Aldeias Infantis SOS lança nova campanha de conscientização contra violência infantil

Aldeias Infantis SOS lança nova campanha de conscientização contra violência infantil


“Dê um Basta na Violência Infantil” visa a sensibilizar a sociedade sobre os impactos da violência física na vida das crianças

 

A Sociedade é convidada a participar dos esforços da Organização por meio de doações que serão direcionadas a ações de fortalecimento familiar

 

 

Neste mês, a Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, lança a nova edição da campanha Dê um Basta na Violência Infantil, que visa sensibilizar a sociedade civil sobre como a violência física afeta a vida de milhares de crianças, causando danos, tanto de natureza física como no desenvolvimento psicológico, por vezes irreversíveis.
A ação ainda busca dar visibilidade a projetos desenvolvidos pela Organização para prevenir casos de abusos, bem como arrecadar recursos para impulsionar essas iniciativas em todo o país.
“A violência física, mesmo quando praticada sob pretensa justificativa pedagógica, só causa dores e traumas que podem ser carregados por toda uma vida. Além disso, ela faz alimentar um ciclo de violência sem fim, de modo que as crianças violadas, ao chegarem à vida adulta, tendem a reproduzir as mesmas práticas com seus futuros filhos”, afirma a psicóloga Rita de Cássia Kileber Barbosa, Ponto Focal Nacional de Salvaguarda da Aldeias Infantis SOS.
A especialista explica que a campanha “Dê um Basta”, que teve sua primeira edição no ano de 2016, com outra temática voltada a direitos infantojuvenis, é uma forma de desconstruir uma visão estabelecida na sociedade acerca de supostos “benefícios” de uma educação baseada no castigo físico.
“Estudiosos do tema apontam para uma série de consequências nefastas provocadas pela violência física contra as crianças, entre as quais estão dificuldades escolares, ansiedade, baixa autoestima, explosão emocional, entre outras, além de sequelas físicas causadas por lesões. A gravidade da manutenção desses comportamentos violentos, infelizmente, é minimizada e naturalizada, e as diferentes formas de violência física são consideradas técnicas educacionais legítimas por parte da população”, destaca a especialista da Aldeais Infantis SOS.
Nesse sentido, complementa Rita, “a campanha promove conscientização de direitos e de proteção da criança para o seu desenvolvimento digno e seguro”.
Violência em números

Segundo dados da pesquisa nacional da Secretaria de Segurança Pública e/ou Defesa Social do Censo de 2022 – IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apresentado no Fórum Brasileiro de Segurança, casos de violência física envolvendo maus tratos ou lesão corporal estão entre os principais registros de violência infantil no país, atrás somente de ocorrências de violência sexual.
No período analisado, os maus tratos totalizaram 22 mil casos, e as vítimas prioritárias foram meninos de 5 a 9 anos. Em seguida, estão os casos de lesão corporal, que somaram um total de 15 mil registros. Neste tipo de violência, a faixa etária mais atingida tinha entre 14 e 17 anos. Ainda segundo o levantamento, as mulheres são as principais violadoras na primeira infância, e os homens respondem pelo maior número de casos de violações envolvendo meninas nas faixas etárias mais altas.
As informações reforçam números da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, analisados em estudo produzido pelo comitê científico do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), que indicam que 84% dos casos de violência infantil ocorrem em ambiente familiar, implicando pais, padrastos, madrastas ou avós.
Além disso, somente nos primeiros quatro meses de 2023, 69 mil denúncias contra violência infantil foram reportadas ao Disque-Denúncia, principal serviço disponível à população para a comunicação de casos de abusos. O dado representa um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano anterior. O canal recebe chamadas de domingo a domingo pelo número 100.
Fortalecimento familiar

