Brasil perde quase 7 milhões de leitores: Desafios da leitura no tempo das telas
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Nos EUA, o desempenho em leitura foi o pior desde 2005, com apenas 32% das crianças de 10 a 11 anos atingindo os critérios de proficiência, segundo dados do NAEP
As telas têm se tornado cada vez mais presentes na vida de jovens e adolescentes, sendo usadas tanto para entretenimento quanto para atividades educacionais. No entanto, estudos apontam que o uso excessivo e compulsivo dessas tecnologias tem gerado impactos negativos na saúde mental, física e nas relações interpessoais, destacando a necessidade de um equilíbrio no seu uso.
Crianças e adolescentes enfrentam desafios no desenvolvimento de habilidades adequadas de leitura. Dados preocupantes indicam que, no ano passado, estudantes da quinta série nos Estados Unidos obtiveram o pior desempenho em leitura desde 2005. Esses resultados foram medidos pelo NAEP (National Assessment of Educational Progress), um teste de avaliação nacional. Os números mostram que apenas 32% das crianças entre 10 e 11 anos alcançaram os critérios de proficiência em leitura, destacando uma crise educacional que exige atenção e soluções urgentes.
O principal fator apontado para esse cenário é algo que exerce maior atração sobre os jovens do que os livros: as telas.Para se ter uma ideia, a geração Alpha, formada por aqueles nascidos após 2010, ampliou seu tempo diário nas redes sociais de 90 minutos, em 2012, para 153 minutos, em 2019. As telas estão tão integradas ao cotidiano que constantemente bombardeiam os usuários com notificações, aplicativos e conteúdos das redes sociais, competindo intensamente pela atenção. Essa constante distração pode fragmentar o foco dos adolescentes, dificultando a capacidade de concentração e resultando em uma leitura menos profunda e reflexiva, essencial para o desenvolvimento cognitivo e crítico.
Já no Brasil, uma pesquisa conduzida pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), em parceria com a plataforma gamificada de leitura Árvore, revelou que 66% dos jovens brasileiros, entre 15 e 16 anos, não leem textos com mais de 10 páginas. Esse problema, entretanto, não é exclusivo dos jovens nem restrito aos Estados Unidos. Nos últimos quatro anos, o Brasil registrou uma redução de quase 7 milhões de leitores, de acordo com a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Esses dados evidenciam um declínio preocupante nos hábitos de leitura em diferentes faixas etárias e regiões.
“Estudar em ambientes naturais e em escolas que evitam o uso de telas traz inúmeros benefícios para as crianças. Essas práticas ajudam a reduzir dificuldades de atenção e hiperatividade, melhoram a autoestima, fortalecem competências sociais e promovem uma ‘mentalidade de crescimento’. A ausência de telas minimiza distrações, favorecendo o foco, a criatividade e um aprendizado mais dinâmico e participativo, com ênfase em atividades práticas e interações diretas”, explica Beta Costa, psicanalista e pedagoga da Escola Ágora.
Desde sua fundação, a Escola Ágora valoriza uma metodologia de ensino sem telas, promovendo o incentivo à escrita e à leitura. Ao longo do tempo, os resultados têm sido consistentemente positivos, com a constatação de que os alunos se tornam mais sociáveis e comunicativos.
De acordo com NIMH (National Institute of Mental Health), uma agência do governo dos Estados Unidos, além de problemas de saúde mental, as redes estão atrapalhando o desempenho dos jovens nas escolas: mais de 10% daqueles que têm alto uso de mídias sociais desenvolvem sintomas de TDAH.
Ambientes livres de tecnologia contribuem para prevenir problemas de saúde relacionados ao uso excessivo de dispositivos, como fadiga ocular e distúrbios no sono. “A Escola Ágora, primeira green school da América Latina, oferece aulas dinâmicas em contato com a natureza, favorecendo o fortalecimento das interações interpessoais, essenciais para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como empatia e cooperação em grupo”, conclui Beta Costa.
SOBRE ÁGORA
Fundada em 1985 por Terezinha Fogaça, a Ágora é uma Escola de Ensino Fundamental que promove a formação integral de crianças e jovens do 1º ao 9º ano. Os objetivos da escola priorizam o encontro humano e humanizador, o estudo acadêmico, a convivência e a alfabetização social, estimulados pela pesquisa, pela curiosidade e pela produção intelectual. Além disso, a Ágora valoriza o brincar livre e criativo, oferecendo aos seus alunos o que considera faltar ao mundo contemporâneo. Assim, a escola se dedica a formar futuros homens e mulheres preparados para uma vida bem sucedida. Saiba mais, aqui!
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