Linhagem materna africana e indígena é predominante no Brasil
No mês em que se comemora o Dia das Mães, vale refletir sobre as origens e a linhagem materna do brasileiro. Um levantamento realizado pela Genera, laboratório líder em testes genéticos direto ao consumidor, a partir de seu banco de dados com mais de 300 mil DNAs, revela que a ancestralidade da linhagem materna é predominantemente africana e indígena, enquanto na paterna prevalece a ascendência europeia.
Para determinar as linhagens são analisados os haplogrupos, conjuntos de informações genéticas que permitem rastrear a jornada evolutiva até os ancestrais humanos mais antigos e compartilhados por toda a população. De acordo com o levantamento, na população brasileira os haplogrupos de origem materna são predominantemente encontrados entre os nativos americanos e asiáticos, representando 32,1% da população, enquanto os africanos compreendem 23,8%. Já o haplogrupo europeu representa 19,5% dos maternos.
“As linhagens revelam a herança genética recebida exclusivamente das vias materna e paterna, e se justificam pelo contexto histórico da população brasileira que foi muito marcado pelo machismo e uma sociedade patriarcal, principalmente no que diz respeito ao período de escravidão”, explica Ricardo di Lazzaro, doutor em Genética e cofundador da Genera.
Os testes genéticos representam uma poderosa ferramenta para ajudar as pessoas a desvendarem sua linhagem materna. Ao analisar o DNA mitocondrial, que é passado de mãe para filhos sem sofrer recombinação genética, esses testes podem identificar os haplogrupos maternos específicos presentes em uma pessoa. A jornada de autodescoberta pode fornecer insights sobre a migração humana ao longo dos séculos e ajudar as pessoas a se reconectarem com suas raízes ancestrais.
Rodrigo Lustosa, de 26 anos, descobriu por meio do teste de ancestralidade que possivelmente sua tataravó foi de origem indígena da América Central. “Eu fiz o teste principalmente para entender as origens dos meus antepassados. Meu pai é negro e minha mãe branca, e na família da minha mãe havia uma história de uma ascendente indígena. Então fiquei interessado em saber de forma mais precisa de onde todos vieram”, conta Rodrigo.
Rodrigo Santos, especialista em Marketing, também é um exemplo de quem nutre grande curiosidade pela história da sua linhagem. “Eu sou filho de mãe negra, mas não conheço o meu pai, e comecei a desenhar a árvore genealógica da minha família porque esse assunto me interessou bastante, e sempre foquei na linhagem materna por essa questão, o que me levou a descobrir que sou neto de uma mineira negra – de uma pequena cidade do interior de Minas – que viveu parte da escravidão e bisneto de escravizados, e que por isso não tenho e jamais conseguirei informações.”
Rodrigo enfatiza a importância do resgate da história de sua família e agora espera os resultados do teste de ancestralidade da sua mãe para encontrar mais detalhes sobre sua origem, cruzando os dados com o seu próprio teste genético. “Hoje tenho uma árvore com pelo menos 50 pessoas e quero continuar trabalhando nela para que eventualmente eu produza algo sobre a história da família pois nem eu, nem meus parentes mais velhos sabíamos nada sobre as gerações passadas, mas quero garantir que as futuras gerações conheçam a nossa história e possam eventualmente continuar a escrever sobre ela, ainda que não sejamos de nenhuma família tradicionalmente rica, que são as que normalmente têm isso mais consolidado e registrado”, finaliza ele.
Ainda de acordo com o levantamento da Genera, a linhagens maternas variam de acordo com as regiões do país, enquanto a linhagem paterna se mantém constante. Na região Norte, onde os povos indígenas têm presença mais marcante, mais da metade da base de usuários que fizeram o teste genético tem linhagens maternas de origem nas Américas e na Ásia, representando 51%. Em seguida, as linhagens da África compõem 26%, enquanto as da Europa representam apenas 18%.
Já no Nordeste há a predominância das linhagens maternas de origem africana, representando 40% do total. Em seguida, as linhagens da América e da Ásia compõem 35%, enquanto as linhagens europeias representam 21%.
No Sul do país destacam-se as linhagens maternas de origem europeia, embora a diferença em relação às outras regiões seja menor. Cerca de 55% da ancestralidade materna é representada pelos haplogrupos mais comuns na Europa. Em seguida, as linhagens da América e da Ásia compõem 26%, enquanto a linhagem africana representa 11%, e outras origens equivalem a quase 7%.
Sobre a Genera
Criada por Ricardo di Lazzaro e André Chinchio, a Genera é o primeiro laboratório brasileiro especializado em genômica pessoal que realiza testes de ancestralidade, saúde e bem-estar no Brasil e que atua no mercado desde 2010 com foco em inovação. Por meio de uma técnica chamada microarray, a Genera faz uma ampla leitura do DNA de cada pessoa, com o objetivo de oferecer caminhos mais acessíveis para o autoconhecimento e que auxiliam na busca por uma vida mais saudável. Com um crescimento significativo no Brasil, o laboratório ampliou suas atividades para Argentina, Uruguai e Chile. Em 2020, Ricardo di Lazzaro foi um dos nomes premiados no “Inovadores com menos de 35 anos na América Latina 2020”, prêmio que consiste em recompensar os 35 jovens mais inovadores com menos de 35 anos de idade da América Latina, promovido pela MIT Technology Review, edição em espanhol da revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
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