Espinhas, nódulos, furúnculos ou caroços? Conheça a Hidradenite Supurativa, doença crônica que afeta a pele
Você já ouviu falar sobre a Hidradenite Supurativa? Trata-se de uma doença inflamatória crônica do folículo piloso, recorrente e debilitante, que, segundo a dermatologista da Clínica IBIS, Dra. Sandra Nolasco, geralmente se inicia ainda na puberdade. Comumente confundida com furúnculos de repetição, seu diagnóstico costuma ser retardado por vários anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), essa patologia, que acomete cerca de 0,5% da população brasileira, afeta principalmente áreas com grande concentração de glândulas apócrinas, como axilas, virilha e região anogenital, podendo também estar presente na face, tórax e glúteos.
Os primeiros sinais de alerta para esta condição incluem nódulos inflamados e dolorosos, que aparecem geralmente em regiões de dobras e, algumas vezes, formam abscessos com eliminação de pus e fístulas, evoluindo com cicatrizes. Fatores genéticos e ambientais, como obesidade, alteração hormonal, tabagismo, atrito mecânico e certos medicamentos (como lítio e isotretinoína) podem ser desencadeantes da Hidradenite Supurativa.
Diagnóstico e Tratamento
Conforme a especialista, a história do paciente com relatos de nódulos, abscessos e cicatrizes em localizações típicas, com caráter recorrente (2-3 vezes em 6 meses), é sugestiva de HS. A ultrassonografia de alta resolução, realizada por um profissional experiente, é o exame de imagem que confirma e estuda a escolha do tratamento adequado.
O tratamento é ajustado conforme o estágio da doença, que varia de leve a grave. “Nos casos iniciais, o uso de antibióticos tópicos, antissépticos, mudanças de hábitos e vestuário são fundamentais para o controle das crises. Já nas situações moderadas a graves, é necessário o uso de medicamentos orais por 10 a 12 semanas, sendo os retinóides uma opção”, esclarece a Dra. Sandra.
Medicamentos Imunobiológicos e Medidas Preventivas
Entre os tratamentos disponíveis, os medicamentos imunobiológicos, como o Adalimumabe, estão atualmente disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e cobertos pelos planos de saúde. Já o Secuquinumabe foi recentemente aprovado para uso na Hidradenite Supurativa, mas ainda não está disponível no SUS e em planos de saúde para essa indicação. “O tratamento clínico da HS é frequentemente combinado com cirurgias, além do controle do índice glicêmico e hormonal dos pacientes”, alerta a dermatologista.
Mudanças no estilo de vida também podem auxiliar na moderação dos sintomas da doença. Suspender o uso do cigarro, perder peso, realizar atividades físicas regularmente e evitar agravantes como atrito, andrógenos e roupas justas são algumas das recomendações. Dra. Sandra Nolasco também dá dicas de produtos de higiene pessoal para indivíduos acometidos pela doença: “Lavagens com clorhexidina, piritionato de zinco ou outras soluções antibacterianas são boas pedidas. É preciso evitar sabonetes abrasivos e preferir desodorantes em spray para pele sensível”, reforça a médica.
Relação com outras doenças
A HS é uma doença imunomediada e tem correlação com várias doenças psíquicas e inflamatórias, como ansiedade, depressão, disfunção sexual e doença inflamatória intestinal. Também está associada a condições metabólicas como obesidade, aterosclerose e síndrome metabólica; endócrinas, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP); e reumatológicas, como espondiloartropatia, artrite inflamatória e pioderma gangrenoso.
“O acompanhamento com um dermatologista é fundamental para a eficácia do tratamento. Nos casos mais leves, é aconselhável consultar o seu médico de confiança a cada seis meses, mas se houver crise, o paciente deve retornar o quanto antes. Nos casos moderados a graves, as consultas devem ser realizadas a cada três meses ou em caso de piora do quadro”, determina a especialista.
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