Como diferenciar Covid da gripe comum, apesar dos sintomas cada vez mais parecidos
Identificar os sintomas da Covid está se tornando quase impossível, pois o resfriado é uma doença que pode surgir de outras causas e por outros vírus respiratórios. Mas, em meio a mais um forte surto no país e em várias partes do mundo.
Fazer o teste, seja PCR com resultado em 24 horas, o instantâneo, ou o mesmo o de farmácia, ainda é o melhor caminho para cuidar da saúde e evitar contaminar outras pessoas.
Especialistas alertam que as taxas de infecção continuam muito altas entre a população e que, embora as vacinas impeçam o desenvolvimento de um quadro grave de Covid entre os imunizados, as pessoas mais vulneráveis, como os maiores de 65 anos ou imunossuprimidos, continuam em risco.
Mas, como é possível distinguir os sintomas da Covid com o de uma gripe comum?
A resposta é: não é possível. A única maneira de descobrir é fazendo um teste. Embora, segundo especialistas, se você está sofrendo atualmente com algum desses sintomas, é mais provável que você tenha o coronavírus.
“Neste momento, vemos mais tosse seca e menos problemas de anosmia (perda do olfato), embora também haja casos. Da mesma forma, pode causar desde muco no nariz e algo mais parecido com um resfriado muito forte com febre, muita fraqueza, mal-estar em geral, cansaço e dor de cabeça. Varia muito de pessoa para pessoa”, acrescenta.
Em geral, a Covid desenvolve um quadro típico de vírus respiratórios, com alguma peculiaridade em alguns casos, principalmente quando os pacientes desenvolvem problemas de perda de paladar ou olfato. Mas esses sintomas estão presentes apenas entre 20 e 25% dos casos de Covid atualmente, segundo Peiró.
“(A Covid) é indistinguível de qualquer outro quadro de vírus respiratório. Na verdade, se não fossem feitos os testes de antígeno ou PCR, não saberíamos de que vírus se trata. Em alguns casos, há diarreia, que às vezes também aparece na gripe. Mas, em geral, neste momento, se houver um quadro respiratório, o mais lógico é pensar que se trata de Covid“.
Segundo o especialista, a grande maioria das pessoas que está infectada com Covid nem sequer sabe ou só se dá conta quando vai ao hospital fazer uma cirurgia programada.
O especialista destaca que a gripe não é inofensiva, por mais que às vezes pensemos que seja.
“A Covid também não é, especialmente em pessoas mais velhas ou mais vulneráveis. Para os muito jovens, provavelmente como na gripe, os riscos são muito baixos. Mas os mais velhos não devem encará-la como algo banal”, alerta.
“Além disso, deve-se levar em conta que o número de infectados é tão grande que, embora os casos graves, em proporção aos que existem, não sejam muitos, quando há tantas infecções, acaba havendo muitos casos graves. Que são aqueles que vemos nos hospitais e nas unidades de terapia intensiva (UTI). Embora a doença seja menos grave, há muitos infectados e muitas pessoas que precisam de hospitalização”.
Dessa forma, os mais vulneráveis devem continuar se protegendo, como acontece com a gripe. “A gripe mata os vulneráveis, não mata as pessoas saudáveis. A gripe é essencialmente um problema dos doentes crônicos e dos maiores de 65 anos. Por isso, essas populações são vacinadas. “Quando todo esse esforço de comunicação foi feito para tentar “gripalizar” a Covid, a ideia era passar a mesma mensagem: que só temos que nos preocupar com os mais vulneráveis, porque são eles que continuarão em risco mesmo sendo vacinados. São aqueles que atualmente estão morrendo nos hospitais”, assinala Basset.
Vacinação ainda é a chave
Embora os casos que vemos agora sejam predominantemente benignos, de vias respiratórias superiores, nada grave e com sintomas semelhantes aos da gripe ou resfriado, isso se deve não apenas às novas variantes do vírus, mas também às vacinas, explicam os especialistas.
“O vírus agora é muito benigno, mas porque estamos vacinados. O vírus também mudou, mas podemos ficar mais tranquilos porque, ao estar vacinados, já não vemos casos tão graves ao nosso redor”, diz Bassat.
“O cerne da questão não é se a Covid se parece ou não com a gripe. Todas as variantes são diferentes das outras. O cerne é que estamos vacinados. É isso que muda a perspectiva. Qualquer uma das novas variantes pode causar um quadro grave entre os não vacinados. Há uma porcentagem muito alta da população vacinada e por isso parece ser benigna.”
A Covid vai continuar em mutação e continuaremos registrando ondas dessa doença, pelo menos durante um tempo.
“Estamos tendo cada vez mais reinfecções. As novas variantes escapam facilmente da imunidade que a Covid deixou com outra variante. Isso significa que as ondas não vão baixar”, diz Peiró.
Em princípio, os especialistas esperam que as novas variantes não sejam mais graves, mas é difícil saber.
“Podem existir variantes graves, embora se acredite que sejam menos graves. Em grande parte porque a população vai estar cada vez mais infectada, terá imunidade por ter tido Covid ou por ter duas, três ou quatro doses da vacina.
“No entanto, não há uma regra que diz que as variantes estão se tornando menos graves. Há uma regra que diz que estamos cada vez mais imunizados. A população está muito mais protegida”, diz Peiró.
“As vacinas continuam funcionando espetacularmente bem para evitar os quadros graves de covid, entre 85% e 90%, conforme diferentes estudos. Isso acaba por evitar a evolução grave do quadro e que as pessoas acabem no hospital”, acrescenta o especialista.
Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62261216
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