Cartão de crédito soma 30% das dívidas das famílias brasileiras, diz Banco Central
O cartão de crédito acumula 30% das dívidas das famílias brasileiras com bancos e instituições financeiras, segundo levantamento divulgado pelo Banco Central (BC) na última quarta-feira, 5 de outubro. O estudo realizado em 2021 diz ainda que 65 milhões de pessoas fizeram 200 milhões de transações por meio do cartão. Hoje é possível pagar tudo pelo cartão de crédito e seu uso se tornou popular no Brasil.
O estudo foi parte de uma tentativa do BC de investigar a aceitação do consumidor a novos leiautes da fatura do cartão. O resultado mostrou que os correntistas que viram os contas com o leiaute novo compreenderam melhor os dados e ficaram mais bem informados.
“Vale ressaltar que, de modo geral, em todos os grupos, o percentual de acerto [das questões apresentadas] foi baixo, e alguns respondentes não acertaram nenhuma questão”, destacou.
O impacto é ainda mais positivo em consumidores de menor escolaridade. “Também foi observada uma forte influência na decisão de pagamento ao inserir um valor pré-preenchido maior na tela de pagamento da fatura. Isso demonstra que, por mecanismos de ancoragem ou escolha padrão, em geral, o valor que aparece nessa caixa de resposta no momento do pagamento influencia a decisão de pagamento do consumidor”, concluiu.
O teste era feito com pessoas que foram submetidas a diferentes tipos de faturas. Eles tiveram que responder um questionário sobre as contas após a exposição.
“Apesar da conveniência do uso do cartão como meio de pagamento, sua utilização desatenta pode custar caro ao usuário – por exemplo, quando ele deixa de pagar o valor integral da fatura e, consequentemente, toma o crédito rotativo ou utiliza a opção de parcelamento. Com taxas de juros médias anuais superiores a 300%, essas modalidades de crédito são as mais caras do país e são utilizadas principalmente por pessoas com renda inferior a dois salários mínimos”, disse o documento.
TAXAS ABUSIVAS DO ROTATIVO
O nível de escolaridade baixo da população, somado à precária educação financeira da maioria fazem com que o correntista utilize mal o crédito rotativo ou o parcelamento, gerando mais endividamento. Como os juros são estratosféricos, a taxa de juros do cartão de crédito rotativo para o chamado cliente regular, que paga o mínimo de 15% da fatura dentro do prazo regular, variou de 295,1% ao ano em fevereiro para 306,2% em março, o endividamento é certo. Em agosto bateu os 398%, o maior dos últimos cinco anos.
“Nesse sentido, a simplificação das faturas de cartão de crédito é vislumbrada como possível facilitador para melhorar o perfil de uso desse instrumento. Em um experimento de laboratório conduzido no México, encontraram que a simplificação no leiaute de faturas de cartão de crédito aumentou em cerca de 20% o conhecimento dos consumidores, medido pelo número de acertos em um questionário sobre a fatura”, ressaltou.
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