Ministério Público do Trabalho vê aumento de denuncias de coação eleitoral de empresas
Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) estão monitorando denúncias de coação eleitoral a funcionários de empresas.
O MPT ainda não tem um levantamento nacional das denúncias que recebeu, mas verificou um aumento nos casos desde o primeiro turno das eleições.
Casos de denúncias de coação eleitoral estão sendo registrados em diversos lugares do país. Logo após o primeiro turno, circularam memorandos de empresas afirmando que se este resultado – com Lula à frente – se confirmar, reduzirão o orçamento para o próximo ano, o que vai acarretar em novo planejamento, com corte de pessoal.
CASOS
Tocantis
Ainda durante o primeiro turno, o MPT propôs ação civil pública contra o pecuarista Cyro de Toledo Junior, do Tocantins, por assédio eleitoral a 20 empregados da empresa dele. Ele prometia um pagamento de um 15º salário, caso Bolsonaro fosse eleito, e dizia que se isso ocorresse no primeiro turno, pagaria um 16º salário.
Bahia
Ainda no primeiro turno das eleições, na Bahia, a empresária, socialite e latifundiária Roseli D’Agostini Lins gravou um vídeo para as redes sociais onde pede que agricultores “demitam sem dó” seus funcionários que declararem voto no ex-presidente Lula (PT) para presidente da República nas eleições deste ano. Roseli é apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Bahia. “Eu queria falar algo para os nossos agricultores. Façam um levantamento, quem vai votar no Lula, demitam, e demitam sem dó. Porque não é uma questão de política, é uma questão de sobrevivência. E você que trabalha com agro e que defende o Lula, faça um favor, saia também”, afirmou a empresária, em vídeo publicado na última quarta-feira (31). Após a repercussão, ela privou o perfil no instagram apenas para seguidores. De acordo com o jornal Estado de Minas, Roseli também aborda a disputa ao governo na Bahia este ano. Ela cita o candidato ao Governo do Estado, ACM Neto (UB), em meio às críticas e ao pedido de demissão, reafirmando que o pleito se trata de uma “questão de sobrevivência”. “Vamos atacar gente, não tem outro jeito não. O que que nós vamos fazer? Tem gente defendendo o agro e votando no Lula, votando no ACM Neto. O que que nós queremos do nosso país? Que continue do jeito que está? Eu estou indignada, eu estou indignada. Nós agricultores temos que tomar posição, e não venha me dizer ‘a não, tem que, direito’, não é direito, é questão de sobrevivência”, completou. Ela foi denunciada e teve que assinar um TAC, com o MPT e foi obrigada a gravar um video em suas redes sociais pedindo desculpas.
Pará
Em vídeo que circula nas redes sociais nesta terça-feira, 4 de outubro, o empresário Maurício Lopes Fernandes Júnior, coage seus funcionários a aceitar dinheiro em troca de votos, em São Miguel do Guamá, nordeste do Pará. O Ministério Público instaurou inquérito sobre o caso. Ele atua no ramo de cerâmicas, aparece reunido aos seus empregados, no pátio de um dos seus estabelecimentos. O patrão fala aos trabalhadores “que se o candidato Lula for eleito, as empresas vão fechar e as três indústrias cerâmicas de sua propriedade vão junto”.
“Eu sei que nem todo mundo é Lula aqui. Não sei se tá dividido metade com metade. Só sei que a gente tem que se unir para que Lula não ganhe. Sabe por quê? Porque se Lula ganhar, vocês podem ter certeza que mais da metade das cerâmicas de São Miguel vai fechar. Eu sou um que se ele ganhar, eu vou fechar as três cerâmicas que eu tenho porque ninguém vai aguentar o pepino que vem”, ameaça o empresário.
Sergipe
A empresário do agronegócio Helaine Casali, público na sua conta do Instagram o seguinte texto: Corrente do Bem, acabei dispensar massagista, personal, professora particular dos meus filhos, professora de ioga…a galera toda! Mandei a mesma mensagem: “Gente, mil desculpas! Preciso segurar os custos. Infelizmente com o Lula no poder, não poso dar continuidade ao seu serviço. Se ele perder, voltaremos a programação normal! “votaram no PT? Se virem!
COMO DENUNCIAR?
Se você tem acesso a algum tipo de acontecimento desses enviei denuncia para o www.prt4.mpt.mp.br. Saiba
O sistema de denúncia online é a forma mais rápida e completa de fazer denúncias ao Ministério do Trabalho. Com uma ferramenta virtual, é possível anexar provas da irregularidade denunciada, como áudios e fotografias. A denúncia segue para distribuição e avaliação pelo procurador do Trabalho que conduzirá a apuração do caso. O formulário online de denúncia pode ser acessado pelo site www.prt4.mpt.mp.br e também pelo Facebook do MPT, na aba “Denúncias online”. Preencha a tela “Dados dos denunciantes” com os seus dados. Mesmo que peça sigilo na próxima tela, complete o máximo de campos. Mais de uma pessoa pode formalizar a denúncia, clicando em “Acrescentar denunciante”. Na tela de informações complementares, o denunciante pode optar pelo sigilo de sua denúncia e indicar dados importantes para a investigação, como a existência de agressão a direitos de idosos, crianças, adolescentes e trabalhadores com deficiência.
LEIA TAMBÉM:
Deixe um comentário