Para reverter esse quadro de insegurança, a Aldeias Infantis SOS atua por meio do seu programa de Fortalecimento Familiar, que, em parceria com outras organizações, comunidades e governos, oferece acompanhamento a famílias vulnerabilizadas e inserção em sua rede de serviços de proteção locais, a fim de reforçar os laços familiares e evitar a perda do cuidado parental por força de decisão da Justiça.
Ao lançar um olhar para famílias em situações de vulnerabilidade, em que a proteção infantil está em risco, é possível desenvolver e fortalecer os envolvidos para focar numa educação sem violência e interromper ciclos de agressão. Um exemplo é a utilização de ferramentas de orientação parental para empoderar as famílias, alinhada à Lei nº 14.826, que institui a Parentalidade Positiva e o Direito ao Brincar como estratégia de prevenção à violência contra crianças.
As famílias que fazem parte do programa entram em uma rotina de cuidados, participando de encontros recorrentes que contam com debates sobre proteção à infância, violência doméstica, violência infantil, economia doméstica e outros temas afins. Além disso, a equipe da Aldeias Infantis SOS realiza visitas para acompanhamento da família em suas casas, onde é possível mensurar o seu desempenho e entender mais seu dia a dia. Somente em 2023, a Organização atendeu mais de 2 mil pessoas por meio desses projetos de fortalecimento familiar.
Os responsáveis pelas crianças e jovens das comunidades também participam de oficinas de capacitação e profissionalização, bem como recebem apoio para participar de processos seletivos de empresas ou abrir seu próprio negócio, o que amplia as perspectivas de inclusão social e qualidade de vida futura dessas famílias. A equipe da Organização ainda oferece suporte no acesso a serviços públicos e benefícios sociais do governo.

As crianças, por sua vez, são envolvidas em atividades educativas, lúdicas e recreativas, complementares à sua formação escolar. Tanto elas como suas famílias recebem acolhimento emocional e acompanhamento para outros serviços de saúde e educação com apoio da Organização.
“A violência infantil requer intervenção e só conseguimos agir para evitar que aconteça participando da rotina familiar, por meio de ações de Fortalecimento Familiar. Entretanto, para que esse movimento siga acontecendo, as doações são essenciais. Por meio dessas contribuições, nossas equipes seguem trabalhando para inserir as famílias no sistema de garantia de direitos e estruturar um ambiente protetor e seguro para seus filhos”, explica Christofer Müller, Diretor de Mobilização de Recursos da Aldeias Infantis SOS.
“Por isso, a Organização conta com a mobilização da sociedade na doação de valores para colaborar com as ações desse projeto e, dessa forma, contribuir para conter a epidemia de violência infantil dentro dos lares brasileiros”, acrescenta.
Para contribuir com esse trabalho, as pessoas podem direcionar as doações para a Aldeias Infantis SOS por meio deste link.
Como identificar uma vítima

A campanha “Dê um Basta” alerta a sociedade para os sinais de violação física das crianças como forma de preparar as pessoas para denunciar casos de justificada suspeita.
Os sinais se apresentam tanto na forma de hematomas como na mudança de comportamento dos jovens. Caso identifique jovens com essas características combinadas, a pessoa deve acionar imediatamente os serviços de denúncia anônima pelo Disque 100.
Sinais

  • Contusões, marcas de dedos, queimaduras, entorses, luxações, mordidas e cortes;
  • Lesões que a criança não consegue explicar ou explica de forma pouco convincente;
  • Lesão não tratada ou tratada inadequadamente;
  • Lesões em partes do corpo onde acidentes são improváveis, como coxas, costas e abdômen.

Comportamentos

  • Ficar triste, retraído ou deprimido;
  • Ter problemas para dormir;
  • Comportar-se de forma agressiva ou perturbadora;
  • Demonstrar medo de certos adultos;
  • Medo dos pais ou de voltar para casa;
  • Mostrar falta de confiança e baixa autoestima;
  • Ser muito passivo e complacente;
  • Uso de drogas ou álcool;
  • Fuga crônica.

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