Artigo: Carnaval e o aumento de casos de assédio contra mulheres

Artigo: Carnaval e o aumento de casos de assédio contra mulheres

 

Muitas cidades brasileiras já estão em clima de Carnaval. A festa, conhecida internacionalmente, atrai turistas de diversas partes do mundo, ansiosos por vivenciar a folia à moda brasileira.

Se considerarmos o aumento dos blocos de ruas em todo o país, desfiles das escolas de Samba do Rio e São Paulo, dos trios elétricos de Salvador, do carnaval em Olinda – que no ano passado reuniu mais de 4 milhões de foliões -, é preciso lembrar que, para além dos números que movimentam a economia em diversas cidades, em termos de valorização da diversidade, o Carnaval é um dos períodos com maior incidência de assédio sexual contra mulheres.
Uma pesquisa recente que ouviu 1.507 participantes, entre homens e mulheres acima de 18 anos, revela que 50% das mulheres relataram ter sido vítimas de assédio sexual durante as celebrações do Carnaval. Esse número aumenta para 52% quando se considera mulheres negras, destacando uma disparidade significativa e evidenciando que o assédio sexual é ainda mais prevalente quando se observam as diferentes nuances relacionadas à interseccionalidade de gênero e raça. O levantamento foi realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro, entre os dias 18 e 22 de janeiro deste ano.
Esses dados refletem a importância de estarmos frequentemente atentos para iniciativas de prevenção em todos os setores da sociedade, já que é notório que quando se trata do crime de assédio, as mulheres nunca estão seguras.
Cerca de 18,3% das mulheres já vivenciaram assédio sexual no ambiente de trabalho, um percentual cinco vezes maior do que o dos homens, que é de 3,4%. Em relação ao assédio moral, 31% das mulheres afirmam ter sido vítimas desse tipo de violência, enquanto 22% das queixas são feitas por homens. Essas estatísticas foram reveladas por uma pesquisa conduzida pela Forum Hub, startup especializada em aconselhamento jurídico.
Liliane Rocha, CEO e Fundadora da Gestão Kairós, consultoria de Diversidade e Sustentabilidade, alerta sobre as oportunidades que as empresas e marcas estão perdendo ao deixarem de se posicionar a partir de uma comunicação inclusiva. “Há alguns anos tivemos campanhas desastrosas neste período como o ‘Esqueci o “não” em casa’, ‘O que você está esperando para ter sua primeira vez com uma devassa?’ ou o ciclo de campanhas da ‘Verão’. Não temos mais visto nada nessa linha, mas tão pouco vimos campanhas inteligentes e massivas sobre a importância de respeitar as mulheres neste período. Imagine o poder de uma lata de cerveja customizada com imagens de empoderamento feminino, com a mensagem ‘Neste carnaval, não é não!’, ou que destaquem a presença das mulheres, inclusive as mulheres negras, no mercado cervejeiro. Campanhas de conscientização, treinamento de equipes de segurança e a criação de espaços seguros e de apoio para vítimas são algumas das iniciativas que podem ser adotadas”, orienta a executiva.
Nesta época do ano, é praxe que o governo una esforços para combater as violações de direitos humanos. Uma das campanhas lançadas com esse propósito é o “Bloco do Respeito”, iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que visa promover a curtição sem assédio e com respeito à diversidade.
Até 17 de fevereiro, essa mobilização digital busca conscientizar e prevenir situações de assédio e outras formas de violência durante as festividades. A iniciativa prioriza a segurança e o bem-estar dos foliões durante o carnaval, divulgando mensagens como: “Respeito, Diversidade e Inclusão – com esse trio, a diversão está garantida”.
Liliane Rocha celebra iniciativas do governo como essa, reforçando que as campanhas de prevenção ao assédio e outros crimes contra as mulheres devem ocorrer ao longo do ano, e não apenas como ações pontuais, já que crimes contra mulheres ocorrem indiscriminadamente em todos os setores da sociedade. “O poder público chega aonde empresas não chegam, dialoga com cada um dos mais de 203 milhões de brasileiros por meio de campanhas massivas, tendo o poder de atuar por meio de sanções ou incentivos, engajar empresas e organizações sociais. Por isso, como mestre em políticas públicas, sempre busco reforçar que nenhum setor é capaz de atuar com tamanha amplitude e de forma tão massiva como o governo. Seja municipal, estadual ou federal”.
Para mais informações e entrevista sobre esse e outros temas sobre Gestão da Diversidade, entre em contato com Hedy Boscolo (11) 96193-7601

 

Créditos da imagem: Myla Dutra

Sobre Liliane Rocha
Fundadora e CEO da Gestão Kairós – Consultoria de Sustentabilidade e Diversidade. Executiva com 19 anos de carreira em grandes empresas nacionais e multinacionais.
Conselheira Deliberativa do Instituto Tomie Ohtake, Conselheira Consultiva de Diversidade da Ambev (2020 – atual), do Conselho do Futuro do IBGC (2022-2023), Impacto – CEOs Legacy Fundação Dom Cabral (2018-2022), Novelis do Brasil (2021-2022) e Moove (2022).
Docente na Pós-Graduação na FIA/USP, Professora Influenciadora na Pós-PUCPR. Mestre em Políticas Públicas e MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade pela FGV. Especialização em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, e Relações Públicas pela Cásper Líbero.
Reconhecida como Linkedin Top Voice em 2023 e como uma das 50 Mulheres de Impacto América Latina 2022 pela Bloomberg Línea, e por quatro vezes como uma das 101 Lideranças Globais e mais Proeminentes de Diversidade e Inclusão pelo World HRD Congress. Colunista da Época Negócios, da VOGUE e do InvestNews, na coluna ESG News com Liliane Rocha.
Autora do livro “Como ser uma Liderança Inclusiva”, e Detentora Oficial no Brasil do termo e conceito Diversitywashing – Lavagem da Diversidade – desde 2016, devidamente registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob nº 914651994.

Share this post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *