Bets: divulgação de casas de apostas causa danos à imagem dos influenciadores
Além de questionamentos éticos, atividade coloca em risco a confiança do público e prejudica futuras parcerias
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Mais de 22 milhões de brasileiros apostaram nas bets em setembro, segundo dados da publicação ‘Panorama Político 2024: apostas esportivas, golpes digitais e endividamento’, do Instituto DataSenado. A maioria dos usuários no país são homens de até 39 anos, com ensino médio completo. O número corresponde a 13% da população acima de 16 anos.
Enquanto as bets lucram até R$ 20 bi, os brasileiros perdem R$ 23 bi com as apostas, conforme relatório do Itaú BBA. Recentemente, uma nova regulamentação do Governo Federal incluiu a suspensão de empresas que não estivessem em conformidade com as regras, e, apesar de existir liberação para o funcionamento das casas de apostas, os jogos de azar são danosos e viciantes. O vício em jogos, chamado de ludopatia, é, inclusive, doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nesse cenário, a divulgação do produto por parte dos influenciadores digitais tem levantado diversos questionamentos éticos e até mesmo causado danos à imagem, como explica Fabíola Cottet, jornalista, especialista em gestão de crises e sócia-diretora da agência MAVERICK 360. “Ao divulgar esse tipo de conteúdo, influencers enfrentam uma crise de imagem que vai além da legalidade da prática. Marcas preocupadas com branding e posicionamento evitam se associar a quem promove as bets, já que, aos olhos do público, a atividade é malvista. As principais consequências incluem perda de credibilidade, queda de seguidores, redução no engajamento e o fechamento de portas para futuras parcerias”, analisa.
Não é à toa que o 7º relatório FInfluence da Anbima, divulgado neste mês de novembro, mostrou que 95% dos influenciadores de finanças mapeados no estudo se posicionaram contra as bets nas redes sociais. Apenas nove perfis, dos 175 analisados, cederam às grandes quantias ofertadas e fizeram a publicidade. Além disso, metade dos perfis (47,3%) optaram por educar seus seguidores a respeito das apostas esportivas, enquanto a outra metade (47,7%) escolheu o caminho das críticas.
Para o publicitário Rick Garcia, sócio-fundador da MAVERICK 360, sem dúvidas, o melhor é recusar a divulgação. “A percepção do público em relação a influenciadores e marcas está diretamente ligada aos valores e associações que eles promovem. Caso um deles se envolva com apostas online, isso pode alterar a forma como são vistos e afetar também a imagem da organização que representam em outras campanhas. Principalmente quando pensamos em branding, para preservar sua identidade e propósito, é essencial escolher cuidadosamente os temas, serviços e produtos com os quais se associa. Divulgar bets pode vinculá-la a conotações negativas, comprometendo sua transparência, ética e credibilidade”, alerta.
Não somente uma questão ética, algumas divulgações estão implicando também em investigações policiais. A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado sobre apostas irregulares quer ouvir artistas e influenciadores digitais envolvidos com a promoção das plataformas, dos 168 requerimentos, 79 são convocações. “Embora algumas casas sejam de fato legalizadas, o impacto negativo associado ao setor já está gravado no imaginário coletivo. Quando falamos de marca, é o conceito que permanece. Por isso, é prudente reavaliar qualquer contrato que envolva esse tipo de associação, considerando os riscos para a reputação”, destaca Garcia.
Fabíola é enfática em destacar os prejuízos à imagem e também recomenda evitar a exposição. “Além das várias controvérsias, ser envolvido em investigações policiais é algo muito sério. São situações que podem demorar a ser esclarecidas, causando danos permanentes. O mais seguro é recusar a divulgação desde o início, priorizando ações que devolvam valor positivo à sociedade”, finaliza.
Sobre a MAVERICK 360
A MAVERICK 360 é uma agência digital que oferece soluções em Branding, Assessoria de Imprensa, Marketing on e off e In-house. A empresa é especializada no atendimento a áreas complexas ou regulamentadas. Fornece um diagnóstico integrado de comunicação a todos os seus clientes, com a personalização dos serviços prestados. Desde 2014, ano em que foi fundada, o modelo de trabalho é 100% digital, sob o conceito remote first, com profissionais espalhados por diversas partes do mundo e dedicados a desenvolver projetos criativos, exclusivos e de alta performance. O cumprimento de prazos é um compromisso assumido, com 80% das entregas realizadas antecipadamente e o restante inteiramente dentro dos prazos acordados. A agência conta com a expertise de seus sócios-diretores, o publicitário Rick Garcia e a jornalista Fabíola Cottet, que possuem mais de 20 anos de experiência em comunicação estratégica e corporativa.
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