Brasil vence pela primeira vez Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza

Brasil vence pela primeira vez Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza

Pela primeira vez o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza. A premiação foi anunciada no último sábado, 20,  foi conquistada pela exposição “Terra”. A curadoria é de Gabriela de Matos e Paulo Tavares, da Fundação Bienal de São Paulo.

Segundo os curadores, a exposição vitoriosa é uma proposta para se repensar o passado para assim projetar futuros possíveis, destacando atores esquecidos pelos modelos arquitetônicos. Ou seja, uma reflexão sobre o passado, presente e futuro do Brasil com foco na terra como centro de discussão. Tanto do ponto de vista do elemento poético quanto concreto no espaço da exposição.

Ainda segundo eles, a mostra reúne o que várias pesquisas científicas têm comprovado: as terras indígenas e quilombolas são os territórios mais preservados no Brasil. Por isso, as práticas, tecnologias e costumes relacionados à gestão e produção da terra, como outras formas de fazer e compreender a arquitetura, estão situados na terra. E carregam consigo o conhecimento ancestral para ressignificar o presente e vislumbrar um outro futuro.

Saberes indígenas e afro-brasileiros na Bienal de Veneza

A primeira galeria do pavilhão recebe o nome de De-colonizando o Cânone, com objetivo, entre outros, de questionar a narrativa que Brasília foi construída em meio ao nada, ignorando o fato de que os indígenas e quilombolas que habitavam o local. E que já haviam sido expulsos da região desde o período colonial e finalmente sido empurrados para as periferias com a imposição da cidade modernista.

A segunda galeria do pavilhão é chamada Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro, que começa com a projeção do vídeo O Sacudimento da Casa da Torre e o Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée, de Ayrson Heráclito. A ideia é a de destacar a importância da ancestralidade e arqueologia da memória. A galeria reune projetos e práticas socioespaciais dos saberes indígenas e afro-brasileiros sobre a terra e o território. Para isso utiliza como referências a Casa da Tia Ciata, no contexto urbano da Pequena África no Rio de Janeiro; a Tava, como os Guarani chamam as ruínas das missões jesuítas no Rio Grande do Sul; e o complexo etnogeográfico de terreiros em Salvador. E também os Sistemas Agroflorestais do Rio Negro na Amazônia; e a Cachoeira do Iauaretê dos Tukano, Arawak e Maku.

Povos originários e negros na arquitetura do Brasil

“Quero parabenizar a Gabriela de Matos e Paulo Tavares pela vitória na Bienal mais importante do mundo. Eles trouxeram uma temática interessantíssima, instigante e necessária que é a influência dos povos originários e do povo negro na arquitetura do Brasil e todo mundo estava falando muito bem sobre o trabalho desses dois jovens arquitetos.

Ministra da Cultura compareceu

A arquitetura brasileira prova, mais uma vez, que é um vetor de projeção internacional do país”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que foi a Veneza, representando o governo brasileiro. Ela discursou na abertura do Pavilhão. A mostra brasileira contou com incentivo do Ministério (MINC) que investiu R$ 1,5 milhão.

Segundo a Fundação Bienal de São Paulo, a mostra brasileira contou com a participação de diversos colaboradores, incluindo povos indígenas Mbya-Guarani, Tukano, Arawak e Maku; tecelãs do Alaká (Ilê Axé Opô Afonjá), Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca do Engenho Velho); Ana Flávia Magalhães Pinto; Ayrson Heráclito; Day Rodrigues com colaboração de Vilma Patrícia Santana Silva (Grupo Etnicidades FAU-UFBA); coletivo Fissura; Juliana Vicente; Thierry Oussou e Vídeo nas Aldeias.

Confira as imagens!

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