Aldeias Infantis SOS completa um ano de acolhimento a famílias afegãs refugiadas no Brasil

Aldeias Infantis SOS completa um ano de acolhimento a famílias afegãs refugiadas no Brasil

Neste mês de setembro, a Aldeias Infantis SOS, Organização que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, completa um ano de acolhimento de afegãos refugiados no Brasil. Por meio do projeto Brasil Sem Fronteiras, realizado em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a Organização acolheu, ao todo, no período, 220 cidadãos vindos do Afeganistão em situação de refúgio, o que representa 43 famílias.

As ações com os migrantes afegãos tiveram início após a chegada dos primeiros grupos de migrantes afegãos, que entraram no país pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), no começo de 2022. Inicialmente, a Aldeias Infantis SOS disponibilizou 60 vagas no Centro de Acolhida e Integração de Poá, município da região metropolitana de São Paulo. Em junho deste ano, houve um incremento e o número foi ampliado, permitindo acolher até 90 pessoas. No momento, todas as vagas estão ocupadas. Pelo protocolo estabelecido, as famílias que chegam com crianças e adolescentes são cadastradas e, posteriormente, encaminhadas para a Organização.

Além de um local adequado para morar, os afegãos contam com alimentação e acesso a serviços de saúde, incluindo atualização da carteira de vacinação, assistência social, entre outros. As crianças, por sua vez, são matriculadas no ensino regular. Além disso, é oferecido suporte para regularização de documentos, validação de diplomas, renovação de vistos, aprendizado do idioma português e tradução de currículos, visando facilitar a integração no mercado de trabalho e garantir os direitos dos que deixaram o seu país de origem em busca de segurança e dignidade.

ACNUR/ Miguel Pachioni

“A atuação da Aldeias Infantis SOS no Brasil direciona seus esforços por uma sociedade mais justa, igualitária e acolhedora, que respeite os direitos das pessoas que tiveram que deixar seus países por motivo de força maior e estão em busca de uma vida com mais dignidade e segurança”, destaca Sérgio Marques, Sub Gestor Nacional da Aldeias Infantis SOS.

Retratos de família

Composta por sete integrantes, a família de M. H. chegou ao Brasil em março deste ano e enfrentou um grande desafio: a filha mais nova do casal, a pequena R., faleceu com um ano e sete meses após um longo período de internação.

Mesmo diante desse momento delicado, a família demonstrou interesse em permanecer no Brasil e, após orientações e três meses na Aldeias Infantis SOS, deixaram a organização para alugar uma moradia na cidade de Guarulhos. Hoje, a família possui um restaurante na região central de São Paulo.
Essa, que é uma das maiores famílias afegãs que chegou à Aldeias Infantis SOS, também conseguiu trazer seus pais e outros irmãos por meio de uma campanha de arrecadação de amigos e voluntários.

As duas irmãs de M. H., que chegaram ao Brasil em janeiro de 2023, também estão desfrutando de sucesso e autonomia. Isso só foi possível porque ambas estão matriculadas em cursos de capacitação profissional e recebem apoio financeiro, uma realidade inimaginável sob o atual regime do Afeganistão.

Relatos de refugiados acolhidos pela Organização

“Quando cheguei no Brasil, tive receio de ir para um local muito fechado, como um apartamento, mas estou em um espaço amplo, como muito verde e muitas árvores, gostei muito. Além disso, fui recebida com muita gentileza pelos brasileiros”, destaca uma professora afegã.

“Antes, minha vida era boa no Afeganistão. Eu trabalhava, tinha um bom salário e uma posição social, mas perdi tudo o que tinha em minhas mãos. Hoje, no Brasil, conheci muitas coisas, eu vi vida aqui”, conta uma ex-policial refugiada.

“Espero dar uma melhor oportunidade de vida e oferecer educação para minhas filhas aqui no Brasil, para que elas possam fazer algo pela sociedade”, vislumbra outra acolhida, que teve um bebê em solo brasileiro.

Talibã e crise humanitária

Em 15 agosto de 2021, o grupo terrorista Talibã tomou o controle político de Cabul, capital do Afeganistão, após a retirada total das tropas norte-americanas, que ocupavam o país há 20 anos. Essa tomada de poder obrigou centenas de milhares de pessoas a migrarem para outros locais, gerando uma grave crise humanitária e econômica. O Brasil, então, se tornou um dos destinos dessa população migrante.

Atualmente, os afegãos refugiados no Brasil têm acesso ao visto humanitário, concedido pelo Governo Federal, de acordo com a Portaria Interministerial 24, de 3 de setembro de 2021, que autoriza a acolhida por até dois anos, havendo possibilidade de renovação. O visto possibilita a emissão de documentos, como carteira de trabalho, registro nacional de estrangeiro (RNE – identidade do estrangeiro) e carteira de motorista, além de todos os direitos assegurados e proteção legal no país.

De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, desde setembro de 2021, foram cerca de 10 mil vistos emitidos. No entanto, mesmo em situação legal, centenas de afegãos ficaram acampados por tempo indeterminado no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Para minimizar os efeitos da grave crise humanitária, a Aldeias Infantis SOS, em parceria com o ACNUR, ampliou o Programa Brasil Sem Fronteiras que, desde 2018, oferecia acolhimento apenas a cidadãos venezuelanos, e iniciou seus trabalhos com afegãos em situação de refúgio. Desde então, os refugiados recebem moradia em dois Centros de Acolhida e Integração da Organização, localizados em Poá.

Sobre a Aldeias Infantis SOS

A Aldeias Infantis SOS (SOS Children’s Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A organização lidera o maior movimento de cuidado infantil do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de dar resposta a situações de emergência.

Fundada na Áustria, em 1949, está presente em 138 países. No Brasil, atua há 55 anos e mantém mais de 80 projetos, em 32 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.

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