleitorado, como candidato. “Boulos é uma nova liderança e a união com Erundina foi uma surpresa agradável”, disse ele.
PT em São Paulo
A estrutura partidária criada ao longo de três décadas na periferia paulistana é um dos trunfos do PT para fazer Tatto (candidato do PT à prefeitura) decolar junto com o tempo de TV, maior do que o dos adversários da esquerda. A prioridade à periferia está no centro do discurso de Tatto. Mas essa estrutura já deu sinais de fraqueza em 2016, quando Haddad perdeu em todos os distritos eleitorais.
Outro que declarou apoio a Boulos foi João Cardoso, da Cardoso, da Associação Beneficente, Solidária e Cultural da Vila Ré, também na zona leste.”Sou filiado ao PT, tenho um compromisso de apoiar o (vereador) Antonio Donato mas para prefeito vou votar no Boulos”, disse. Segundo Cardoso, mesmo que o PT tivesse escolhido um nome mais palatável ele seguirua apoiando a chapa PSOL. Cardoso ainda reclamou da forma da escolha do candidato petista, feita em um colégio limitado a 604 pessoas por causa das restrições impostas pela covid-19, e não por voto direto.
Cardoso disse não se preocupar com retaliações no partido. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ameaçou usar o estatuto do partido contra que filiados que apoiarem outros candidatos. “A presidente é pessoa democrática e se ouvir a minha explicação vai entender os motivos que me levaram a isso.”
Depois de 35 anos ao lado do PT, Adailton Costa de Miranda, o Alemão, liderança comunitária e ex-diretor do Clube Desportivo Bento Bicudo, na Lapa de Baixo, Zona Oeste, também vai apoiar Boulos. Para vereador ele cogita apoiar Alfredinho, do PT. “Quero fechar a comunidade com o Boulos. São 6 mil votos.”
Em nota, a campanha de Tatto minimizou a perda de apoios. “O PT-SP possui 178 mil filiados e os referidos casos, que não possuem cargo na estrutura partidária, não chegaram oficialmente ao conhecimento da direção.”