Petrobrás em crise: presidente José Mauro Coelho renuncia ao cargo
José Mauro Coelho não é mais presidente da Petrobras. A estatal anunciou sua renúncia em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 20. A Petrobras anunciou também a nomeação de um presidente interino: Fernando Borges, diretor-executivo de Exploração e Produção da empresa.
Ex-secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Coelho assumiu a presidência da Petrobras em 14 de abril deste ano, em assembleia de acionistas da estatal, e foi demitido no dia 23 de maio. A saída do cargo abre caminho para que o novo indicado pelo governo, Caio de Paes Andrade tenha sua posse acelerada.
Coelho havia sido eleito para o cargo após descontentamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) com a atuação do general da reserva Joaquim Silva e Luna na presidência da empresa, que teve de subir fortemente os valores dos combustíveis nas refinarias para acompanhar a escalada do petróleo na esteira da guerra da Ucrânia.
Pessoa de confiança do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Coelho foi secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do ministério entre março e 2020 e outubro de 2021. Ele também foi diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), atuou na Agência Nacional do Petróleo (ANP) por 15 anos e é ex-oficial de Artilharia do Exército.
O cargo de José Mauro já havia sido ocupado por outras duas pessoas durante o governo Bolsonaro: Roberto Castello Branco, demitido em fevereiro de 2021 depois de escalada do preço de combustíveis, e o já citado Joaquim Silva e Luna, que permaneceu na presidência da Petrobras até abril deste ano – também pela insatisfação do governo com os valores dos combustíveis.
Aumento seguido dos combustíveis e queda na popularidade do Governo Bolsonaro
O aumento constante dos preços dos combustíveis, que só este ano foram seis subidas, deixando os donos de carros, caminhoneiros assustados.
No último dia 5, o brasileiro foi mais uma vez surpreendido com novo aumento no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobrás. O sexto reajuste este ano. A estatal aumentou de uma só vez os preços da gasolina, diesel e do GLP (gás de cozinha) para as distribuidoras.
No caso da gasolina, o preço médio por litro subiu de R$ 2,53 para R$ 2,69, um acréscimo de 6,32%. Desde janeiro, acumula um aumento de 46%. No diesel, o avanço foi 3,69%, pulando de R$ 2,71 para R$ 2,81 em média por litro. A alta acumulada é de 39%.
Até chegar ao consumidor final, os preços cobrados nas refinarias da Petrobras são acrescidos de impostos, custos para a mistura obrigatória de biocombustível, margem de lucro de distribuidoras e revendedoras e outros custos.
O valor dos combustíveis no Brasil e a política de reajustes adotada pela Petrobras tem despertado reações na sociedade, pois os preços da gasolina, do diesel, do GLP e do etanol têm grande impacto na economia real e na vida das pessoas, além de ser importante componente das cestas de preços que integram os índices de inflação como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Em dezembro de 2020, o preço do barril estava aproximadamente em US$ 50, mas dias antes do anúncio do novo reajuste, as cotações internacionais do petróleo dispararam, levando o Brent, referência internacional negociada em Londres, a superar a barreira dos US$ 75 por barril pela primeira vez desde 2018. No dia 2 deste mês, a cotação estava em US$ 76,17.
Preço do barril em dólar
- Dezembro de 2020 US$ 50
- 2 de julho de 2021 US$ 76,71
Oliveira explica que como o barril de petróleo é comercializado em dólar, mas a Petrobras é empresa brasileira e que, portanto, tem lucro em reais, ela converte os custos para a moeda brasileira.
“Quanto maior o custo da Petrobras maior será o preço da gasolina, para preservar o lucro. Pelo menos duas coisas afetam positivamente o custo: o preço do barril em dólar e a taxa de câmbio. Se o preço do dólar no Brasil sobe, você precisa de mais reais para comprar um dólar. No momento, a taxa de câmbio está caindo, mas o preço em dólar do barril está subindo mais que proporcionalmente”, esclareceu o professor.
Preço do barril x taxa de câmbio
Segundo o professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Guilherme de Oliveira, as cotações internacionais do petróleo influenciam diretamente no reajuste dos combustíveis no país.
Auditoria na estatal
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